[Câncer de Tireoide] A.R.

Aprendendo com Você

• Essa entrevista foi preenchida em 30/04/2025

• Instituto Oncoguia - Comece fazendo uma breve apresentação sobre você? idade, profissão, se tem filhos, casadoa, onde você mora... A.R. - Tenho 26 anos, sou estudante de Psicologia e moro em João Pessoa.
• Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? A.R. -

  Descobri em abril de 2024. Percebi um nódulo no meu pescoço, mas, na época, negligenciei isso e decidi não dar atenção. Até que minha asma começou a piorar e o nódulo estava cada vez maior. Então, em julho, procurei uma endocrinologista, e foi quando tive a confirmação, em agosto — mas ainda sem conseguir identificar o tipo, que só foi revelado em abril deste ano, quando fiz a cirurgia.

• Instituto Oncoguia - Você enfrentou dificuldades para fechar o seu diagnóstico? Se sim, quais? A.R. -

  No início, minha biópsia não conseguiu identificar o tipo de câncer, o que dificultou um pouco. Porém, o nódulo cresceu bastante e apresentou a primeira metástase, que foi identificada em um ultrassom. Na época, enfrentei muitas burocracias com o convênio, o que atrasou minha cirurgia em seis meses. Com isso, tive um inchaço muito grande, comecei a sentir dores ósseas e muitos formigamentos. Sempre que eu falava sobre isso, era ignorada.

• Instituto Oncoguia - Como você ficou diante do diagnóstico? Quer nos contar o que sentiu, o que pensou? A.R. -

  Todo mundo me falava que era um “câncer bom”, mas eu não me sentia assim. Parecia que eu tinha levado um soco no estômago e não conseguia mais lidar com nada. As pessoas estão ali quando tudo está fácil, mas, nesses momentos, muitas vão embora. Então tive que enfrentar a solidão de não poder falar nada com ninguém. Minha saúde mental já estava debilitada, e eu entrei em uma depressão profunda. Não conseguia nem sair de casa sem pensar em tudo que estava acontecendo.

• Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? A.R. - Minha maior preocupação era “e se ele se espalhar mais?” Será que as pessoas ainda diminuiriam minha trajetória e minha dor? Cada caso é um caso e ninguém sabe o que vai acontecer, o câncer só tem um intuito no nosso corpo e eu não sabia até onde ele iria. Em 1 ano ele cresceu e se espalhou por 11 linfonodos que foram encontrados até então, o medo ainda ta aqui.
• Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? A.R. -

  Fiz a cirurgia e, como falei, foram retirados 40 linfonodos e, desses, 11 apresentavam metástases. Também foram retiradas minha tireoide e duas paratireoides. Estou me adaptando aos medicamentos por enquanto. A cirurgia é recente e apresentei sequelas no nervo acessório, o que me impede de fazer alguns movimentos. Sinto dores todos os dias e ainda não sei quais serão os próximos passos.

• Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é/foi o tratamento mais difícil? Por quê? A.R. - Por enquanto só fiz a cirurgia, mas a recuperação está sendo extremamente complexa. 
• Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral do tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? A.R. - Tive uma lesão no nervo acessorio, com isso não consigo levantar o braço e movimentar o pescoço para lado direito, o que gera muitas dores.
• Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? A.R. -

  No início, eu não gostava muito dele. Ele é tanto meu cirurgião quanto meu oncologista. Mas, depois, ele me ajudou bastante e, no dia seguinte à cirurgia, estava lá e me explicou tudo perfeitamente.

• Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? A.R. - No início com a endocrinologista, ela foi um anjo e agilizou tudo para tentar fazer com que a cirurgia fosse realizada com urgência. 
• Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? A.R. -

  Hoje, eu ainda estou no caminho e nem sei o que me espera. Ainda sinto dores, tanto físicas quanto emocionais. Tenho uma cicatriz imensa que nunca vai me deixar esquecer o quanto foi difícil e o quanto ainda está sendo.

• Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? A.R. - Precisei parar tudo, pois não conseguia conciliar com os exames e consultas.
• Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? A.R. -

  Às vezes, a gente vai sentir vontade de jogar a toalha e desistir de tudo. Mas cada passo que damos em direção à cura é uma vitória e um renascimento. O câncer não é nosso amigo, mas ele não pode ter força para destruir quem somos.

• Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! A.R. -

  Cumprir nossos direitos é essencial. Mesmo em convênios, muitos casos são negligenciados e chegam a estágios gravíssimos por não receberem atendimento no momento em que precisam. E, se isso ocorre no convênio, imagine nos sistemas públicos, onde pessoas morrem em filas por não receberem o básico: cuidado.