[] [CÂNCER DE TIREOIDE] Jeane Holanda De Freitas

Aprendendo com Você

• Essa entrevista foi preenchida em 30/01/2015

• Jeane, diagnosticada com câncer de tireoide, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.
  
  Leia abaixo a história de Jeane.                    
  
  Meu nome é Jeane, tenho 37 anos, há um mês moro em Florianópolis, Santa Catarina, antes morava em São Paulo capital. Eu gosto de cozinhar, ler e viajar. Sou casada e tenho dois filhos.Tenho câncer papilar de tireoide.
  
  Descobri meu câncer devido uma intensa queda de cabelo, minha ginecologista pediu um ultrassom de tireoide que apresentou uns nódulos suspeitos, a mesma me encaminhou para um cirurgião de cabeça e pescoço que me pediu uma punção aspirativa, ao qual o resultado foi benigno e diagnosticado "tireoide ectópica”. Fiz a tireoidectomia total com esvaziamento cervical radical, pois tinha um linfonodo suspeito de malignidade, mas no momento do congelamento o resultado também foi benigno e também para os outros nódulos, saí do hospital muito feliz. Após uma semana de cirurgia retornei ao médico e para a minha surpresa no anatomopatológico acusou dois micros carcinoma na tireoide com extensão extratireoidiana e os outros nódulos benignos. Fiquei sem chão, pois o médico me pediu para passar com um médico da medicina nuclear para tomar uma dose de iodo, ele não me deu mais nenhuma informação.
  
  Minha maior preocupação no momento era saber o estagio da minha doença, pois antes da cirurgia o médico dizia que era tudo muito simples, era operar e cuidar da cicatriz, mero engano, quando tomei as injeções de thyrogen e fiz os exames de sangue minha tireoglobulina foi para mais de dois mil,o que significa muita doença remanescente ou metástase a distância, então o médico da medicina nuclear resolveu aumentar a dose de iodo. Eu não senti nada, os dias que fiquei no hospital foram tranquilos. Voltei para casa e fiquei mais uns dias sem contato com ninguém.
  
  Eu sempre mantinha pensamento positivo de que o iodo pudesse matar todas as células malignas. Ao retornar para fazer a pesquisa de corpo inteiro pós dose outra surpresa, meu câncer se espalhou para o pulmão, o médico pediu uma tomografia do pulmão e lá estava um nódulo de meio centímetro e outros focos menores, ele pediu para que eu retornasse com meu cirurgião falando de uma possível cirurgia no pescoço, pois aparecia muitos focos (possíveis linfonodos com metástases).
  
  O mais difícil para mim foi a reação do médico dizendo que estava perdido com o meu caso que provavelmente não tinha cura e que até pudesse morrer em um, dois ou dez anos, saí desolada, procurei uma oncologista que aumentou minha dose de hormônio e pediu para aguardar o efeito do iodo, já tem 3 meses que tomei o iodo e minha tireoglobulina caiu para 1,2, caso não zere ela pensa em me dar uma dose a mais de iodo e por enquanto não fazer outra cirurgia.
  
  Eu não procurei nutricionista e nem acompanhamento psicológico ainda, pois decidi sair de São Paulo para ter uma qualidade de vida melhor, aqui já comecei minha horta, minha alimentação é mais saudável. Minha vida agora se resume em viver o presente sem planejar o futuro, desejo muito ver meus filhos crescerem e ver meus netos.
  
  Eu acredito que os médicos que dão um diagnóstico para alguém que está com câncer deveria ter um acompanhamento psicológico, pois eles não sabem o quanto nos tiram a esperança, um especialista de cabeça e pescoço não está preparado para lidar com o psicológico de um paciente com câncer assim como um oncologista.
  
  Até hoje não entendo como um laboratório e um hospital renomado pode falhar na punção aspirativa, no congelamento e no meu anatomopatológico, o hospital Albert Einstein só pediu a revisão do meu anatomopatológico depois que a pesquisa de corpo inteiro acusou metástase no pulmão e de micro carcinoma e tireoide ectópica mudou para carcinoma papilar. Eu sinceramente entreguei minha cura nas mãos de Deus e que seja feita a sua vontade.
  
  Sempre busco informação na internet e procuro conversar com pessoas que tiveram o mesmo câncer que eu, mas nenhum caso teve metástase no pulmão.
  
  Eu conheci o Oncoguia procurando casos semelhantes ao meu. Espero que vocês possam continuar levando informação para os que precisam lutar por essa doença, sei que cada caso é um caso, o medo do desconhecido é inevitável e quando nos deparamos com alguém que se encontra na mesma situação vemos que não somos os únicos com dúvidas e receios.
  
  Eu não acredito nos políticos brasileiros, nosso país tem muita riqueza, mas enquanto estiver concentrada nas mãos de mesquinhos não será possível melhorar a saúde, educação, etc, etc.. continuaremos recebendo esse tipo de tratamento médico, sem contar no "pré conceito" que a sociedade tem para com os que tem câncer, enfim temos muito que melhorar como seres humanos.