Psicoterapia é aliada durante o tratamento do câncer

“Em um dia, você está fazendo planos de viagem para o exterior, no outro, recebe o diagnóstico de um câncer”, relembra a advogada Cíntia Martins, de 39 anos, que descobriu um câncer de mama no final de 2022 e ainda segue em tratamento. 

O diagnóstico de um câncer, por mais resiliente que a pessoa seja, mexe com as estruturas psíquicas de qualquer um. Porque a partir desse momento, o indivíduo vai ter que lidar diretamente com uma gama de emoções, como medo, ansiedade, vergonha, culpa, raiva, além de se deparar com questões espinhosas como: “será que eu vou morrer?”.

Paralelamente, o paciente é submetido a uma série de exames, muitas vezes invasivos,  para saber o estadiamento da doença, se houve metástase ou não e entender as características do tumor para, então, iniciar o tratamento o mais breve possível. 

Sua rotina é drasticamente alterada e ele passa a receber informações, que nem sempre verdadeiras, sobre a doença de todos os lugares possíveis, inclusive de amigos, familiares e da internet, o que aumenta ainda mais o sentimento de angústia e ansiedade. 

Psicoterapia e oncologia

Nessas horas, para minimizar o impacto psicológico decorrente da doença e do tratamento em si, o atendimento psicológico se torna peça fundamental. 

Apesar de a grande maioria dos hospitais privados e dos serviços especializados em oncologia oferecer atendimento psicológico, nem sempre o paciente se sente à vontade para buscar esse tipo de ajuda, por conta dos próprios receios.

“Muitos pacientes ainda sentem que devem passar por tudo isso sozinhos, para não preocuparem os familiares. Precisam ser fortes e não devem falar o que estão sentindo. Só que não precisa ser assim, tão sofrido. A ideia é olhar para essas inseguranças e incertezas e dar um novo sentido pra isso tudo”, explica a psicóloga Gabriela Gatrão, do A.C Camargo Cancer Center, em São Paulo. 

Cíntia percebeu que não daria conta de tudo, quando o médico começou a falar que ela tinha um dos subtipos mais agressivos de câncer de mama, o HER 2+. Depois que voltou para casa, se trancou no quarto e ficou horas procurando informações sobre a doença na internet. 

“Aquilo me deixou num nível de ansiedade tão absurdo, que não conseguia parar de chorar. Mas, ao mesmo tempo, sabia que precisava enfrentar, não tinha jeito. O médico me indicou acompanhamento psicológico, que iniciei antes de começar o tratamento [oncológico], o que me ajudou a lidar com esses sentimentos. Mudei meu foco, e agora só penso no aqui e agora. É o que eu tenho no momento”, reflete a advogada.

Adesão ao tratamento

O maior desafio dos psicólogos é fazer com que os pacientes e familiares desmontem algumas ideias em relação ao câncer, principalmente sua relação direta com a morte, que não é mais o prognóstico mais comum atualmente.

Quanto mais informado o paciente estiver sobre sua doença, maior será a sua capacidade de enfrentar o tratamento e a própria doença. 

“É um dos primeiros estigmas que a gente tenta desconstruir com o paciente. O tratamento do câncer evoluiu muito, estão mais avançados e com um percentual de cura maior”, explica a psicóloga. 

Papel da família

Na maioria das vezes, a atuação do psicólogo não se restringe somente ao paciente oncológico. É preciso ouvir os familiares mais próximos também, que muitas vezes ficam perdidos e não sabem como ajudar, o que pode gerar um distanciamento social e prejuízo nas relações. 

“Meu marido, no início, não queria demonstrar qualquer sinal de fraqueza e procurava evitar falar dos temas mais difíceis do meu tratamento. Me incentivava, ia em todas as consultas, mas dava pra ver que ele estava sofrendo muito. Até que teve um dia que ele começou a ter uma crise de choro, enquanto lavava louça. A gente sentou, conversou e ele decidiu passar pela psicóloga do hospital também”, diz Cíntia. 

Enfrentando a doença

Embora o psiquiatra ou o psicólogo não consigam tratar nem curar o câncer do paciente, consultar um especialista em psico-oncologia pode fornecer um local seguro para expressar preocupações, já que é absolutamente normal sentir-se instável nesse período. Haverá dias ruins, mas também haverá dias bons. 

“Buscamos fortalecer os recursos de enfrentamento que o paciente já tem, seja se apoiando na família, nos amigos, na espiritualidade. E isso faz uma diferença enorme no tratamento”, finaliza a psicóloga. 

Fonte: Portal Drauzio Varella


 

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