Dia da Mulher: ‘Nunca pensei que um câncer poderia me levar à menopausa aos 25 anos’, diz influenciadora
Foto: Arquivo pessoal/Instagram
"Minha história com a menopausa precoce começou de forma secundária. Quando tinha 24 anos, descobri um câncer, uma leucemia mieloide aguda. Foi inesperado, estava tendo quadros recorrentes de sinusite, me sentindo mais fraca, e então recebi o diagnóstico. De imediato, comecei o tratamento com as quimioterapias e recebi o encaminhamento para o transplante de medula óssea, que fiz ainda no fim de 2019. Em nenhum momento passou pela minha cabeça que os efeitos colaterais e as sequelas do tratamento de um câncer poderiam me levar a entrar na menopausa.
Quando falamos de câncer, o que vem é aquela imagem meio de novela, do cabelo raspado, da pessoa mais frágil, acamada. Mas nunca pensamos muito no pós, eu achava que minha vida voltaria completamente ao normal. Mas para fazer o transplante, você precisa receber doses de quimioterapia altíssimas, e os médicos falaram que um efeito possível era ter a menopausa induzida, que poderia ou não ser reversível. Só que eu estava tão concentrada em sobreviver que não pensei muito sobre o assunto.
Até que, logo depois do transplante, conversando com uma amiga que passou pelo mesmo, ouvi ela dizer que a única sequela que ela tinha era não menstruar e que isso já fazia uns três anos. Tomei um susto no momento, liguei desesperada para minha mãe. Ela me tranquilizou, dizendo que não teria como eu ser mãe se não estivesse viva. “O fato de você ter ou não uma dificuldade para engravidar é o de menos”, disse.
Hoje, um dos ovários eu praticamente não tenho, e o outro é muito pequeno. Como comecei o tratamento logo após o diagnóstico, não deu tempo de pensar em congelar os óvulos. A gravidez agora seria quase impossível. Mas existem casos raros, então tomo todos os cuidados. E tenho o sonho de ter um filho. O câncer me levou a refletir muito sobre deixar um legado, durante o tratamento pensava que não poderia morrer sem isso. E acho que filhos são nossos legados. Hoje tem técnicas mais modernas de fertilização e penso muito em adoção. Então como vai vir o meu filho eu não sei, mas ele vai existir.
Quando falamos em menopausa precoce, pensamos logo de cara nesse problema da gravidez, mas são vários os outros sinais que descobri com meu corpo dia após dia. Começou com um calorão que vinha do nada, as alterações de humor, que eram muito recorrentes. E depois, principalmente, a perda da lubrificação, da libido e do tesão aos 25 anos.
No começo, antes de receber o diagnóstico da menopausa, achei esquisito. Mas como estávamos no início da pandemia, na minha cabeça eu não sentia essas vontades normais de uma garota da minha idade porque estava dentro de casa. Até que, quando o cenário começou a melhorar, passei a sair com algumas amigas e percebi que não tinha aquele fogo.
Achava que era porque não me sentia tão bonita, ainda estava com o cabelo crescendo, meu corpo não estava como antes. Até que comecei o acompanhamento pós-câncer, e a ginecologista falou “seus ovários ainda estão muito pequenos, você está na menopausa”. Ela explicou os efeitos, e percebi que, naquela tabela de 10 sintomas, eu gabaritava 11. Foi quando comecei a entender que era uma mulher na menopausa precoce e tinha todos esses efeitos colaterais.
Naquele momento, ainda era pandemia, então eu não tinha relações, não tinha contato com os caras de sair, beijar, sentir vontade. Não sabia ainda que a menopausa iria me afastar tanto da minha juventude, daqueles hormônios naturais da idade. Fui encaminhada para um endocrinologista para fazer reposição hormonal. Com o tratamento, melhorou gradualmente, mas o sexo ainda era algo assustador, porque eu não lubrificava de forma alguma. E não tinha tesão para partir para a segunda página.
Aquilo começou a me apavorar e passei basicamente dois anos e meio sem beijar na boca e três anos sem transar. Toda vez que ia fazer os exames ginecológicos, sentia uma dor assustadora por causa do ressecamento. E pensava “se no exame, que é algo simples, fico assim, imagina numa relação sexual”. Minha ginecologista começou a conversar comigo, dizendo que eu precisava começar a me destravar e tentar ter relações até para melhorar o meu quadro.
Entrei em grupos de pacientes que também passaram pela menopausa precoce, mas as histórias eram tenebrosas. Mulheres contando que não conseguiam mais ter relação sexual com o marido porque era muito ruim, não se sentiam bem, não conseguiam sentir um orgasmo. Para uma menina de 25 anos aquilo foi assustador. Só comecei a me fechar mais, não me sentia pronta. Era um medo tão grande que me sentia como se fosse virgem de novo.
Os grupos ajudam, mas os relatos não devem ser tomados como uma história única, até mesmo o meu. O tratamento oncológico é muito diferente de pessoa para pessoa. É muito bom conversar com pessoas que passam pelo mesmo que você, mas sempre entendendo que cada jornada vai ser diferente.
Trabalhei muito isso com a minha terapeuta e comecei a ajustar as coisas na minha cabeça para entender que eu era jovem, poderia sim ter boas relações e que elas não me definiriam. E que talvez precisasse de uma ajuda para torná-las mais prazerosas. Comecei a me envolver amorosamente com um parceiro que tinha muita paciência. E percebi que esse medo estava muito mais enraizado dentro de mim do que de fato pelas questões físicas. Porque podemos usar lubrificantes, praticar posições diferentes que não causam tanto desconforto. Só que isso precisa ser conversado e para mim era muito duro falar sobre isso com um cara, que imaginava que não teria paciência. Mas foi algo que conversei muito com essa pessoa até me sentir apta e foi uma boa “primeira” relação.
Antes, uma das coisas que eu mais reclamava com minhas amigas é que elas estavam solteiras, tinham uma vida sexual ativa, e eu não conseguia isso justamente porque precisava passar por esse diálogo que me deixava muito assustada. Mas entendi que quando você se abre para conversar e dizer “olha vou precisar de um lubrificante, você talvez vai precisar ir com mais calma, certas posições vão ser desconfortáveis para mim”, é possível relaxar e curtir.
Mas nós precisamos conversar mais sobre o assunto de forma geral. Porque jovens são diagnosticados com câncer cada vez mais cedo, mas também sobrevivem cada vez mais. Só que passam por um tratamento que pode ter efeitos, e não podemos ter vergonha dos nossos corpos, da nossa história, das nossas mudanças.
Hoje, tenho 29 anos e faço reposição hormonal há quatro anos. Tenho uma perda de cálcio muito grande por conta da menopausa, então preciso fazer exames com frequência para avaliar risco de osteoporose e de fratura. E a lubrificação não voltou ao normal. Mas minha vida sexual é bem mais ativa. Sou muito mais feliz, descobri muito mais meu corpo. Não tenho mais tanto aquele medo que tinha antes, fui descobrindo o que me satisfaz. E também não podemos colocar tudo na conta do câncer ou da menopausa. Às vezes, é o cara que não tem aquela química, não deu match. E tudo bem, mas não quer dizer que não vai dar match nunca.
Fonte: O Globo
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