Câncer de colo do útero: entenda doença que pode ser evitada com vacinação

Foto: Canva

Apesar de 90% das mulheres que entram em contato com o vírus do HPV eliminarem ele espontaneamente, o câncer de colo do útero ainda é o terceiro tipo mais diagnosticado entre mulheres no Brasil. Além disso, ele também pode ser evitado através da vacinação, disponível tanto para meninas quanto para meninos.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cada ano entre 2023 e 2025 são esperados 17 mil novos casos diagnosticados no Brasil. Enquanto isso, a cobertura vacinal do HPV segue abaixo do esperado para que a doença seja erradicada do território nacional.

Entre as três maiores cidades da região de Ribeirão Preto (SP), Barretos (SP) é a que possui maior taxa de vacinação. Já Franca (SP) apresenta as menores taxas, tanto entre meninas, de 9 a 14 anos, quanto meninos, de 11 a 14 anos.

Qual a importância da vacinação?

"Março Lilás" é uma campanha que busca conscientizar a população sobre a prevenção e combate ao câncer de colo do útero.

De acordo com o coordenador do Programa de Prevenção de Câncer Ginecológico do Hospital de Amor de Barretos, Julio Possti, é importante que a cobertura vacinal do HPV alcance ou ultrapasse 80% nos municípios para que, daqui 10, 15 anos, haja um bom resultado.

"Se a gente vacina as meninas com 10, 11 anos e a gente sabe que o câncer é mais importante a partir dos 35, 40 anos, nós temos aí uma evolução de 20 anos entre você tomar a vacina e você ter um efeito benéfico dela lá na frente”, explica Possti.

O infectologista e epidemiologista Fernando Bellissimo Rodrigues acrescenta que com uma alta taxa de vacinação é possível quase que eliminar a doença.

“Então a gente pode afirmar que se as coberturas vacinais fossem ótimas, a gente teria não a erradicação, mas há quase eliminação completa dessas doenças na população geral”, conta Bellissimo.

HPV e o câncer

O papilomavírus humano, também conhecido como HPV, pode infectar tanto mulheres quanto homens. Segundo Possti, a principal forma de transmissão do vírus é através de relações sexuais, por isso a importância de utilizar preservativos e, além deles, se vacinar.

Ele também conta que a maioria das pessoas que entra em contato com o vírus, não percebe, já que a infecção costuma ser assintomática e, normalmente, leva de 12 a 24 meses para o organismo elimine o vírus.

"São lesões que ainda não são consideradas câncer, mas que podem virar câncer depois de algum tempo, se não descobertas e não tratadas. Por isso, a importância da prevenção, a importância de após os 25 anos, principalmente, as mulheres começarem a fazer os exames de prevenção para descobrir se tem as lesões precursoras", explica Possti.

Nas mulheres, o principal teste de prevenção é o papanicolau. Além dele, o médico pontua que o SUS implementará os testes moleculares, que são mais sensíveis e, se a paciente está infectada pelo vírus do HPV, é possível identificar qual dos 14 tipos de alto risco está presente.

Já nos homens, o vírus está relacionado a cânceres de pênis, de garganta e de canal anal. “Para os homens, o HPV quando se fala em câncer, ele pode estar associado a câncer de pênis, câncer de garganta, que a gente chama de orofaringe, e câncer de canal anal. Mas o principal tipo de câncer desenvolvido pelo HPV é, sem dúvida, o colo do útero nas mulheres“ explica.

Altas chances de cura

O médico explica que para a maioria das mulheres infectadas com o HPV, diagnosticadas de forma precoce, é possível realizar um tratamento simples com altas chances de cura.

"Quando você só tem lesão precursora, você trata e praticamente 100% das mulheres vão ficar curadas e não vão chegar a desenvolver o câncer. Por isso, a importância do diagnóstico precoce", alerta o médico.
Já para quem recebe o diagnóstico de câncer de colo de útero em um estágio mais avançado, muitas vezes, há chances do tratamento levar à infertilidade.

"A maioria das mulheres que já vem com diagnóstico de câncer de colo do útero não vão poder depois ter filhos, porque elas passam, geralmente, por uma cirurgia que prevê a retirada do útero, dos ovários e das trompas ou elas vão ser submetidas à radioterapia e quimioterapia, o que também induz à infertilidade", explica.

Vacinação

A vacina do HPV foi desenvolvida por pesquisadores australianos em 2006. Desde então, é utilizada em mais de 50 países em programas de imunização por conta da alta eficácia que apresenta.

Segundo o infectologista, a vacina protege contra os tipos de HPV que são, frequentemente, associados ao câncer de colo do útero, de pênis, da boca e da orofaringe. Além de proteger contra outros dois tipos que causam as verrugas genitais.

No Brasil, a vacina foi disponibilizada à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2015. Nesse primeiro momento, ela era recomendada apenas para meninas de 9 a 11 anos e esperava-se proteger os meninos através da imunidade de rebanho.

A partir de 2022, o Programa Nacional de Imunização (PNI) começou a ofertá-la também para os meninos. "O PNI incluiu os meninos para proteger aqueles que fazem sexo com meninos, que não estariam protegidos pela vacinação das meninas", explica o infectologista.

Vacina x infecção

Algumas pessoas acreditam que a vacina pode diminuir o sistema imune, desencadeando em alergias ou outras reações, porém essa não é a realidade, de acordo com o infectologista.

"Não passam de crendices. Claro, toda vacina, todo medicamento, tem efeitos colaterais, mas essa vacina é muito segura e, para a imensa maioria das pessoas, não causa reação absolutamente nenhuma".

O infectologista também pontua que na maioria dos casos, ter contato com um vírus pode gerar uma imunidade melhor. Porém, em relação ao papilomavírus humano, a situação é o contrário.

"Essa vacina protege melhor do que a própria infecção natural. Para a imensa maioria das doenças infecciosas, a exposição ao agente infeccioso produz uma imunidade mais robusta e mais intensa do que a vacina criada contra aquela doença. No HPV, isso é o contrário", explica. 

Fonte: g1

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