Dez anos da vacinação contra o HPV: entenda por que a baixa adesão preocupa os especialistas

Foto: Agência Brasil

Este ano, vai fazer uma década que o Brasil oferece, pelo SUS, a vacina contra o HPV - um vírus sexualmente transmissível. A vacina é aplicada em crianças e adolescentes e é a forma mais eficiente de combater alguns tipos de câncer.

Na Europa, a Escócia conseguiu zerar os casos de câncer de colo de útero relacionados à HPV. Aqui no Brasil, a adesão ainda está bem abaixo do esperado e esse resultado preocupante tem tudo a ver com desinformação.

O vírus do HPV e suas consequências graves

O HPV - Papilomavírus Humano - é um vírus transmitido principalmente pelo sexo.

"Todas as pessoas, ao longo da vida, temos 80% ou mais de chance de se infectar por HPV", destaca a pesquisadora da USP e Instituto do Cânce/SP, Luísa Vila.

A especialista explica porque algumas desenvolvem doenças relacionadas ao vírus, enquanto outras não.

"Isso acontece porque o sistema imune de algumas pessoas reconhece o vírus e elimina de forma mais eficiente que outras pessoas".

Quando isso não acontece, podem aparecer lesões, verrugas, principalmente na região genital. Além disso, o HPV também pode causar tumores no colo do útero, na região anal, no pênis e na garganta.

Vacinação como uma medida crucial na infância

A vacina contra o HPV existe há 10 anos. Ela é distribuída, de graça, para pessoas de 9 a 14 anos e para imunossuprimidos. Mas está sobrando dose nos postos.

"As crianças têm um desempenho melhor no desenvolvimento de uma resposta protetora contra o vírus. O que reforça a importância da vacinação entre os 9 e 14 anos, idade em que a maioria dessas pessoas nessa faixa etária ainda não iniciaram a atividade sexual", destaca o diretor do Instituto Butatan, Ésper Kallas.

A vacina para HPV também está disponível na rede privada para adultos, com custo de cerca de R$ 1 mil a dose. Pode ser tomada inclusive por quem já teve contato com o vírus.

Tabus e educação sexual

A psicóloga e educadora sexual Leiliane Rocha, que mora em Goiás, diz que o fato do vírus ser transmitido principalmente por relações sexuais torna o assunto um grande tabu, inclusive nas escolas. Ela, que é evangélica, também fala na internet sobre o sexualidade em escolas e em igrejas.

“A educação sexual vai ensinar a criança a respeitar o seu corpo, respeitar o corpo do outro. A se amar a amar o outro. Eu sou cristã, eu acredito na abstinência sexual como excelente decisão. Eu ensino assim para os meus filhos, sexo depois do casamento. Porém, mesmo sendo cristã e acreditando, eu não posso ignorar a realidade de jovens adolescentes brasileiros que fazem sexo até 14 anos", completa a psicóloga.

Mitigando desinformação

O Fantástico conversou com algumas pessoas que expressam receio em relação à vacinação contra o HPV. Elas fazem referência a uma notícia que se espalhou em 2014, na primeira campanha, no Brasil, para combater o HPV. Nessa época, só meninas eram vacinadas. Meninos foram incluídos no calendário em 2017.

"Nenhum dos eventos que provocaram diferentes fenômenos, tanto desmaios quanto problemas de caminhar foi associado à vacina", afirma Luísa Vila.

Foi comprovado como notícia falsa, mas até hoje tem gente repassando essa mentira. Grupos antivacina colocam em xeque algo que funciona.

"É uma vacina absolutamente segura. Super bem tolerada, funciona maravilhosamente bem na prevenção de câncer", ressalta o diretor do Instituto Butatan.

Desafios na cobertura vacinal

A cobertura vacinal contra o HPV no Brasil está abaixo dos 80% desejados pelo Ministério da Saúde. A vacina é dada em duas doses. A primeira tem um pouco mais de adesão, mas muita gente não aparece para tomar a segunda, principalmente os meninos.

"Você pode ter a melhor tecnologia do mundo se você não tiver adesão. Se você não tiver campanha, se você não tiver a consciência do benefício que a vacina traz, a tecnologia não cumpre a sua função", afirma a ministra da saúde, Nísia Trindade.

Formas de contágio

Mas, apesar de o contato sexual ser a principal forma de contato, os HPVs também podem ser transmitidos de outras formas.

"Manuseio, brinquedos sexuais, dedos, manipulações, todas essas formas, superfícies contaminadas, podem levar à infecção por HPV", explica a pesquisadora da USP e Instituto do Cânce/SP.

Fonte: Fantástico

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