Há grande disparidade de acesso para população negra e indígena no Brasil, aponta presidente da BMS Foundation

A evolução da tecnologia provocou grandes transformações na sociedade. Uma das principais foi a mudança do eixo de decisão, que está cada vez mais na mão das pessoas. A tradução disso é que elas estão agora no centro das estratégias, seja enquanto consumidores ou, no caso da saúde, enquanto pacientes. A filantropia também tem vivenciado esse fenômeno. Não basta mais simplesmente fazer uma ação filantrópica com boas intenções, a demanda atual é por iniciativas que causem real impacto e que, preferencialmente, sejam desenvolvidas pelo olhar da população que precisa. Esse tem sido o modo de operação da BMS Foundation, braço filantrópico da farmacêutica Bristol Myers Squibb.
A fundação anunciou recentemente seu ciclo segundo ciclo de doações para instituições brasileiras para o triênio 2024-2026. Pelos próximos três anos ela aportará R$ 9,75 milhões em 10 iniciativas brasileiras que atuarão, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, para diminuir as disparidades de acesso ao tratamento do câncer entre população negra e indígena.
No primeiro ciclo, de 2020 a 2023, a fundação apoiou sete projetos com doações que variaram de 150 mil a 2 milhões de dólares. Ao todo, foram quase 11 mil pacientes alcançados, mais de 16 mil famílias e aproximadamente 900 profissionais de saúde treinados. As ações envolveram organizações como o IGCC e o Senai Cimatec – este último mobilizou uma carreta para levar tomografias computadorizadas em comunidades carentes para identificar possíveis casos de câncer de pulmão.
“Quando começamos a atuar no Brasil em 2020, focamos nos cânceres de pulmão e de pele. Mas quando pensamos na evolução do modelo, entendemos que há uma grande disparidade no Brasil, com vazios assistenciais para a população negra e indígena”, afirma John Damonti, presidente da Bristol Myers Squibb Foundation, em entrevista exclusiva ao Futuro da Saúde.
Na visão dele, além da falta de acesso, durante as avaliações eles também evidenciaram a incidência de outros tipos de câncer, como o de próstata, mama e de colo do útero. “Vamos realmente pensar onde podemos ter impacto para as doenças mais prevalentes e deixar que os parceiros nos mostrem para onde precisamos ir”, explica Damonti sobre o processo de decisão.
Apoios buscam trazer real impacto e deixar legado
Se no primeiro ciclo o processo envolveu uma busca mais ativa de parceiros que tinham projetos sobre câncer de pulmão e de pele, desta vez a atuação foi diferente. A BMS Foundation abriu uma espécie de inscrição de projetos, em que os parceiros interessados submeteram suas ideias, potencial de impacto com aquela ação e valores necessários para executar.
“Acreditamos que estas organizações estão em posição de executar seus projetos de forma efetiva”, completa Adrienne Gonzalez, diretora sênior do programa de doações para a área de câncer para populações negras e indígenas na BMS Foundation – e responsável pela gestão dos projetos apoiados no Brasil.
Ela revelou que até mesmo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), contribuiu nas avaliações: “A OPAS foi inestimável nesse processo, porque eles nos apoiaram com informações sobre várias organizações que enviaram propostas. Organizações que, de outra forma, talvez não estariam em nosso radar.”
Além do apoio financeiro ao longo dos próximos anos, a BMS Foundation fará o acompanhamento dos trabalhos com alguns objetivos. Um deles é “testar diferentes modelos”, segundo Damonti, para entender quais poderiam ser escalados e replicados para outras regiões do mundo – a instituição atua hoje nos Estados Unidos, 10 países da África, Brasil e China.
Esta colaboração próxima envolve uma série de métricas que são relatadas pelo menos duas vezes por ano e, com base nos desempenhos, a BMS identifica de que forma podem contribuir, até mesmo com experiência de gestão. “Temos 30 mil funcionários com uma variedade de conjuntos de habilidades, desde enfermeiros até médicos PhDs que realmente podem emprestar suas habilidades àqueles que precisam”, exemplifica o presidente da fundação. “Às vezes, se alguém puder analisar dados econômicos e resultados em saúde, a maneira como vou coletar dados, isso pode fazer a diferença”.
Mas mais do que o apoio direto, seja com recursos financeiros ou de conhecimento, há uma preocupação de que as ações propostas sejam perenes, como aponta Gonzales: “Além dos números, quantos pacientes você alcançou, quantos foram diagnosticados, e assim por diante, a ideia é verificar quais processos as organizações conseguiram absorver permanentemente, que dura além do período de financiamento. Em muitos casos eles conseguem seguir com os projetos na íntegra sem nosso apoio.”
Neste contexto, o presidente da BMS Foundation aponta três pilares essenciais nessa atuação em parceria: transparência completa, confiança do parceiro em entender que o apoio é de longo prazo e ouvir a voz do paciente. “A comunidade desempenha um papel importante no sistema de saúde, porque muitas vezes é lá que os pacientes vão buscar atendimento em primeiro lugar. Por isso também trabalhamos nas comunidades para apoiá-las com navegadores de saúde.”
Disparidades acontecem em todo o mundo
Na visão de Damonti, as disparidades acontecem em todo lugar do mundo. Isso ocorre dentro de um mesmo país ou em continentes diferentes. Mas, segundo ele, tudo depende da doença. Ele cita como exemplo que nos Estados Unidos, cerca de 15 mil crianças são diagnosticadas com câncer a cada ano e cerca de 83% são curadas e sobrevivem, enquanto na África subsaariana, cerca de 100 mil crianças são diagnosticadas anualmente e 90% delas morrem.
Neste contexto, a incidência de doenças crônicas não transmissíveis tem estado cada vez mais em pauta. Por um lado, isso ocorre porque doenças transmissíveis, como o HIV, que por muito tempo foram o foco de organizações como a OMS, estão de certa forma controladas após anos de atuação. Por outro, porque o envelhecimento da população e a adoção de hábitos menos saudáveis ao longo dos anos, como consumo de alimentos ultraprocessados e sedentarismo, demandam agora o foco em obesidade, doenças cardiovasculares e câncer, dentre outras.
“Eu percebo uma transição, especialmente por volta de 2015, quando a OMS mudou seu apelo de ação de doenças transmissíveis para não transmissíveis. As pessoas estavam vivendo mais tempo e morrendo de doenças cardiovasculares. Embora a OMS não seja uma organização financiadora, eles são enormes em termos de políticas e defesa. E acredito que isso realmente ajudou a abrir as portas para as pessoas começarem a enxergar o caminho e os governos a ouvir sobre a necessidade de se concentrar em doenças não transmissíveis”, avalia Damonti.
O foco de apoio nos projetos brasileiros desse ciclo é justamente em cima do câncer, mas outras condições estão no radar para o futuro: “Poderíamos ter sido ainda mais abrangentes, mas decidimos ficar dentro dos cânceres neste momento. Mas há possibilidade de expandir a oportunidade para outras áreas.
Ações escolhidas pela BMS Foundation no triênio 2024-2026
- Senai Cimatec: prestará serviços de prevenção do câncer de mama a mulheres negras e indígenas residentes no Bairro da Paz e arredores, em Salvador, Bahia;
- Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira: realizará um projeto para oferecer assistência clínica, engajamento do paciente e treinamento de profissionais de saúde sobre prevenção e cuidados do câncer de colo do úter, além de um projeto de pesquisa e rastreamento focado em mulheres negras, indígenas e quilombolas que vivem no estado de Pernambuco;
- Hospital de Amor: criará e lançará uma campanha de conscientização e educação culturalmente competente voltada para pacientes de câncer negros que vivem na cidade de Barretos, com foco especial em cânceres de pele, mama, colo do útero, próstata, oral, pulmão, melanoma e outros;
- Associação Assistencial à Saúde Indígena e de Povos das Florestas (Xingu +Catu): projeto de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e triagem de câncer de colo do útero, levando a diagnósticos e encaminhamentos ao tratamento, bem como uma campanha educacional para promover a conscientização e o empoderamento de mulheres que vivem na reserva Parque Indígena do Xingu;
- Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC)/Universidade de Pernambuco (UPE): implementará programa de navegação para pacientes idosos afro-brasileiros com câncer de mama ou de próstata, residentes no estado de Pernambuco, fornecendo aos pacientes e suas famílias recursos para reduzir ou eliminar barreiras ao tratamento;
- Instituto Oncoguia: criará uma rede nacional de apoio, defesa e empoderamento da voz dos pacientes negros, com o objetivo de elaborar um cuidado mais abrangente para populações vulneráveis e negligenciadas, e implementar estratégias autogeradas para reduzir as lacunas do cuidado do câncer no Brasil;
- Projeto de Assistência Populacional (PAP): planeja expandir o acesso a serviços de cuidados do câncer para as comunidades indígenas Xakriaba, implementando ações de saúde digital e rastreamento sistematizado para a promoção da saúde, prevenção e tratamento do câncer de forma inclusiva e culturalmente sensível;
- Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e o Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC): trabalharão para melhorar o diagnóstico precoce, a navegação dos pacientes e o cumprimento da Lei 12.732/12, que regulamenta o período máximo que o paciente com câncer deve esperar para iniciar seu tratamento, de até 60 dias, para pacientes negros com câncer de próstata, pulmão e mama, no Rio Grande do Sul;
- Projeto Saúde e Alegria: usará a doação em prol do diagnóstico precoce, da prevenção e do tratamento de câncer de colo do útero e câncer de pele nas comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas de Baixo Tapajós, na região Norte do Brasil;
- Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP): planeja realizar um ensaio clínico randomizado que examina a implementação de uma estratégia antirracismo na navegação oncológica de pacientes negras com câncer de colo do útero, visando reduzir os tempos de início e conclusão do tratamento.
Fonte: Futuro da Saúde
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