[Câncer de Mama] Patricia Gil
Aprendendo com Você
- Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Patricia - Tenho 41 anos, Tecnóloga em estética, tenho 3 filhos, casada, sou natural do Rio de Janeiro mas moro em Poços de Caldas- Mg à 13 anos. Autora do Blog Lenços ao Vento, palestrante e Embaixadora da Fundação Laço Rosa. Em 2016, ainda durante meu tratamento, estrelei ao lado da atriz Alexandra Richter a campanha #Fortalizese, uma campanha nacional para arrecadar mechas de cabelos para confecção de perucas, para pacientes que estejam passando pelo tratamento contra o câncer. Uma campanha idealizada pela SBD, Exímia e Fundação Laço Rosa.
- Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Patricia - Um dia trocando de roupa meu marido percebeu uma alteração na minha mama esquerda, uma retração na parte de baixo. Foi aí que olhei com atenção e busquei ajuda médica. Ao toque o nódulo não era perceptível, somente foi possível detectar através de mamografia, punção e biópsia. E então fui diagnosticada em maio de 2015 com carcinoma ductal invasivo grau 2. O tumor media 1,5 cm, com metástase nos linfonodos axilares sentinelas. Fiz a cirurgia quadrantectomia e esvaziamento axilar.
- Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Patricia - Sim, uma pequena retração na mama esquerda na parte de baixo. Não sentia dor, estava bem!
- Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Patricia - Achei que o tempo da análise da biópsia após a punção foi muito demorado, foram 15 dias de espera. E esse tempo foi uma tortura! Acho que foi a parte mais difícil no período da confirmação da doença.
- Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Patricia - Muito mal. Acho que dificilmente uma pessoa reage bem à esta notícia. Senti uma vida inteira passando diante dos meus olhos e não podia terminar ali, eu ainda tinha muito o que viver, sonhos para realizar, ver meus filhos crescer. Pensei que fosse morrer. Tudo porque infelizmente eu fazia parte de uma grande parte da sociedade que não entende o que é câncer. Nunca procurei saber e a única ideia que eu fazia sobre esse assunto, era que câncer não tinha cura. Mas graças à Deus eu estava completamente enganada!
- Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Patricia - Meus filhos, meu marido, minha família. Me preocupava em não passar o peso deste diagnóstico para eles. Não queria chorar e nem me mostrar frágil, porque eu sempre fui o porto seguro deles. E se eu me abatesse eles achariam que estaria tudo acabado. Outra preocupação era saber de que tipo de tumor estávamos falando, se teria chances de cura, metástase, medos e dúvidas que passam pela cabeça de qualquer pessoa que passa por este momento tão difícil.
- Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Patricia - Terminei meu tratamento em 01/04/16. Fiz o protocolo de quimioterapias que incluíam 4 quimios vermelhas 4 quimios brancas e 33 seções de radioterapia. Foram dias difíceis, a quimioterapia debilita muito, cansa, mexe demais com o nosso estado emocional. Precisei ter muita força de vontade, acreditar na cura e não pensar muito no que estava acontecendo. Procurava pensar no futuro. Fiz questão de continuar estudando, trabalhando, cuidando da família. Sempre que me sentia bem, procurava ocupar meus dias com atividades bacanas. Fazia academia, aulas de violão, faculdade, etc... Tudo que eu pudesse mostrar que eu era mais forte que aquele maldito câncer.
- Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Patricia - A quimioterapia sem dúvida. As náuseas, a queda da imunidade, a queda dos cabelos e pelos do corpo, as dores provocadas pelo taxol, falta de ânimo, suores noturnos, etc... São muitos sintomas a serem superados. Não dá para esquecer, fica marcado.
- Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Patricia - Senti muitos efeitos colaterais. Procurava fazer uma alimentação bem leve, alimentos mais gelados, como sucos e sorvetes, sempre em poucas quantidades e mais vezes por dia. Utilizei remédios para enjoos prescritos pelo meu oncologista. Procurava descansar sempre que me sentia cansada. Respeitava muito meu corpo e minhas vontades. Proteger minha carequinha com lenços confortáveis e utilizar filtro solar eram regras obrigatórias durante todo o tratamento.
- Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Patricia - No início foi difícil! No primeiro dia que nos vimos achei ele muito fechado, sério e direto. Como assim? Eu ali chorando e ele nem se comoveu... Haa, isso acabou comigo. Mas depois eu compreendi e agradeci. Ele precisava ser firme e eu precisava entender que aquilo era uma batalha e precisava ser forte. Hoje ele é um querido amigo, um grande parceiro! E à ele devo o sucesso do meu tratamento.
- Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Patricia - Sim cheguei a buscar ajuda de nutricionista e da fisioterapeuta.
- Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Patricia - Não cheguei a fazer acompanhamento com psicóloga.
- Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Patricia - Durante o tratamento fui convidada para estrelar uma campanha publicitária de doações de cabelos, chamada #Fortalizese, foi um grande presente! Pois em uma fase tão complicada da minha vida, surgir um convite como esse foi realmente incrível! A campanha se tornou um grande sucesso nacional e em outubro de 2016, fui convidada para ser embaixadora da Fundação Laço Rosa. Hoje coordeno um banco de perucas no Cacon de Poços de Caldas. A campanha está seguindo para o segundo ano e continuo fazendo parte do projeto. Sou autora da página e do Blog Lenços ao Vento. Lá eu conto detalhes da minha história, troco ideias, dicas e informações com leitoras pacientes, ex-pacientes e familiares de pacientes. Além do meu trabalho voluntário e do Blog, trabalho como esteticista. Tudo voltou ao normal como antes, menos os quilinhos a mais que ganhei por causa do tratamento, hehehe...
- Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Patricia - Sim continuo, adoro minhas atividades. Isso é muito importante para a mente.
- Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Patricia - Não precisei. Apesar de saber dos direitos do paciente, não foi necessário.
- Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Patricia - Quero continuar com o meu trabalho voluntário pela Fundação, escrevendo para o blog Lenços ao Vento, e em breve quero lançar um livro.
- Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Patricia - Primeiro, respire fundo! Tente manter a calma. Câncer tem cura, não saia lendo e ouvindo coisas de sites ou pessoas que não estão preparadas ou não tem embasamento no assunto. Tire todas as sua dúvidas com seu médico, confie nele. Se respeite, viva um dia de cada vez. Se permita chorar e até sofrer, todos nós temos o nosso período de luto e ele faz parte do processo de aceitação da doença. Mas depois erga a cabeça e siga em frente. Pense que seu estado emocional é responsável por boa parte do sucesso do tratamento. Isso é uma fase muito difícil, vai deixar lembranças, mas vai passar.
- Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Patricia - Quando descobri o câncer fiz muitas buscas sobre este assunto na internet e um dos sites que me ajudou muito foi o Oncoguia.
- Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Patricia - Não me ocorre nada agora...
- Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Patricia - Em primeiro lugar, investir em educação visando um trabalho de conscientização e incentivo de hábitos saudáveis. Desmitificar o câncer, ele é tratável e curável na grande maioria dos caso, desde que diagnosticado precocemente. Temos que falar de câncer sim! Em segundo lugar, priorizar e garantir atendimento para suspeitos de tumores. É uma obrigação ter à disposição da sociedade aparelhagem de diagnóstico e terapia em boas condições, assim como médicos, medicamentos quimioterápicos, material hospitalar e cirúrgico. Façam valer os direitos dos pacientes, o câncer não espera e cada dia que passa sem o devido tratamento as chances de cura diminuem consideravelmente.
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