[Câncer de Mama] Pâmela Sanches

Aprendendo com Você
Pâmela Sanches
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Pâmela - Sou a Pamela, mais conhecida como Pam. Tenho 27 anos, sou Psicóloga, tenho 1 filho canino chamado César, sou casada com o Super Herói Batman conhecido como Vitor também e sou de São Paulo.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Pâmela - Bem, eram início do ano de 2015, estávamos no mês de Março e tomando banho senti algo mais duro ao lavar os seios, apalpei e achei que pudesse ter batido em algum lugar, pois não era um nódulo e sim uma área grande um pouco mais densa. Marquei o médico, ele sugeriu a mamografia de cara, então fiz. Após mamografia, sugestão de biópsia e com o resultado descobri que aquilo era um câncer. Em todo processo dos exames eu não estava nem um pouco preocupada, tinha absoluta certeza de que não era nada grave, é aquela velha história de achar que comigo isso não vai acontecer, ainda mais eu com 26 anos. Estava bem enganada.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Pâmela - Sintomas nenhum, não tive alteração no bico do seio, apenas a área mais densa que logo me fez ir ao médico porque ela doía um pouco.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Pâmela - Não me lembro de dificuldades, foi tudo muito rápido.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Pâmela - Eu fiz uma grande besteira rs No dia que a biopsia ficou pronta eu olhei o resultado pela internet. Ela saiu as 7h da manhã, no mesmo dia eu teria a consulta as 17h, mas não resisti, foi a pior tortura que fiz comigo mesma. Porque e joguei o resultado na internet e estava lá CANCER!! Eu pensei, eu to vendo errado, e assim foi, entre em todos os sites que o Google me mostrou. Entrei em desespero, liguei pro meu marido e em seguida pra minha mãe, ambos me deram bronca por ter olhado, mas eu estava numa ansiedade tão grande. Neste dia eu estava no trabalho, fui para um lugar ficar sozinha e então avisei minha chefe, ela foi até lá e comigo aos prantos me aconselhou para adiantar a consulta e fui. Minha mãe me acompanhou e chegando lá eu ainda tinha esperança do médico me dizer que eu li errado, que estava maluca, mas não aconteceu. Era dia 2 de abril, juro que se fosse um dia antes eu teria certeza de que era pegadinha. No momento que o médico confirmou eu pensei - Não é possível? Sério? Mas minha maior preocupação foi saber o que eu tinha que fazer. Pensava, não chora, não chora porque você precisa saber o que tem que fazer a seguir. Chore depois. Saindo de lá entrei em desespero, sai pelo corredor com minha mãe abraçada em mim aos soluços, pensando - Não deve ser verdade. O que eu fiz de errado? Meu Deus, eu vou morrer? Muitas perguntas sem respostas. Entramos no banheiro e minha mãe me disse - Levanta a cabeça, você vai enfrentar isso, estou do seu lado.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Pâmela - Minha maior preocupação foi saber a gravidade do meu caso e o que eu tinha que fazer, com quem falar, em qual médico ir, estava perdida. Pensei, eu amo viver, não quero morrer tão jovem, não quero sofrer. Me preocupei com muita coisa, pensava se meu marido iria continuar me amando se tivesse que ficar careca, estávamos casado há 1 ano e alguns meses apenas. Como iríamos enfrentar o que estava por ir.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Pâmela - Iniciei o tratamento em Abril, fiz 6 ciclos de quimioterapia. Em setembro fiz minha adenomastectomia e estou me recuperando ainda. Próximo passo será a Radioterapia. Foi difícil enfrentar a quimioterapia, todos os efeitos devastadores que ela nos traz fica marcado. As dores pós cirurgia foram complicadas também, achei que não fosse aguentar, mas passou.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Pâmela - Difícil todos são, mas acho que a maioria das pessoas deve considerar a quimioterapia a pior. Pois são longos ciclos e nos derruba demais.Tinha dias que eu pedia perdão pros Deuses, pedia piedade, dou risada disso hoje porque é assim que tem que ser, rir de nós mesmas em situações difíceis. Todos os sintomas que tive com a quimioterapia foram duradouros, ela me dava medo. Pensava o que será que vou sentir desta vez, cada ciclo era uma surpresa. Pra mim comer e não sentir o gosto da comida era um dos piores, enjoar com algo que você gostava muito de comer, diarreia de 5 em 5 minutos, deixa qualquer um triste. E quando estava ficando boa, lá vinha o próximo ciclo. Perder os cabelos, sobrancelhas, ficar inchada, cansada andando por 2 minutos, é muita coisa em pouco tempo para você dar conta. Minha maior preocupação foi não receber os abraços que precisava, a força que eu precisava para me abastecer e seguir em frente, firme.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Pâmela - Muitos, para alguns efeitos tinha solução e para outros não. Para a diarreia tomava Imosec, o que ajudava no processo. Para os enjoos Vonal, porque passo mal com Dramin. Hemoglobina baixa - 3 Transfusões de sangue. Agora para o efeito colateral perda dos cabelos, abandono de algumas pessoas que achei que estaria mais presentes não existe. Acho que o que mais me ajudou foi ter a força das pessoas certas, minha família, meu maridão e alguns amigos que fizeram questão de me ver, abraçar. Também recebi mensagens de pessoas mais distantes e que me ajudou a ter mais força para seguir com o tratamento. Fiz um blog e escrevia sobre meus sentimentos, comportamentos diante do tratamento, isso me ajudou a afastar a angústia que sentia ás vezes.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Pâmela - Ótima, confio muito em tudo que ele me diz e seguia a risca as instruções. Ele me passou uma segurança tão grande de que eu seria curada que acreditei nisso deste o início.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Pâmela - Sim, Psicólogo e Fisioterapeuta agora para recuperação da cirurgia. Fiz terapia e isso me ajudou muito, nos pensamentos que trazia e nas minhas atitudes. Nunca me senti uma pessoa doente, trabalhei durante o processo, com todos os cuidados, saia, me divertia e me respeitava nos dias em que não estava bem.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Pâmela - Fiz terapia e isso me ajudou muito, nos pensamentos que trazia e nas minhas atitudes. Aprendi a respirar, meditar e pensar que ninguém tem quer vir atrás de mim só porque estou com câncer. Isso me fez refletir muito.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Pâmela - Me recuperando super bem da cirurgia e me preparando pra voltar ao trabalho. Vou iniciar a Radioterapia em breve e seguindo feliz e super bem.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Pâmela - Continuo, me afastei apenas para a cirurgia.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Pâmela - Sim, FGTS e compra de carro adaptado devido a cirurgia.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Pâmela - Quero me casar novamente, com meu marido, claro. E viver melhor, com mais intensidade nas minhas relações, aberta para experiências que eu não tive, quero ser uma pessoa melhor pra mim mesma.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Pâmela - Muita paciência e calma, chore mesmo, grite mesmo, xingue, mas se recomponha e lute pela sua vida, não desista. Por mais difícil que é, não desista de você. Eu descobri muita coisa neste processo, e nunca vi uma pessoa que passou e venceu o câncer dizendo que não aprendeu nada. Aprendi e muito e posso lhe dizer que não foi gostoso. Foi doloroso. Viva cada dia como se fosse o último, siga as orientações médicas, abrace mais, evite brigas, coma bem, adote um cachorro, eu fiz isso e foi a melhor coisa no processo da quimioterapia. Quando eu tinha minhas crises de diarreia ele ficava me esperando na porta para me dar carinho. O que eu posso dizer a uma pessoa que vai sentir o mesmo que eu recebendo uma notícia tão ruim é que tudo vai passar. Digo o que minha mãe me disse naquele dia - Levanta sua cabeça e lute, estou aqui ao seu lado para te segurar, porque você não vai cair.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Pâmela - Através de uma pessoa que teve câncer também.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Pâmela - Acho que não. rs
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Pâmela - Acho que aumentar os aparelhos de mamografia em cidades menores, porque sou de São Paulo e aqui tudo vai bem rápido com convenio ou particular, mas sei que tem cidades que tudo é muito demorado, até mesmo com o SUS aqui. E tempo é a grande diferença nesse processo todo.
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