[Câncer de Mama Avançado] Josiane Pereira Damasceno

Aprendendo com Você
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Josiane - Me chamo Josiane, 47 anos. Sou viúva e tenho uma filha de 24 anos. Moro em Belém,Pa. Sou artista plástica.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Josiane - Primeiro senti o nódulo no banho e à seguir fui ao meu ginecologista, que me passou uma mamografia e me encaminhou para uma mastologista.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Josiane - Somente o nódulo palpável no seio, fora isso, nenhum sintoma.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Josiane - Não tive dificuldades para fechar o diagnóstico em si, mas a primeira biopsia foi inconclusiva porque a médica tirou pouca amostra e o patologista não teve como dar o diagnóstico. Tive que repetir a biopsia, mas dessa vez fiz no hospital.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Josiane -
    Na hora que ele é confirmado dá uma sensação estranha, um frio no corpo todo, um torpor. Claro que pensei em morrer e deixar minha filha, minha família, amigos e meu trabalho. Mas isso não durou 15 minutos e logo veio a vontade de lutar contra esse inimigo, desconhecido até então. Se pudesse já começava as químios nessa mesma hora, só pensava nisso. Se ele era invasivo eu seria mais que ele. E melhor, eu o venceria.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Josiane - Minha maior preocupação foi onde tratar. Moro em Belém e minha família (pai/mãe/cunhado/sobrinho/filha) estava em Campinas, SP. Queria passar por isso junto deles. Quando recebi o resultado, dia 29 de Dezembro de 2015, eu estava lá, tinha ido passar as festas de fim de ano com eles. Porém, meu plano ainda era regional e se eu transferisse teria carência de 6 meses e eu não poderia esperar. Na época não sabia a diferença entre o tratamento no SUS e no convênio, não sabia as variedades imensas dos diversos tipos de câncer de mama e dos mais variados tratamentos. Decidi ficar e me tratei na Unicamp.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Josiane - Descobrir o câncer não é fácil, descobrir a metástase é mais assustador ainda. Principalmente se você não tiver acesso medicamentos. Nunca senti nenhuma dor física provocada pelo câncer ou mesmo pelas quimios. Nas vermelhas, sentia uma moleza durante os três primeiros dias após as químios e nada além disso. Nas brancas, sentia dores nos ossos por 4 ou 5 dias e nada mais. Caminhei todos os dias, sempre que pude. Tive alta das químios e iniciei a terapia alvo (herceptin + perjeta + zometa). Estava super bem e de volta à vida normal. Até que no Natal comecei a sentir um cansaço incomum e um mal estar insuportável. Fiz vários exames e descobri que estava com insuficiência cardíaca provocada por um dos medicamentos que uso. Apenas 5% das pacientes que fazem uso dele desenvolvem algum tipo de problema cardíaco, fui sorteada. Agora estou fazendo tratamento para combater essa insuficiência e tive que para os remédios por 2 ciclos. Sei que a insuficiência é minha prioridade, mas assusta não tomar os remédios, mesmo com a doença inativa, fico receosa do câncer voltar. Mas confio nos médicos e em Deus, sei que é o melhor pra mim e que dará certo.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Josiane - Na minha opinião o mais difícil é a falta do tratamento. Tratei pelo SUS e vi a diferença gritante entre os dois tratamentos, vi como alguns médicos são diferentes quando te atendem pelo SUS e pelo convênio, graças à Deus eles são minoria. Em relação ao tratamento em si, a parte mais difícil foi o começo de tudo. No início tudo é novidade, você não sabe como seu corpo e sua mente vão se comportar em relação à tudo que está por vir e você precisa se olhar no espelho e dizer que tudo vai ficar bem, que é só uma fase e vai passar.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Josiane - Senti poucos efeitos colaterais, nas vermelhas sentia moleza apenas nos dois ou três dias após as químios e, nas brancas, dores nos ossos. Não tive aftas e nem um outro tipo de problema. Acredito que a alimentação me ajudou bastante nessa fase.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Josiane - É de confiança e de muita parceria. Chego ao consultório cheia de dúvidas e sempre saio de lá esclarecida e mais confiante.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Josiane - Com a nutricionista, dermatologista e cardio-oncologista
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Josiane - Não fiz não.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Josiane - Hoje está quase normal, só não está melhor por causa da insuficiência cardíaca. Mas logo isso melhora e volto ao trabalho.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Josiane - Não parei de trabalhar, mas diminui o ritmo. Como trabalho com arte, o trabalho acabou virando um terapia maravilhosa.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Josiane - Não.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Josiane - Viver bem e feliz sem pensar no tempo que tenho ou posso vir à ter. Pessoas morrem com câncer ou sem ele, então não penso nessas coisas. O melhor da vida é viver e é isso que tenho feito com mais amor e esperança.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Josiane - Que apesar de ser difícil e doloroso, o câncer não é o fim. É só uma etapa, dura e complicada, mas ela passa.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Josiane - Por indicação de uma amiga.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Josiane - Que lutem cada vez mais pelos pacientes do SUS.
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Josiane - Acredito que se as verbas para a saúde seguissem o curso normal e honesto, muita coisa já melhoraria. O SUS é maravilhoso o que o torna tão injusto são os desvios e roubos.
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