[Câncer Colorretal] Debora Guerra Cristifani

Aprendendo com Você

• Essa entrevista foi preenchida em 24/08/2015

• Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Debora - Sou Débora, 32 anos, casada, mãe de uma princesa de quase 3 anos, São Paulo, SP.
• Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Debora - Longa história: Era uma vez uma mulher de 31 anos, casada, com uma bebê de 8 meses, feliz, realizada profissional e pessoalmente! No caso euzinha! Em 08/2013 um tsunami começou na minha vida! Tinha acabado de voltar de licença maternidade, e sentia dores no baixo ventre... Passei por diagnósticos de infecção de urina, suspeita da obstetra ter deixado uma gaze no abdômen, diverticulite aguda.... Enfim ... Começou um mundo de incertezas... Na verdade começou a busca por uma verdade que eu temia e não queria ouvir! Há muitos anos sentia diarreias... Tinha urgência evacuatória... Mas achava, ou preferia achar, que era emocional... Até busquei médicos mas sem tanto empenho... Tinha dores também e na licença maternidade fui em um gastro... Descobri pedras na vesícula e logo fiz a cirurgia! Nesse mesmo médico falei sobre meu intestino... Fui bem direta em questionar se eu poderia ter um tumor... E ouvi a resposta que soou como música: Débora na sua idade é improvável um tumor! Bom enfim... Voltando ao diagnóstico... Depois de internar com supostamente crise de diverticulite aguda tive alta, sem ao menos fazer um novo exame de imagem, e sentia ainda cólicas e certa dificuldade para evacuar, fui orientada a procurar especialista e já não confiava no médico que estava me tratando... Fui em um especialista... E ele disse pra esperar 6 semanas pra fazer colono... E me falou do hospital 9 de julho... Continuei sem evacuar e ele me passou laxantes... Tomava e nada... Fui pro 9 de julho e fiz uma lavagem... E nada... Só saia um muco... Voltei ao hospital e decidiram me internar pra nova lavagem... Fiquei... Fiz e nada... Graças a Deus havia um anjo de plantão! Dr Evandro! Pediu um exame, chato, enema opaco... Contraste retal é um raio x... Resultado: Débora amanhã vamos operar não passa nem luz no seu intestino e corremos o risco dele romper... Fiz a cirurgia e tive que ser ostomizada... Quando abriram meu intestino estava muito cheio e o médico achou uma massa, que só a biópsia poderia dizer.... Quase um mês depois recebi o telefonema que me diria o que eu nunca quis acreditar mas sempre desconfiei: Débora deu positivo para adenocarcinoma, foi um domingo de manhã... Estava com minha mãe no quarto do hospital... e sendo mãe sei que foi bem aos difícil para ela... Chorei... Tive diarreia instantânea... Respirei fundo e pensei: disso eu não morro! Vou tratar e logo estarei ótima! E foi com esse pensamento que passei por todos os tratamentos! No mesmo dia um onco que me explicou que o tumor era avançado e já devia estar ali há uns 2 anos... Ou seja engravidei e já estava com ele... E tive uma gravidez super tranquila e uma filha super saudável! Enfim, fiz rádio e químio oral.... E enquanto isso ainda no hospital... Tive uma fístula e graças a ela fiquei 100 dias sem ver minha filha... Tive um indulto de natal! Fiquei de 19/12 a 7/1 com homecare aplicando antibiótico.... Voltei pro hospital pra internar e passar pela segunda cirurgia onde foi retirado o tumor... Ovários e útero.... Estava tudo próximo e o médico sabiamente tomou essa decisão! Graças a Deus não tive metástases, que é super comum para casos como esse.... Por conta de um fungo que se aproveitou e se alojou na corrente sanguínea fiquei mais 45 dias no hospital.... Após isso comecei a químio na veia... Foram 12 ciclos 1 a cada 15 dias... E por isso não pode reverter a ostomia tive que esperar o fim das quimios... Tive baixa de plaquetas... Neuropatia... Mas nenhum efeito que me deixasse mal.... Em 08/2014 terminei a químio e em 10/2014 reconstruí o trânsito intestinal! Desde então retomei minha vida normal! Faço exame de imagem a cada 3 meses pois pelo de sangue não tenho alterações nos marcadores (cea). Desde o início nunca tive dúvida da minha vitória! Eu nunca questionei de o porque comigo... Afinal eu sei o motivo... Obesidade, sedentarismo... Enfim... Chorei pouquíssimas vezes... E o choro era na maioria das vezes por ter que ficar longe da minha filha... No primeiro aniversário dela estava no hospital.... Mas como tudo na vida passa... Passou! Me sinto uma fortaleza... Na véspera de exames óbvio tenho medo, mas nunca deixo esse medo controlar! Nunca me escondi... Sempre pensei que contando minha história estou ajudando alguém! Hoje minha vida tem outro sentindo! Faço exercícios diariamente e como super bem, minha meta não é emagrecer... É ficar saudável e longe do hospital! Agradeço todos os dias pela vida! Evito reclamar de qualquer coisa, sou humana e as vezes me irrito com banalidades... Mas penso em tudo que passei e sigo em frente sorrindo sempre! Durante o tratamento uma amiga começou uma campanha de postar fotos me apoiando #tamojuntoguerrinha e isso me ajudou muito... Me emociono só de lembrar o amor que recebi de tantos amigos... De perto... De longe... De hoje... Da infância... Hoje quando escrevo só lembro das coisas boas... Não tenho rancor... Não lembro das dores... Vivo intensamente cada momento com minha filha e meu marido! Marido esse que foi uma fortaleza, cuidou de mim, da nossa filha... E não desistiu de mim nem por um segundo!
• Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Debora - Sangramento nas fezes, urgência evacuatória.
• Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Debora - Diagnósticos errados. Descaso médico...
• Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Debora - Senti dor de barriga, frio na espinha, um turbilhão de emoções... Pensei que disso eu não ia morrer!
• Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Debora - Minha filha.... Queria ver ela crescer.
• Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Debora - Fiz químio oral + rádio e depois químio ev... Graças a Deus foi tudo tranquilo, poucas náuseas, fadiga.... Neuropatia, síndrome mãos e pés.
  
• Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Debora - Mais difícil foi a químio ficava cansada... E sem poder tomar nada gelado.
• Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Debora - O que me ajudou foram os amigos... E minha fé, meu marido e minha filha!
• Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Debora - Ele é meu guru! Um anjo! Um amigo!
• Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Debora - Sim, um cirurgião gastro... Outro anjo!
• Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Debora - Não... Sempre fui muito bem resolvida! Acabava até ajudando outras pessoas no hospital. Rs
• Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Debora - Melhor impossível!
• Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Debora - Voltei ao trabalho, graças a Deus.
• Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Debora - Saquei meu FGTS.
• Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Debora - Viver! Viajar a Disney! Agradecer! Ver minha filha crescer! Ajudar outras pessoas.
• Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Debora - Calma! Essa fase vai passar! Não será fácil, mas passa! Aproveite para rever seus valores! Agradeça mesmo na dificuldade a gratidão cura!
• Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Debora - Google.
• Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Debora - Encontros de cases de sucesso.
• Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Debora - Os médicos precisam ser mais investigativos... Câncer será cada vez mais presente então precisa ser tratado logo.