[Câncer de Mama] Cristiane Araujo

Aprendendo com Você

• Essa entrevista foi preenchida em 11/10/2015

• Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Cristiane - Sou Cristiane, tenho 39 anos, um filho e dois enteados (amo como se fossem meus), sou tec em informática. Fiquei viúva em 2004, mas em 2007 o Senhor me apresentou um anjo que mais tarde eu chamaria de marido. Sou de Campo Grande, Rio de janeiro.
• Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Cristiane - Estava no banho, decidi fazer o autoexame e achei um carocinho na mama direita.
• Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Cristiane - Além do carocinho, percebi que a pele próxima do carocinho estava cheia de furinhos, como casca de laranja.
• Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Cristiane - A mamografia foi difícil, pois eles alegaram que eu era fora do grupo de risco por causa da idade e não havia casos em família. Consegui fazer no particular, depois consegui um encaminhamento para biópsia e, depois tudo foi se encaminhando, fui até o INCA fazer uma triagem e já sai de lá com a matrícula em mãos, logo me chamaram para o início do tratamento.
• Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Cristiane - Bem, abri em casa com meu marido e choramos muito, mas eu queria viver e decidi lutar para não morrer. Eu só tinha um mês de casada, mas meu marido foi um presente de Deus e nunca me deixou sozinha...
• Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Cristiane - Bem, em dois anos eu perdi o pai do meu filho e um irmão caçula no mesmo dia. Dois anos depois, perdi meu pai e meu irmão mais velho nas mesmas condições, então naquele momento tive medo de não poder criar meu filho. Pensei em como seria, fiquei em choque, mas minha fé em Deus me fez acreditar que ia dar tudo certo.
• Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Cristiane - Bem fiz a quimioterapia de maio de 2012 a outubro do mesmo ano, no dia 26 de novembro do mesmo ano fiz a mastectomia radical e logo depois a radioterapia. Depois, fiquei na consulta de seis em seis meses, mas em 2014 tive uma crise de coluna que a princípio começou a ser tratada como hérnia de disco e inflamação do nervo ciático, que inclusive me fez parar de andar e me colocou numa cadeira de roda o qual estou até hoje...
• Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Cristiane - Em junho de 2015 descobriram que a hérnia de disco era na verdade uma metástase na coluna, logo comecei o tratamento com o zometa a cada 28 dias por dois anos, a medicação deixa os ossos mais moles, mas repõe o cálcio. Isso faz com que tenhamos o máximo de cuidado com fraturas que não podem acontecer, o efeito colateral são 3 dias de dor e também me causa muitas aftas, mas nem mesmo isso tudo me fez parar. Aprendi a entregar minha dor, meus medos a Deus e passei a cuidar das dores de outras pessoas... Amo fazê-las sorrir, procuro fazê-las felizes o máximo q posso, falo sempre que minha vida é um MILAGRE, no meio disso tudo duas circunstâncias tentaram me fazer entristecer, uma trombose e uma pneumonia, as dores no inicio me fizeram muitas vezes chorar, mas tenho uma igreja chamada ministério apostólico terra fértil que chorou meu choro, sentiram a minha dor e não me deixaram desistir. Minha família e meus amigos não me deixaram sozinha. E hoje estou em tratamento, claro que uns dias são mais difíceis que os outros, mas quando acordo e abro minha janela, vejo que o Senhor preparou aquele sol pra mim, a alegria me invade e lembro que o meu milagre vai chegar!!!
• Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Cristiane - Bem os enjoos na quimio, as dores agora, procuro fazer tudo que vá aliviar e procuro manter minha imunidade sempre boa... Tomo muito suco de graviola, mesmo não gostando da fruta. Amigos como Milene Mouta, sua mãe Eliane e seu pai, a Karen e Fátima não deixam faltar, as vezes escuto a voz delas me chamando me arrepio toda kkkkk, mas elas zelam pela minha saúde... Meu irmão Marcelo não deixa faltar água de coco e minha mãe e minha cunhada Edna ajudam com as massagens ajudando com a circulação... E essas pessoas fazem de tudo para me ver bem, na janela do meu quarto tem uma parede que só me permite ver parte do céu e outro dia me senti triste e meu filho Yago e minha sobrinha Grazi encheram de cartazes de amor, e a Sylvia enfeitaram a janela com lindas violetas, então querida, o melhor é você ter pessoas que acreditam em você, que se permitem estar no seu lugar para saber como estou. Precisei por duas vezes fazer uma ressonância numa máquina Springer, maior que a normal e minhas amigas Thais, Tatiane e meu irmão se mobilizaram com tudo para me ajudar a pagar. Como não se sentir amada, como desistir, esse amor derruba as circunstâncias...
• Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Cristiane - Bem na mama foi tudo normal, mas na metástase, encontrei um anjo que se chama Luís Guilherme, um médico comprometido com sua profissão e sobre todo humano... Maior incentivador do meu tratamento, viu levar esse homem por toda a minha vida!
• Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Cristiane - Bem superficialmente com mastologista, ortopedista e as vezes fisioterapia.
• Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Cristiane - Não, resolvi aceitar a condição que estava vivendo e mesmo tendo sido mutilada, meu marido, minha família e meus amigos nunca expressaram me ver diferente. Então, cabeça aberta e feliz sempre, essa foi a minha psicóloga a felicidade.
• Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Cristiane - Dias nublados, dias coloridos, mas sobretudo acreditando todo tempo que meu milagre vai se manifestar e que essa doenças não são o meu fim e sim o começo de uma nova Cristiane, que aprendeu a valorizar as pequenas coisas e que se preocupa muito mais com o próximo.
• Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Cristiane - Parei, pelo fato se estar na cadeira, mas logo que voltar a andar, volto com tudo para trabalhar!
• Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Cristiane - Então, eu não trabalhava de carteira assinada, não tive nenhum direito, mas meu marido assumiu tudo sozinho, cortamos algumas coisas mas vivemos igualmente felizes.
• Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Cristiane - Viver.
• Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Cristiane - Que pare, respire fundo, que declare com a boca e creia com o coração, que esteja perto de quem acredite na sua cura, nunca ouça histórias de derrota, mas sempre de vitória, ame mais, abrace mais, perdoe, peça perdão , contagia as pessoas com sua fé, não murmure, mas quando precisar chorar, chore no colo de Deus, ele vai te consolar.
• Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Cristiane - Facebook.
• Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Cristiane - Vocês são perfeitos, trazem informações necessárias para nós!
• Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Cristiane - Investir em pesquisas de curas e ter mais hospitais de referência do câncer.