Termografia não detecta câncer de mama e pode atrasar diagnóstico

Associações médicas se reuniram para divulgar um parecer contra o uso da técnica de termografia para detecção do câncer de mama. 

O aparelho, que utiliza raios infravermelhos para captar supostos tumores pelo calor, é adotado por algumas clínicas particulares e unidades da rede pública, mesmo sem a recomendação do Ministério da Saúde.

A tecnologia parte do princípio de que as células cancerosas têm um maior fluxo de sangue, já que estão em constante processo de crescimento. Por isso, emitiriam mais calor. 

Só que aparelhos desse tipo estão em estudo desde os anos 1950 e, até agora, não tiveram sua eficácia comprovada. 

Ao longo dos anos, a forma de ler as imagens captadas até foi atualizada. Surgiram novos softwares, veio a inteligência artificial e foi lançado um novo aparelho que promete mais acurácia ao usar nanosensores ativados pela temperatura corporal. 

Mesmo assim, a ciência não comprovou a validade do procedimento na identificação de um tumor. 

O parecer contra essa tecnologia foi assinado em conjunto pela Sociedade Brasileira de Mastologia, Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras. 

No documento, os especialistas afirmam que não há estudos recentes que comprovem que essa técnica é capaz de reduzir o número de mortes por câncer de mama. Esse papel ainda é da mamografia. 

“A mamografia é o único exame capaz de reduzir mortes por câncer de mama, pois ele permite o diagnóstico no início da doença”, avisa Henrique Lima Couto, mastologista e coordenador do departamento de imagem da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). 

“Se essa máquina de termografia captar o tumor, será em estágio avançado”, alerta o especialista. 

Uma revisão de estudos sobre termografia publicada em uma revista de engenharia pontua que as intenções até são boas. Afinal, seria um método barato e menos invasivo para detectar o câncer de mama. 

Porém, os autores afirmam que é cedo para usar essa tecnologia com essa finalidade. 

Eles relatam inclusive que a “principal limitação da termografia é a fraca assinatura da superfície de tumores pequenos e profundos”. Ou seja, não dá para confiar. 

Um método indolor, porém duvidoso
Uma grande preocupação dos médicos é que o exame de termografia tem sido preferido pelas mulheres por ser menos agressivo que a mamografia, que causa dor ao pressionar as mamas em placas de ferro. 

Mas, como as entidades médicas frisam, ela ainda é o único método confiável. Mesmo quando o laudo é inconclusivo, a imagem da mamografia dá pistas ao médico se é preciso fazer uma investigação mais apurada com outros exames de imagem ou com uma biópsia. 

Couto relata casos de mulheres que abandonaram o tratamento de quimioterapia após se submeterem a uma termografia que erroneamente não indicou a presença do câncer. 

Por todos esses riscos, o parecer das entidades deixa claro que não recomenda esse tipo de exame em nenhuma circunstância. 

Seja a termografia feita “isoladamente ou em conjunto com a mamografia, seja no rastreamento, detecção precoce, diagnóstico ou acompanhamento de pacientes com câncer de mama”. 

“A termografia não traz informação adicional, não substitui o exame padrão e dá falsa impressão de tranquilidade ou de desespero às mulheres”, resume Couto. 

Os próprios fabricantes de algumas marcas informam em seu material de divulgação que a tecnologia “não substitui outros exames e a opinião de um médico especialista”. 

“A ideia não é banir a tecnologia, mas deixar claro que o seu uso ainda deve ser restrito ao ambiente de pesquisa”, pontua o médico da SBM. 

Polêmica surge em meio a aumento de casos
O receio das sociedades médicas é que esse exame inconclusivo seja disseminado em meio a um aumento de casos graves de câncer de mama, que ocorreu em consequência do isolamento necessário para controlar a pandemia do coronavírus. 

É que, nesse momento, houve uma redução no número de mamografias. Em estudo divulgado pela SBM, ao comparar os anos de 2019 a 2020, a queda de diagnósticos foi de 40%. 

As informações se referem a mulheres de 50 a 69 anos, a faixa etária de maior risco para esse tipo de câncer, que deveriam realizar esse exame periodicamente, a cada dois anos. 

Fonte: Veja Saúde

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