Por que o mieloma múltiplo se torna resistente e volta mais agressivo
João Ary Ubriaco, 54, é dentista, atende em consultório todos os dias e se exercita na academia três vezes por semana. Ele ainda se ocupa da função de síndico do condomínio em que vive e cuida dos pais que têm 90 anos. Em meio à rotina, vai ao oncologista e oftalmologista a cada 20 dias como parte do tratamento para mieloma múltiplo.
A dinâmica de consultas ocorre em meio aos dois anos de remissão da doença, período em que não há sinais da enfermidade. Mas nem sempre foi assim. Diagnosticado em 2019, ele passou por três tipos de tratamento que não deram os resultados esperados.
Situação semelhante viveu Luisão Pereira, 54, compositor e produtor musical. Em 2016, ele começou a investigar a causa de dores nas costas e, no ano seguinte, recebeu o diagnóstico de mieloma múltiplo. Ele fez quase um ano de quimioterapia e ficou em remissão até 2019, quando a doença voltou de forma mais agressiva, impactando os ossos.
Primeiro, o joelho e o fêmur direitos quebraram. Durante a recuperação pós-cirurgia, o fêmur esquerdo se rompeu. Os médicos o prepararam, então, para uma nova operação e um novo ciclo de quimioterapia que foi seguido do transplante de medula. Tudo parecia bem, mas a doença voltou a se manifestar cerca de quatro meses depois
Por que o mieloma resiste ou volta?
- A medicina descreve o mieloma múltiplo como uma doença biologicamente complexa.
- Com o tempo, as células do câncer adquirem mutações que o modificam e o tornam resistente ao tratamento.
- Nesses casos, ele é chamado de refratário, quando as medicações não surtem efeito, caso de João.
- Essas mutações também fazem com que a doença volte depois de um período em remissão —o que é certo que vai acontecer, enquanto não há cura.
- O problema é que esse retorno, chamado de recidiva, geralmente é mais severo, como ocorreu com Luisão.
"Pacientes em recaídas tardias e pacientes ao diagnóstico têm perfil biológico diferente do câncer", aponta Breno Gusmão, onco-hematologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Médico da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia).
Jairo Sobrinho, oncologista e hematologista na Oncoclínicas de Salvador, explica que alterações no DNA do paciente conferem, desde o início, uma maior resistência à quimioterapia. Já uma modificação específica também torna a doença muito agressiva.
"E quanto mais recaídas o mieloma apresenta, maior a chance de o DNA ir acumulando alterações genéticas que conferem maior grau de agressividade", diz Jairo Sobrinho, oncologista e hematologista na Oncoclínicas de Salvador.
Ao longo do tratamento
"No início de 2020, estava no hospital começando a químio e, dormindo, quebrei o braço esquerdo", lembra Luisão. Uma das consequências do mieloma é a deterioração dos ossos, o que faz ela ser confundida com osteoporose e, por vezes, atrasar o diagnóstico.
aquele ano, a pandemia de covid-19 tinha começado há pouco e, em julho, o produtor musical fez o transplante de medula. O isolamento no hospital se fez necessário, tanto pela crise sanitária quanto para seguir com o tratamento. Ele conta que só conseguiu se manter bem por meio da música.
Luisão montou um miniestúdio no centro médico: levou computador, placas de áudio, instrumentos e fone de ouvido para trabalhar na produção de um disco. A obra ali criada foi indicada ao Grammy no final de 2021. E durante uma sessão de quimioterapia, um verso surgiu: "seja forte, mais que ontem. Seja forte, mais uma vez".
João também encarou uma série de negativas por parte dos tratamentos. Ele começou com remédio oral, sem resultado após dois meses. A segunda medicação deu sinais de melhora, mas não no nível previsto.
Depois, o transplante de medula realizado em maio de 2020 também não alcançou o esperado. Então, ele foi para a terceira classe de medicamentos, um combinado de dois remédios. Mas, após dois meses, o dentista teve um choque séptico e infarto.
A crise teria sido causada por um dos compostos, que logo foi retirado do tratamento. Na sequência, João começou a se tratar com um remédio que ainda estava em teste no Brasil, mas tinha sido aprovado nos EUA.
Finalmente, os níveis do mieloma diminuíram satisfatoriamente e ele segue em manutenção, tomando a medicação e sem sinais da doença. Mas um dos efeitos colaterais são microlesões na córnea, por isso João precisa fazer acompanhamento com oftalmologista e oncologista.
Se não tem cura, o que fazer?
Como o mieloma ainda não tem cura, o objetivo dos médicos é encontrar um tratamento que proporcione melhor qualidade de vida ao paciente e prolongue o tempo em que a doença não se manifesta.
Isso pode ser feito com um tratamento contínuo, como se fosse uma manutenção, ou com a suspensão dos medicamentos. "Quanto mais tempo levar com esse controle, a gente pode falar que muitos casos têm cura funcional", diz Angelo Maiolino, professor de hematologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Conforme o paciente não responde aos tratamentos, a proposta é sempre buscar medicamentos mais inovadores. Há dois meses, Luisão iniciou o tratamento com teclistamabe, medicamento aprovado recentemente pela Anvisa para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que receberam pelo menos três terapias anteriores.
"Estou sentindo uma diferença absurda. Até a anemia que eu tinha foi embora e continuo trabalhando", diz o produtor musical. O perfil de segurança e eficácia do medicamento também está sendo avaliado em pacientes que receberam menos tratamentos e em combinação com outros medicamentos.
Inovações
O teclistamabe é um remédio chamado de biespecífico, porque atua de duas formas simultâneas, como explica Gusmão, da BP:
- De um lado, ele reconhece a proteína da célula doente e a ataca;
- Do outro lado, se liga aos linfócitos, células de defesa do organismo, para "pedir ajuda" do sistema imunológico no combate à doença.
"O medicamento chegou mostrando excelentes benefícios", diz o médico. "As novidades terapêuticas vêm para tentar colocar essa doença sem atividade por muito tempo e quiçá curá-la."
O hematologista Jairo Sobrinho classifica como revolucionárias essas tecnologias que usam o próprio sistema imunológico da pessoa para combater a doença.
Outro exemplo é a terapia com células CAR-T, em que os linfócitos do paciente são retirados, geneticamente modificados e depois inseridos no organismo para identificar e atacar o câncer.
Porém, esses medicamentos também causam exaustão do sistema imune, que "se cansa" de combater as células doentes. Mas estudos já buscam recuperar o mecanismo de ação, diz o médico.
Sobrinho também chama atenção para os efeitos colaterais, alguns muito graves. "Estamos no ponto de aperfeiçoar a resposta do medicamento, que venha com o mínimo de efeitos", afirma.
Fonte: UOL Viva Bem
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