Câncer e fake news: uma relação perigosa

Vivemos em um mundo altamente conectado, e a internet virou parte do dia-a-dia da maioria das pessoas, sendo uma fonte importante de conhecimento e entendimento do mundo. Para nossos pacientes oncológicos, é um lugar inesgotável de informações, infelizmente nem sempre corretas. Nessa pandemia, assistimos um enorme conflito de notícias e uma disseminação de notas falsas, ou fake news, em todas as áreas, incluindo a saúde.

Muito se fala hoje sobre o perigo das fake news, e as que envolvem câncer são particularmente comuns. Limão congelado cura câncer? Micro-ondas ou tristeza causam câncer? Pílulas e vacinas milagrosas, funcionam mesmo? Essas e muitas outras informações equivocadas são amplamente divulgadas em redes sociais e grupos de mensagens, usualmente associadas a opiniões de “especialistas” e a teorias da conspiração mirabolantes.

Tudo isso pode desencadear uma confusão na mente de muitas pessoas. Afinal, o que é ou não verdade? Onde podemos nos amparar para não tomar nenhuma atitude que coloque nossa saúde ou a de um ente querido em risco?

O tratamento do câncer pode ser difícil, e nem sempre os resultados correspondem ao desejado, portanto, é normal e totalmente compreensível que nos momentos de tristeza e desespero os pacientes e familiares possam se interessar por métodos e terapias alternativas que possam ajudar no tratamento.

Embora frequentemente inócuas, algumas dessas intervenções podem até ser prejudiciais e perigosas na vida do paciente, e inclusive podem ir na contramão do tratamento.

Antes de considerar uma terapia alternativa, é fundamental que ela seja discutida e informada ao médico do paciente. Isso é importante para que nada atrapalhe o tratamento em curso. Um especialista pode ajudar a filtrar e avaliar o que talvez faça a diferença e ajudar, ou atrapalhar no combate à doença.

Uma característica das fake news é a falta de referências científicas e estudos clínicos sérios, “peer reviewed”, documentados na literatura médica, sempre com a mesma desculpa de que “não querem que essa informação se dissemine”. Pegue, por exemplo, uma informação que circula há muitos anos na internet, dizendo que consumir limão congelado cura o câncer. Apesar dos proponentes colocarem que isso seria “10 mil vezes mais poderoso do que a quimioterapia”, não há nenhum estudo comprovando essa afirmação descabida. Infelizmente, há um perigo real de uma notícia falsa como essa fazer sentido para alguém, levando ao abandono do tratamento convencional em prol de uma terapia sem efeito.

Uma das características das fake news é que, muitas vezes elas partem de informações que tem algum sentido, mas evoluem para uma conclusão milagrosa, sem base factual. Um bom exemplo disso é a relação do tomate e câncer, um assunto muito comentado em fóruns e grupos de redes sociais.

O licopeno, presente no tomate, é uma substância benéfica e que tem sido avaliada em estudos científicos, e seu consumo parece aumentar a resistência de algumas células às mutações que poderiam levar ao surgimento do câncer. É uma informação preliminar, e de caráter preventivo, muito diferente de afirmarmos que “licopeno cura o câncer”. Esse viés alterado, comum nas fake news, é que precisa ser evitado.

Existem muitas atitudes, como uma dieta rica em frutas e verduras, e atividade física regular, entre outras, que são benéficas na prevenção e até como suporte durante o tratamento do câncer, mas isso não pode e não deve ser confundido com um substituto que leve ao abandono do tratamento oncológico convencional.

Em tempos de notícias falsas e informações exageradas e desencontradas, é preciso ter atenção redobrada, não importa o meio que ela chegue até nós. Se algo parece ser muito revolucionário ou milagroso, procure checar com alguém de confiança, com conhecimento e experiência, para confirmar ou desmentir antes repostar nas nossas mídias sociais ou nos grupos da família. Precisamos ser um obstáculo para a propagação e disseminação das fake news.

A nossa saúde, mental e física, também depende da nossa atenção com o que lemos e ouvimos. Não espalhar notícias mentirosas, também é uma forma de nos preservarmos.

Fonte: O Globo

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