[CÂNCER DE MAMA] Denise Amadeu

Denise Amadeu - Denise Guedes Marques Amadeu, 49 anos, São Paulo (SP). Gosto muito de fazer spinning, ficar ao ar livre (adoro sol!) e ler.

Denise Amadeu - Tive câncer de mama.

Denise Amadeu - No final de 2008, durante o banho percebi um nódulo durinho, indolor. Fiz a mamografia e falei com um grande amigo que é ginecologista, que me encaminhou para o mastologista. 

Denise Amadeu - Fui à consulta no mastologista sozinha, achei que seria uma conversa para fazer algum outro exame, uma biopsia, sei lá. Mas como a mamografia já tinha dado BI-RADS 4 e o nódulo era muito óbvio, fomos direto para a marcação da cirurgia. Durante a consulta o mastologista chamou o nosso amigo em comum, que tinha consultório em frente ao dele. Os dois juntos me deram a força necessária. Nesse momento, o que senti foi urgência em resolver as coisas práticas na vida e no trabalho, para poder fazer a cirurgia em paz. Curiosamente, quando saí da consulta, liguei para meu ex-marido, pai do meu filho. Queria que ele soubesse e se preparasse caso precisasse cuidar de nosso filho mais de perto.

Denise Amadeu - Meu filho, que na época estava para fazer 15 anos. E depois como contar para minha mãe, que hoje tem 85 anos e tem vários problemas de saúde. Depois disso, minha preocupação foi ficar careca! Mulher é um bicho estranho mesmo! E claro, a parte financeira. Sou analista de sistemas e na época prestava serviço a um banco através de uma consultoria, mas não era CLT. 

Denise Amadeu - A cirurgia aconteceu 3 semanas depois dessa consulta. Foi tudo muito rápido. Graças à secretária do médico (Leda), que fez quase toda a parte burocrática, tudo correu bem no encaminhamento.

Denise Amadeu - A cirurgia ocorreu em 25 de novembro de 2008. Em 2 de janeiro de 2009 comecei a quimio e em seguida a radio. Após o término da radio, comecei a tomar Tamoxifeno, isso foi em fim de agosto de 2009. Nessa época também comecei várias sessões de fisioterapia, por causa do esvaziamento axiliar. Essa fase durou mais uns 3 meses e tomo Tamoxifeno até hoje.

Denise Amadeu - Com certeza a quimioterapia. Por ser um tratamento longo e extremamente desconfortável em vários aspectos, físicos e emocionais. 

Denise Amadeu - Ah, o mal estar da químio, a dor no corpo e a dificuldade em dormir bem. Quase não vomitei, mas me sentia muita enjoada e as articulações incomodavam muito. Na primeira quimio continuei trabalhando e peguei uma infecção muito forte, fiquei bem ruim. Nesse momento, meu oncologista achou melhor que eu parasse enquanto durasse o tratamento. Como pegava ônibus e o ar condicionado no trabalho não era lá grande coisa, eu ficava muito suscetível. E claro, ficar careca, sem sobrancelhas, cílios faltando... O bom era não precisar fazer depilação!!!

Denise Amadeu - Com certeza a relação que criei com o mastologista e com o oncologista ajudou muito no tratamento. Primeiro porque tinha confiança neles e depois porque eles foram muito queridos e carinhosos.

Denise Amadeu - Tinha uma enfermeira na clínica onde fiz a quimio que era muito gentil e competente. Me passava a segurança necessária.  E na fase da fisioterapia também contei com um profissional que ajudou muito. Mas relacionamento intenso foi só o mastologista (dr.Paulo Pirozzi) e o oncologista (dr. Elias Abdo).

Denise Amadeu - Não. No dia seguinte da cirurgia, quando a enfermeira foi retirar a faixa do curativo e me ensinar a cuidar do dreno, fiquei com muito medo de olhar, não sabia o que iria ver. Mas graças a Deus foi possível fazer a reconstrução imediata e dr.Paulo fez um trabalho muito bom, fiquei muito feliz com o resultado. Com certeza isso diminuiu bastante o impacto.

Denise Amadeu - Também não.

Denise Amadeu - Já finalizei, ou melhor, ainda tomo Tamoxifeno.

Denise Amadeu - Estou em uma fase de poucos prazeres... a vida tem sido exigente em alguns aspectos e não tenho tido muito tempo. Trabalho, me exercito, faço meu spinning, cuido do meu filho, tomo sol, leio muito...

Denise Amadeu - Até abril de 2014 estava trabalhando em sistema home office. Era muito legal, pois conseguir equilibrar melhor meu tempo. Então, tivemos uma junção de empresas e essa forma de trabalho não foi mais possível. Hoje vou para Alphaville todos os dias, em uma empresa de informática. Mas o que gostaria mesmo é mudar de área... 

Denise Amadeu - Em primeiro lugar, não se intimidar pelo diagnóstico. Se respeitar, chorar quando tiver vontade, mas não deixar que dure muito, para não virar auto-piedade, que não ajuda em nada. A fé dá a força necessária quando nada mais ajuda. A amizade também é muito importante! Em nenhum momento tive vergonha ou pudor de falar sobre o assunto, isso foi bom para mim. E não perder a auto-estima. Se cuidar e sempre que puder, se exercitar! Isso ajuda muito no aspecto físico e emocional.

Denise Amadeu - Tinha uma conversa muito aberta e franca tanto com dr.Paulo quanto com dr.Elias. Para mim isso dava base, sabia mais ou menos o que esperar. 

Denise Amadeu - Sim. Li muito, coisas boas e outras nem tanto, temos que ter bom senso pra não achar que tudo o que lemos no dr.Google vai nos acontecer! Rsrsrs... 

Denise Amadeu - Em uma das minhas pesquisadas na Internet.

Denise Amadeu - Acho interessante ajudar quem está passando pelo problema. E acredito que o trabalho voluntário pode ser muito útil.  E quem já passou pelo problema e está com a cabeça legal, pode auxiliar de alguma forma com sua experiência.

Denise Amadeu - Fiz todo o tratamento por meu convênio particular. Mas sei que se dependesse da saúde pública estaria perdida. Não pelos médicos, pois têm profissionais bons e ruins em qualquer instituição. Mas pela demora! Uma pessoa não pode esperar tanto entre o primeiro exame e a continuidade do tratamento. Eu sou uma felizarda, pois estou no meio, mas acho um absurdo que a maioria dependa de um sistema de saúde precário e pouquíssimos (como nossos governantes) possam utilizar alta tecnologia e excelentes hospitais. Esse tratamento deveria ser pelo menos um pouco mais homogêneo. Também acho importante que o medicamento que melhora a imunidade durante a químio (Granulokine) fosse mais acessível.Eu não tinha condições de comprá-lo, mas fui obrigada a utilizar uma vez e o resultado é muito bom, faz toda diferença!