[CÂNCER DE MAMA] Luzia Faro Duarte

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Luzia Duarte - Meu nome é Luzia Faro Duarte, tenho 50 anos, sou professora e também me formei como juíza de mediação, mas nem pude exercer minha nova profissão e atualmente estou pelo auxílio doença do INSS.

Luzia Duarte - Em março de 2009 fiz minha primeira mamografia, e neste exame foi necessário fazer outros exames complementares, então, começamos uma jornada.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Luzia Duarte - Fiquei um pouco preocupada, pois já havia passado 5 meses de exames e as biópsias davam resultado negativo. No final de agosto de 2009 fui dispensada pelo médico devido aos resultados das biópsias, mas não me conformei com essa resposta e imediatamente procurei um mastologista que tinha um trabalho muito reconhecido e que rapidamente providenciou um novo exame de mamografia digital e marcou minha cirurgia mesmo com biópsias negativas.

Ele teve iniciativa para não esperar nenhum minuto a mais, pois tinha quase certeza que era neoplasia maligna. Assim sendo, fui operada por ele no dia 3 de novembro de 2009, e a suspeita do médico foi confirmada na mesa de cirurgia com a ajuda do aparelho de gama probe (procedimento para pesquisa do linfonodo sentinela): era neoplasia maligna com metástase na axila direita.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Luzia Duarte - Por incrível que pareça, não fiquei preocupada! O apoio que me foi dado – por parte do meu marido, minhas primas... Eles não deixaram que eu esmorecesse neste momento.

Instituto Oncoguia - Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?

Luzia Duarte - Ir para casa, me recuperar da cirurgia e em seguida, iniciar os demais procedimentos. O que ocorreu no dia 21 de dezembro de 2009, quando fiz minha primeira sessão de quimioterapia. Foram no total, 16 sessões, sendo 4 vermelhas e 12 brancas.

Instituto Oncoguia - Você já realizou o tratamento?

Luzia Duarte - Sim.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Luzia Duarte - Para mim o mais difícil foram as 30 sessões de radioterapia, pois após 15 dias de tratamento fiquei com queimaduras que ocasionaram um descanso de 15 dias e então isso trouxe mais cansaço, mas eu venci.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Luzia Duarte - Sim, durante a quimioterapia vermelha tive muita afta, enjoos e muito cansaço, mas me esforcei e não permiti que nenhum alimento saísse de dentro de mim (através de vômitos). Disse a mim mesma, "preciso de vocês dentro de mim” para que a minha imunidade permanecesse invicta.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Luzia Duarte - Excelente. Do mastologista fui encaminhada para o oncologista, que cuida de mim até hoje, é como se fosse parte da minha família.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Luzia Duarte - Meu mastologista, minha ginecologista e meu cardiologista.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Luzia Duarte - Sim.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Luzia Duarte - Também.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Luzia Duarte - Hoje estou na fase de exames para monitoração contínua e aguardando resultados, mas sempre confiante e dando força para aqueles que estão com medo. Aprendi que não devemos ter medo de nada e sim termos esperança de que amanhã será bem melhor!

Tenho vivido um dia de cada vez e aproveito tudo com muito carinho, amando o meu próximo e desfrutando de tudo que é bom. Através do meu laudo não me foi permitido retornar ao trabalho, para não ficar sem fazer nada, converso, ajudo pessoas, estimulo aqueles que estão sofrendo a não pensarem de forma negativa, pois o mesmo Deus, que permite, é o mesmo Deus que dá condição para passarmos por cima de qualquer circunstância.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Luzia Duarte - Primeiro, não se desespere, se quiser chorar, pode chorar, mas eu aprendi que chorar pode durar 5 minutos, mas a alegria de viver, tem que durar muito mais.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Luzia Duarte - É muito importante, eu aprendi desde que descobri que estava com câncer a pesquisar sobre minha cirurgia, o tipo de câncer que eu estava, o estágio, todo o tratamento em si, reações, e tudo mais, isso me ajudou muito, pude ajudar outras pessoas que fazem o tratamento e não sabem nem o nome do tratamento.

O conhecimento é muito importante, descobri até os alimentos que são importantes para mim, e a cada dia consigo ajudar outras pessoas a terem coragem de descobrir e aprender a conviver com as suas limitações.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Luzia Duarte - Sim, lendo e realizando pesquisas na internet (através do Portal Oncoguia e do INCA).

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? 

Luzia Duarte - Fazendo minhas pesquisas.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Luzia Duarte - A minha sugestão é que vocês continuem fazendo esse trabalho de orientação e buscando sempre ajudar através de mensagens para aqueles que nesse momento necessitam de esperança.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Luzia Duarte - Gostaria de dizer que não devemos deixar que o câncer nos vença, mas que nós tenhamos forças para lutar contra essa doença que virou uma epidemia mundial. Não devemos nos esconder das pessoas, das famílias, dos amigos e nem termos medo de falar a palavra "câncer"... Isso tem acontecido, quem passa por essa situação se esconde e acaba ficando sozinho e com isso, acaba morrendo, a morte não vem por causa do câncer, vem pela falta de esperança.