[CÂNCER DE MAMA] Patricia Faria Braga Silva

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Patrícia - Meu nome é Patricia Faria Braga Silva , moro em São Paulo, no bairro da Lapa e hoje tenho 39 anos.

Instituto Oncoguia - Qual o seu tipo de câncer?

Patrícia - Tive um câncer de mama grau 1, esquerda (carcinoma invasivo grau 1 mama esquerda).

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Patrícia - Em janeiro de 2012, estava na praia com meu filho e ele acabou batendo a cabeça no meu peito. Na hora que fui tomar banho senti um caroço enorme. Não tinha o costume de fazer o auto exame. Fui ao um ginecologista, ele examinou, levei minha antiga mamografia (havia feito o exame 8 meses antes) e ele disse que não era nada, que se tratava de displasia mamaria. Achei estranho porque o caroço era realmente grande. Fui em outro médico e ouvi a mesma coisa. Esse médico também disse que não haveria necessidade de outra mamografia, pois não havia nem dado um ano de intervalo.

Marquei um terceiro ginecologista e já fui ansiosa. Mal entrei e já expliquei. Pedi pra fazer outra mamografia, pois tem coisa errada. Ele disse também que não era nada só uma displasia e pediu que me acalmasse, já que faria um novo exame.

Fiz a nova mamografia e apareceu um nódulo bem pequeno no quadrante direito, mas o caroço grande ele tambem afirmou ser displasia e me pediu para passar em uma médica de confiança dele. Me indicou a minha mastologista (estou com ela até hoje), mas ele mesmo disse: "não é nada, deve ser só gordurinha!".

Fui na mastologista, ela olhou os exames e pediu pra me examinar. Aí mostrei: "olha, doutora, tem um nódulo aqui do ladinho", e a mastologista me vira e fala: "esse pequeno? Não é nada, mas esse caroço grande aqui em cima é um tumor, precisamos ver se ele é benigno ou maligno!".

Nesse minuto meu diagnóstico havia sido feito. Tinha certeza que estava com câncer!
Fiquei sem chão! A médica me abraçou e disse pra eu ter calma, que não sabíamos de nada ainda e que faria uma biópsia e uma ressonância dos seios.

Nesse dia chorei o dia todo, pensava que poderia morrer e deixaria meu filho sem mãe.
As lágrimas caiam do meu rosto, nao consegui segurar, mas fui trabalhar mesmo assim! Acredite, foi uma das poucas vezes que chorei.

Corri, fiz a ressonância e a biópsia. Eu estava certa, era câncer e por falta de um tinham três nódulos no seio esquerdo, o maior com quase 4 cm, justamente o que todos os médicos disseram ser displasia. Era um tumorzão!

Tive um certo impasse com plano de saúde, tentei fazer um plano melhor, mas virou uma confusão burocrática e acabei ficando com 2 planos de saúde.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Patrícia - Minha maior e minha única preocupação é o meu filhote. Tinha que sarar, pois meu filho não podia ficar sem mãe, e faria de tudo pra isso tudo

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Patrícia - A minha mastologista não atendia o meu plano de saúde antigo e fiz um novo pra poder passar em consultas. A oncologista foi um anjo e foi resolvido que faria quimioterapia primeiro, para tentar diminuir os nódulos, depois cirurgia e radioterapia.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Patrícia - Comecei a fazer quimioterapia em julho de 2012. Descobri a doença com o laudo da biópsia afirmando em 16 de maio de 2012. Fiz 13 sessões.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil?

Patrícia - Para mim, saber que os nódulos estavam dentro de mim era muito difícil. Queria operar logo, tirar, tinha medo que virasse metástase e meu filho ficasse sem mãe. Tive muito apoio do meu marido, Carlos. Sem ele não teria conseguido. Ele foi e ficou do meu lado em todas as sessões de quimioterapia e de toda a minha família. Mas o difícil mesmo era lidar com a reação das pessoas! Muitos olhavam com pena, outros olhavam como se você fosse morrer em breve e muita gente queria ajudar, mas não sabianem o que dizer. Lidar com as pessoas, pra mim, foi muito difícil, por isso criei o blog, pois publicava e mandava para a família e amigos para não ter que falar com as pessoas, não queria explicar, já não queria ninguém chorando perto de mim.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Patrícia - Tive efeitos colaterais, sim. Meu cabelo caiu, usei lenços coloridos etive muito enjoo no dia da quimio, mas ter mudado minha alimentação me ajudou muito a não ter tanto enjoo e não parei de caminhar, mesmo durante o tratamento. Lidar com a queda de cabelonão foi fácil!

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Patrícia - Meus médicos foram anjos que me salvaram. É assim que os vejo!

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Patrícia - Passei em consulta com o cirurgião plástico.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Patrícia - Então, durante a primeira sessão de quimio veio um psicólogo conversar comigo, porém, ele era vesgo e não consegui conversar com ele porque me dava vontade de rir, não consegui me abrir (sei que não é legal, mas era mais forte que eu) e acabei não indo ao psicoterapeuta durante o tratamento. Realmente estava bem, estava forte, me sentia forte e tinha que ser forte, pois meu filho dependia de mim.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Patrícia - Não busquei nenhuma ajuda profissional, mas ganhei um livro do meu tio Valter (o livro Anticâncer) e lá falava muito sobre alimentação. Com a ajuda do livro mudei radicalmente minha alimentação.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Patrícia - Terminei a quimio em dezembro e a radioterapia em abril de 2013.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Patrícia - Minha vida esta ótima, meu cabelo cresceu, consigo até secar com escova, mas me arrependo de não ter buscado ajuda psicológica. Depois que acabou a radioterapia, pirei, achava que iria adoecer, qualquer dor no corpo achava que estava com metástase e passei a ter crises de choro e a ficar muito nervosa! Fui ao psiquiatra e foi muito bom. Sempre tive preconceito, achava que era médico de maluco, que eu não precisava disso, até que minha oncologista disse que se eu não fosse ao psiquiatra ela não me atenderia mais. Fui e hoje sei que ela estava certa, foi e está sendo muito bom. Confesso que ainda tenho um pouco de vergonha, talvez até ainda um pouco de preconceito em contar que vou ao psiquiatra, mas aos poucos vou conseguindo me abrir e, como disse, esta sendo ótimo.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Patrícia - Trabalho em uma agência de atores, com comerciais de TV, sempre lidei com imagem, sinceramente não estou fazendo planos, quero só poder ver meu filho crescer e quero ser avó.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Patrícia - Que busque apoio e não tenha medo, pois a medicina está muito avançada e hoje o câncer não é mais uma sentença de morte.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Patrícia - A informação faz você não ter medo, faz você acreditar que pode sim encontrar a cura.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Patrícia – Sim, através de sites blogs e hospitais especializados.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Patrícia - Conheci o Oncoguia através de blogs de mulheres como eu e foi muito útil.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Patrícia - Que vocês continuem com esse apoio tão esclarecedor que ajuda a tantos.