[CÂNCER DE PULMÃO] Sylvia Matos

Quem conhece Sylvia Matos sabe do que estamos falando. Uma mulher guerreira, que tenta não se deixar abater (apesar de cansada) e diz que "não entrega o ouro nunca”. Ela, que tem 58 anos, e há 10 vem lutando contra vários cânceres, diz que adora conversar com outras pessoas sobre o assunto, principalmente, quando sabe que pode ajudar alguém que está passando pela mesma dificuldade: a luta pela vida.

"Minha filha estava terminando as provas do colegial e o meu filho já na faculdade quando descobri o meu primeiro câncer. Fui fazer um exame de rotina e meu médico me pediu algo mais específico para o pulmão. Lembro de receber o exame e abri-lo no primeiro momento. Estava no carro com meu marido, a caminho do médico. Virei para ele e disse: "eu tenho câncer, vou lutar e vencer a doença”. Apesar de eu me fazer de forte perto dele, perdi o chão. Quando cheguei ao médico (eu sou muito ansiosa e sabendo o dia que o resultado do exame iria ficar pronto, marquei o médico para a mesma data, não aguentaria esperar) ele me explicou tudo e foi muito sincero dizendo que era um câncer agressivo, que eu precisaria fazer uma cirurgia, e minha chance de passar pela operação era de 50%. Perdi o chão de novo, mas, queria ter feito a cirurgia naquela hora mesmo, dada a minha angústia e ansiedade”.

Sylvia passou pela cirurgia e se recuperou deste câncer. Entretanto, como ela mesma disse, quando se acha um câncer, acaba o sossego. E, por isso, em um desses exames de rotina, dois anos depois, descobriu um novo câncer, agora na mama.

"Meus cânceres vieram para mim nos anos ímpares. O primeiro foi em 2003, o segundo em 2005, e não pararam por aí. Este foi na mama direita e eu precisei fazer a mastectomia total. Felizmente, não precisei esvaziar a axila. Três meses depois, descobri um nódulo na mama esquerda, já com a axila comprometida. Este também teve que remover e, desta vez, fazer quimioterapia. Até então o meu tratamento era a retirada do tumor e fazer, no máximo, hormonioterapia. A princípio eu faria oito sessões de quimioterapia, mas, na sexta tive choque anafilático e não pude continuar. Então, parti para a radioterapia onde fiz 42 sessões".

Passado dois anos, Sylvia, mais uma vez em exames de rotina, descobriu sua primeira metástase e dessa vez foi nos ossos. Ela conta que tomou vários remédios e tinha momentos que melhorava e outros que piorava.

Sylvia, apesar de toda essa angústia, queria poupar os filhos e não deixava que eles participassem desde o começo do processo. Só falava do novo câncer quando estava com os exames em mãos e o tratamento certo a vista.
 
"Sempre fui a provedora, aquela que ajuda todo mundo. Não soube passar para o lado de lá. Poupava os meus filhos o quanto podia. Só falava da doença quando eu mesma já estava bem com ela e sabendo meus próximos passos. Eu não podia deixá-los apreensivos. Eles precisavam da minha força”.

Durante todos esses anos de luta, Sylvia diz que tem passado por tudo, com muita dignidade, também por conta de sua fé. Muito religiosa, é devota de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e, tinha certeza, que ela poderia se curar. Uma vez, fazendo quimioterapia oral, pediu ao médico para fazer uma viagem. Ele autorizou e partiu para uma aventura religiosa pela Europa, junto com o marido, eterno companheiro.

"Foi uma experiência e tanto. Fui por meio de uma agência que só fazia viagens do tipo e, por conta disso, conheci outras pessoas que fizeram o mesmo roteiro que a gente. Passei por muitas igrejas suntuosas, lugares lindos na Europa, mas o que queria mesmo era visitar a igreja da Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Além de eu ser devota a Ela, as partes marcantes da minha vida, como descoberta do câncer, ou cirurgia, ou internação, sempre aconteceram no dia Dela, 27 de novembro. Tenho uma relação muito forte com ela. E, então, lá fui eu e meu marido na igreja dela em um vilarejo na França. Lembro que meus colegas de excursão também fizeram questão de ir depois que eu contei sobre minha ligação com ela. Participamos de uma missa e eu, sem falar uma palavra em francês, cantei todas as músicas e me emocionei muito. Foi um dia muito especial. Quando voltei para o Brasil, refiz os exames e os médicos ficaram espantados: as marcas da minha metástase óssea estavam cicatrizadas. Atribui este milagre a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.”

Para frustração de Sylvia a doença voltou meses depois e ela se sentiu mal e envergonhada, já que tinha falado para todo mundo que tinha passado por um milagre. Os médicos a fizeram entender que este tipo de situação é normal. Às vezes as marcas cicatrizam de um lado e aparecem de outro. De toda forma, não parou de ter a fé na sua Santa, o que a motiva todos os dias.
 
Em 2009, Sylvia descobriu um nódulo no fígado e, desta vez, os médicos não quiseram fazer biópsia. Optaram ir direto para a radioterapia. No final de 2010, descobriu mais uma metástase, agora na meninge. O que tirou seu paladar e paralisou parte de sua boca.

Mesmo com todo este sofrimento, Sylvia diz que nunca pensou em desistir. Confessa que está cansada, mas, que não pode, nunca, entregar o jogo. Precisa se cuidar porque sabe que tem muita gente que precisa dela firme e forte.

"Minha sogra teve um AVC agora e ela precisa de mim. Meus pais são idosos e também precisam da minha atenção. Acabei de ter uma neta que é o que me faz querer viver bem todos os dias. Não posso desistir. Estou desanimada, claro, mas, desistir jamais. Tem horas que a gente fica mais animada e outras mais triste. Exemplo disso foi o Fórum que fui do Oncoguia. Fiquei tão animada, falando com as pessoas, brigando por nossos direitos, foi muito bom para mim. Mas, hoje, por exemplo, já fiquei bem triste, quando soube que terei que voltar para a quimioterapia injetável. São momentos e momentos. Preciso me apegar a um motivo para não ficar deprimida. E, graças a Deus, tenho esses motivos.”

Sylvia diz que o câncer a mudou de várias formas, mas, atualmente, o que ele a ensinou foi ser humilde. Ela conta que nunca precisou que ninguém fizesse nada por ela e nem gostava, o tempo das pessoas era diferente do seu. Hoje, tem de se conformar em ter que esperar e receber ajuda dos outros. "Tenho minhas limitações, apesar de não aceitá-las, preciso viver com elas. Hoje, não posso mais subir na cadeira e pegar o pacote de macarrão em cima do meu armário, preciso que alguém faça isso por mim, mas, tudo bem. Este é meu novo aprendizado. Vou saber viver com ele.”

Sobre o futuro, Sylvia diz que não faz mais planos a longo prazo. "Não posso fazer esses planos, prefiro o imediato ou, pelo menos, para a próxima semana. Não é que acho que vou morrer, mas, tenho que ser realista e responsável. Vou viver o agora e vivê-lo muito bem”.
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