[CÂNCER DE OVÁRIO] Enyceli Felix Trindade da Silva

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Enyceli Felix Trindade da Silva - O meu nome é Enyceli Felix Trindade da Silva, sou casada, tenho 38 anos, tive duas gravidez mais não fui bem sucedida, moro em Recife, sou formada em Ciências Econômica pela UFRPE, trabalho na Secretaria de Educação de Pernambuco, exercendo o cargo de Assistente Administrativo Educacional.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Eu sentia muitas dores do lado direito na região pélvica, constipação, urinava constantemente, estava inchada e sentia minha barriga crescer. Diante desses sintomas fui para o clínico geral, que diagnosticou uma infecção urinária, mas os sintomas continuaram. Então, fui a ginecologista, que passou um exame de sangue para saber se eu estava grávida. Diante do resultado do exame de sangue, que deu negativo, o meu marido exigiu da médica um exame mais detalhado, ultrassonografia pélvica. Esse exame diagnosticou um cisto, no lado direito da região pélvica. Quando levei para ginecologista, ela olhou os exames e disse que era necessário fazer uma ressonância magnética. Nesse exame ela chegou à conclusão que era um cisto, localizado no ovário direito. Quando busquei o cirurgião, que passou alguns exames de sangue e de imagem, no exame foi detectado anemia, derrame pleural direito, ascite e elevação no CA 125.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Quando recebi o diagnóstico de um tumor no ovário direito, então procurei estar serena para identificar um médico que pudesse me tratar.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Encontrar um médico que me passasse segurança para a realização da cirurgia e, além disso, que respeitasse a minha consciência de não utilizar sangue na cirurgia.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Enyceli Felix Trindade da Silva - O Dr. Américo Gusmão Amorim, cirurgião geral, realizou a minha cirurgia com sucesso em 22/05/2012, encaminhando-o os órgãos retirados na cirurgia para biópsia, que deu um adenocarcinoma seroso moderadamente diferenciado, encapsulado de 15x13x12. Com o resultado na mão fui encaminhada para fazer quimioterapia, na Oncoclínica, com a oncologista Dra. Eliane Trigueiro.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Enyceli Felix Trindade da Silva - No mês de julho de 2012 iniciei o tratamento de quimioterapia. No inicio a quimioterapia era toda semana, mas no quinto ciclo passou para ser de 21 em 21 dias, completando oito ciclos no dia 18.02.2013.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Os dois tratamentos são difíceis, tanto a cirurgia quanto a quimioterapia. Logo após a cirurgia fiquei com muitas dores no corte e no corpo, devido a anestesia geral e na quimioterapia sentia muitas dores nas pernas e nas mãos.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Sim, tive vários efeitos colaterais, o pior é a diarreia e a dormência nas mãos e nas pernas.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Enyceli Felix Trindade da Silva - A minha relação com o cirurgião e oncologista foi ótima. Não tenho que reclamar, ambos me atenderam bem e se empenharam na minha cura.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Nutricionista, enfermeiras e atendentes.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Não precisei.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Sim, durante a quimioterapia fiz uma consulta com a nutricionista, com a finalidade de ela passar o cardápio rico em ferro. Depois da quimioterapia continuo sendo acompanhada pela nutricionista, pois engordei 12 kg com a quimioterapia.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Graças a Deus, já finalizei em 18.02.2013.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Retornei ao trabalho com uma carga horária menor, estou fazendo academia e fazendo uma dieta, já consegui perder 3 kg e pretendo perder mais 9 kg. Faço acompanhamento na oncologista trimestralmente e com a nutricionista mensalmente.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Enyceli Felix Trindade da Silva - No trabalho fui bem recepcionada pela equipe, que compõe a Escola Santa Sofia no Município de Camaragibe, Estado de Pernambuco. Os planos são: cuidar melhor da minha saúde, com alimentação balanceada e atividade física, mostrar para as pessoas que tem câncer que hoje existe tratamento da doença e incentivar a prevenção através da aplicação do questionário no consultório com um ginecologista.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Estar sereno, para buscar um tratamento de melhor qualidade.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Saber detalhes sobre o câncer de ovário é importante para que possa questionar com seu oncologista suas dúvidas, saber como lidar com a doença no que diz respeito aos métodos de prevenção, para que não ocorra a recidiva do câncer.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?De que maneira?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Sim, busquei informação pela internet, em livros e principalmente com a minha médica Oncologista e Nutricionista.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Fazendo pesquisa sobre o câncer de ovário.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Enyceli Felix Trindade da Silva - Levar a proposta de fazer um questionário, quando as mulheres forem ao ginecologista, para as redes sociais e transformá-la em um projeto de lei.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Eu tenho condições financeiras de ter um plano de saúde e consequentemente ter a oportunidade de obter um bom atendimento e tratamento para a cura do meu câncer de ovário, mas tem outras mulheres que não tem a mesma oportunidade. Nós quanto cidadãos pagamos impostos, que entram para os cofres públicos caracterizando uma receita tributária, então cabe ao governo gastar de forma que o contribuinte venha obter a redução do risco doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Venho demostrar a minha indignação quando vejo este caso:

Uma jovem de 24 anos, moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, está há cerca de um ano com um cisto no ovário e, até agora, não conseguiu atendimento na rede pública de saúde para solucionar o problema. A paciente alega que foi tratada com descaso por vários médicos que a atenderam. Por conta da doença, a barriga da paciente cresceu tanto que ela é constantemente confundida com uma mulher grávida. O caso foi postado em uma rede social e várias pessoas se propuseram a ajudá-la.

Gislaine Barbosa da Silva é balconista e tem uma filha de dois anos. Ela conta que começou a desconfiar que havia algum problema em fevereiro de 2012. "Eu passei a notar que a minha barriga começou a crescer. Minha mãe marcou duas vezes para ir no médico, mas eu não fui para não faltar no serviço. Fui deixando e as pessoas me falavam que era o começo de uma gravidez, mas eu sabia que não era. Eu usava uma cinta, por achar que era gordura, até que chegou uma hora que nem a cinta escondia e começou a doer", explica.

Além das dores físicas, principalmente na barriga e nas pernas, Gislaine também sofre com as brincadeiras e o fato de sempre a confundirem com uma mulher grávida. "Minha vida virou um caos. Eu não consigo trabalhar há 15 dias. Todo mundo no serviço perguntava se eu estava grávida, queriam me dar carrinho de bebê e até roupas. No começo eu levava na brincadeira, dava risada, mas agora dói muito. Toda hora alguém pergunta. Até hoje tem gente que não acredita", lamenta.

A jovem só fez a primeira consulta em novembro de 2012, no Guarujá/SP. "Minha mãe marcou um médico de novo. Como eu estava de férias, acabei indo em um clínico geral. Ele ficou admirado com o tamanho da minha barriga e perguntou se eu poderia fazer um exame de ultrassom particular, porque pelo SUS ia demorar muito. Fiz no dia seguinte e três dias depois voltei no mesmo médico. Ele disse que o cisto estava com 23 centímetros, mas não conseguiu identificar em que órgão estava localizado. Em seguida ele me mandou fazer exames pré-operatórios e, depois, fui encaminhada para o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos", conta.

Segundo Gislaine, foi no hospital de Santos/SP que ela começou a ser tratada com descaso. "Lá me encaminharam para um cirurgião que operava cisto de pele. Ele perguntou o que eu estava fazendo ali e se eu estava grávida. Quando eu disse que era um cisto, ele riu da minha cara e não acreditou. Depois pediu para eu marcar com outra médica. Me mandaram para uma que opera hérnia, que também não me atendeu. Depois marcaram com um ginecologista, mas havia data disponível apenas para junho. Só no dia 2 de abril, quando minha tia pagou um médico particular, consegui descobrir que o cisto era no ovário esquerdo", relata.

Com os exames na mão, Gislaine voltou ao Guilherme Álvaro e, segundo ela, mais uma vez foi mal atendida. "O médico não olhou na minha cara e disse que só operava câncer. Depois a recepcionista disse que quem fazia esse tipo de cirurgia pediu demissão há um ano e não tinha mais ninguém que fazia isso. Teria que recorrer à Secretaria de Saúde de Guarujá para tentar a cirurgia", diz.

Gislaine está indignada com o desdém. "Os poucos médicos que me trataram bem disseram que o caso era urgente, mas na recepção falaram que nada é urgente. A médica que fez o exame transvaginal ficou assustada com o tamanho do cisto. Ela não conseguiu chegar até o final dele e disse que já está perto do estômago. Outro médico disse que deve ter uns 10 litros de líquido na minha barriga", descreve a jovem.

Agora, Gislaine espera ser atendida no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, para onde encaminhou todos os exames que fez até então. "Estou esperando uma resposta, mas por enquanto ninguém me passou nada, nenhuma definição, nenhuma data. Não aguento mais. Já passei por vários médicos e hoje não consigo nem segurar minha filha", relata.

Rede social

A auxiliar administrativa Flávia Cesar Amaral postou uma foto de sua prima Gisleine, juntamente com um texto explicativo, em uma rede social na internet. Em poucos dias, a repercussão foi grande, surpreendendo as duas. "Depois que a minha prima postou na web, várias pessoas se dispuseram a ajudar. Até médicos. Mas até agora não tenho certeza de nada. Já ofereceram até vaquinha para pagar uma cirurgia particular", conta Gislaine.

Flávia diz que teve a ideia por não aguentar mais ver o estado da prima. "A princípio, eu nem esperava que tanta gente fosse compartilhar. Talvez se tivéssemos essa ideia antes, o problema dela já teria até sido resolvido. E também é uma maneira de alertar as pessoas. Tem muita gente passando por isso e sofrendo com o mesmo preconceito", conclui.

Cisto

De acordo com especialistas, os cistos ovarianos são frequentes nas mulheres em idade reprodutiva e, na maioria das vezes, são achados em exames ginecológicos de rotina. Os cistos volumosos, que alcançam diâmetros superiores a 15 centímetros, são mais raros, mas existem. Nessa condição, as dores são comuns, devido à compressão nos órgãos vizinhos, e há um aumento do volume abdominal, muitas vezes confundido com gestação.

Outro lado

Por meio de nota divulgada pela sua assessoria de imprensa, o Hospital Guilherme Álvaro esclarece que não procede a informação de que a paciente não recebeu atendimento adequado na unidade. O hospital afirma que ela foi atendida e avaliada em todas as ocasiões em que compareceu ao local, foi encaminhada para outras especialidades, de acordo com os resultados das avaliações. Ainda segundo a nota, a paciente foi atendida na última segunda-feira (29) por um ginecologista, quando foi pedido um exame de ultrassom, que está agendado para a próxima semana, na própria unidade. O hospital informa, ainda, que todos os profissionais são orientados a tratar os pacientes com respeito e cordialidade. Tal orientação será reforçada. A unidade se coloca à disposição da paciente para quaisquer esclarecimentos.
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