[CÂNCER DE INTESTINO] Melissa Cristina Costa Bueno

Melissa Cristina Costa Bueno, diagnosticada com câncer de intestino, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.

Leia abaixo a história de Melissa Cristina Costa Bueno.

Hoje estou aqui pra contar a minha história! Sou Melissa Cristina Costa Bueno, tenho 31 anos, sou assistente social de um hospital geral do Estado em Londrina-PR.

Em outubro de 2012 comecei a ver que havia algo errado comigo, todas as vezes que ia ao banheiro eu sangrava, então, resolvi procurar o médico, fiz alguns exames, e no dia 24 do mesmo mês fui diagnosticada com câncer no cólon, ou seja, no intestino, mais precisamente no sigmoide. No dia da notícia fiquei muito chocada, triste, chorava sem parar, tremia muito, e nem sabia ao certo o que perguntar para o médico, ainda bem que eu estava acompanhada do meu marido, que foi tirando todas as dúvidas com o médico, porque eu nem conseguia raciocinar naquele momento. Só me lembro do médico dizendo que no início não seria necessário radioterapia e nem quimioterapia, que a princípio a primeira coisa a fazer seria mais alguns exames para uma posterior cirurgia, que deveria ser marcada com certa urgência. O médico estava super chateado de me dar tal notícia, visto que somos colegas de trabalho num hospital geral aqui de Londrina; só sei que após o susto ele me perguntou se eu gostaria de uns dias de atestado médico para digerir melhor tudo isso, e na hora respondi que não, que queria só do período em que estive no consultório e que daquele momento em diante já ia começar a fazer todos os exames pré-cirúrgicos para que a cirurgia fosse marcada o mais rápido possível, e assim o fiz, voltei para o trabalho e continuei a passar os dias como se nada tivesse acontecido, mas sempre com certo medo de tudo que eu teria que passar.

E no dia 17 de novembro de 2012 foi realizada a cirurgia, meu médico, seu assistente e toda equipe cirúrgica foram excelentes para que eu me sentisse segura, enfim a cirurgia foi um sucesso, e a recuperação nem se fala, tudo ocorreu da melhor maneira possível. Após 10 dias da cirurgia, recebi a notícia de que para um melhor tratamento e prevenção seria melhor realizar algumas sessões de quimioterapia, assim, fui encaminhada para um médico oncologista clínico, indicado pelo meu médico, e lá fui informada de que seriam necessárias 12 sessões de químio para um melhor resultado e tratamento completo, e avisada que seria necessário uma intervenção cirúrgica para colocar um cateter, e que no tratamento eu passaria 46 horas com um bolsa de infusão para receber a medicação, mas que eu poderia voltar pra casa, e passado às 46 h eu voltaria para retirar a tal bolsa, e que o médico gostaria de começar o tratamento em poucos dias, ou seja, antes das festas de Natal e Ano Novo, a única notícia boa, pelo menos pra nós mulheres, era que meu cabelo ia diminuir, ficar fraco, mas que eu não ficaria careca. Foi aí que vivi o momento mais difícil de aceitação de que o tratamento com quimioterapia seria mesmo necessário, o medo da implantação do cateter e de como meu organismo ia reagir com tais procedimentos foi enorme. Mas, enfim, no dia 13 de dezembro foi implantado o cateter e deu tudo certo, e no dia 19 de dezembro iniciei a primeira químio, como foi difícil, quanto medo eu senti. Nas primeiras 46 h foi tudo muito tranquilo, mas após, comecei a ter náuseas, muita fraqueza, e tive que ser hospitalizada por 2 dias seguidos, passei duas tardes no hospital, foi muito ruim, quase desmaiei, e depois de todo esse susto, os sintomas diminuíram e os dias foram ficando melhor. Na segunda químio ainda tinha algumas reações, mas nada comparado ao que senti na primeira, e daí em diante os sintomas foram diminuindo, até que sumiram de vez, ficando só a fraqueza por alguns dias. Costumo dizer que passo 4 dias "off” do mundo e 10 "on”, pois tomo algumas medicações para não sentir náuseas e outras reações, e elas me dão muito sono.

Agora estou na etapa final, caminhando para a penúltima químio, e me sentindo muito bem, feliz, e com muita saudade do meu trabalho.

Não posso deixar de dizer que, a companhia, o cuidado do meu marido, meus pais, familiares e amigos, foram de suma importância nesse processo, porque eles sempre estiveram ali do meu lado em todos os momentos, me dando força, coragem, incentivando e me fazendo feliz nos momentos mais simples! Hoje posso dizer que passar por tudo isso não foi fácil e não é fácil, mas que aprendemos demais com tudo isso, eu, meus familiares, meus amigos. Posso até dizer que agradeço a Deus por tudo, pelos momentos difíceis e por ELE me mostrar os presentes que tenho na vida, que são minha família e meus amigos, que são meus bens mais preciosos, e aprendi que a felicidade está nas pequenas coisas, em pequenos gestos e nos momentos em que menos esperamos, e que o simples fato de ter uma família e amigos já faz toda a diferença e nos faz muito feliz! E dizer sim, nós podemos ser felizes com pouco! Agora eu valorizo muito mais tudo que tenho, aprendi a enxergar a vida com outros olhos!