[CÂNCER COLORRETAL] Pierre Torregrossa

Pierre Torregrossa, diagnosticado com câncer colorretal, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.

Leia abaixo a história de Pierre Torregrossa.

Meu nome é Pierre Torregrossa, faço 51 anos em março de 2013, sou casado há 21 anos, tenho um filho de 18 anos, sou Farmacêutico formado há 26 anos e minha esposa é Fisioterapeuta, portanto ambos somos da área da saúde o que nos ajudou muito a compreender com o que estávamos lidando.

Sempre soube que sangramento nas fezes não é normal, nunca tive nenhum sinal de hemorroidas, fissuras etc., meu intestino sempre foi normal, como se diz popularmente "um reloginho”, portanto ao primeiro sinal de sangramento, muito pouco no papel higiênico, fiquei em alerta. Passou-se uma semana e nada de cessar o sangramento, pelo contrário aumentou, e agora com odor e secreção, senti que já era hora de procurar ajuda profissional.

Somos de uma cidade pequena do litoral norte paulista, tenho irmão médico, portanto, contato próximo com quase boa parte dos profissionais de saúde, peguei o telefone e liguei para um gastro amigo, relatei o que estava ocorrendo e ele sem titubear se colocou à disposição e no mesmo dia pediu que viesse a sua clínica. Fez exames clínicos e solicitou todos os exames necessários – hemograma, ultrassom e marcou uma colonoscopia. Imediatamente corri atrás de tudo, num prazo de uma semana já havia feito até a colonoscopia, onde foram retiradas amostras para exame citopatológico e retirada de um pólipo retal. Pedi ao gastro que não me escondesse nada pois estava preparado psicologicamente para o que viesse. Ele primeiramente ligou ao meu irmão, são colegas, e veio me dizer que havia uma grande suspeita de ser um adenocarcinoma no sigmoide, estenosante e infiltrante, pequeno e isolado. Me lembro de ter me entregue dois vidros com amostras e que entrasse em contato com um centro especializado para esse tipo de análise pois se fosse pelo SUS demoraria pelo menos de 20 a 30 dias. Em 4 dias chegou o resultado e já havia feito uma tomografia na mesma semana. Confirmada a suspeita médica, o resultado foi um adenocarcinoma de grau II moderadamente diferenciado, logo chegou o resultado da tomografia também. Mas a colonoscopia foi fundamental.

Após esta fase, a gente fica meio perdido quanto a que profissional procurar; oncologista, coloproctologista, gastro e também como encaminhar toda informação recebida pois aqui não existe profissional e lugar para fazê-lo. A insegurança bate, pois não possuo convênio médico e uma cirurgia deste porte demanda de um grande capital. Bom, meu irmão médico me indicou um oncologista de referência na cidade próxima, já o conhecia pois foi médico de minha mãe. Neste meio tempo, confirmei com os demais familiares angustiados e ansiosos que estava sim com um tumor e que teria que retirá-lo o quanto antes. Foi neste momento, questão de aproximadamente 2 dias, meu outro irmão (gêmeo) me liga, pois ele utiliza mídias sociais em seu trabalho, pedindo que anotasse os telefones fixo, particular e profissional de um amigo de infância que já sabia que era médico mas não sabia que era coloproctologista, e que havia conversado com o irmão deste médico via facebook e que ele já teria contatado seu irmão, que me operaria até de muleta se precisasse! Imediatamente liguei para o médico, que já sabia de tudo e pediu que no dia marcado levasse tudo que tinha em mãos pois ele viria para a cidade pois sua família era daqui. No dia marcado levei todos os exames, me lembro bem, na casa de sua mãe, ele me levou para o quarto com uma folha de papel e caneta na mão. Abriu todos os exames, ficou alguns minutos olhando tudo e me perguntou se tinha alguma dúvida em relação ao que tinha, eu respondi que sabia com clareza, então logo me perguntou o que eu queria fazer. Respondi: quero retirar. Ele então me olha nos olhos e diz, vou te operar daqui uns 15 dias se você concordar, fique à disposição para desistir ou procurar outro profissional, na mesma hora concordei e disse que seria com ele que faria a cirurgia. Perguntei a ele qual o custo que deveria me dispor para tal cirurgia, incluindo hospital e seu trabalho profissional, ele me responde, arrumei para você Pierre um hospital público estadual e não teria custo (SUS), então Doutor quanto seria o seu trabalho?, prontamente me reponde, nada pois seria antiético cobrar alguma coisa pois sou o responsável desta especialidade no hospital. Fiquei completamente em êxtase e muito feliz. Sai dali completamente orgulhoso de ter amigos e não ter me reprimido quanto à divulgação do que tinha, pois pessoas me disseram que não deveria ficar falando o que tinha pois isto me prejudicaria profissionalmente. Quanto preconceito e ignorância!

As coisas só aconteceram pois em momento algum me entreguei, tinha consciência do que tinha e estava preparado psicologicamente para o que viesse. O fundamental foi que tinha aberto o jogo com todos os familiares, que era um câncer com grande chances de cura e que não se desesperassem. Percebi que além de administrar minhas angústias pessoais e inseguranças tinha que administrar muito mais as pessoas que estavam próximas a mim como meus familiares e amigos que não entendiam da doença. Na data marcada e com todos os exames pré-operatórios em mãos parti para o Hospital e no dia marcado fui operado. Hoje me encontro na primeira quinzena pós-operado, me recuperando, com uma dieta branda e caminhando muito, pois a cada caminhada me sinto muito melhor. Sei que ainda vem uma jornada para uma cura plena, ainda vou passar por um oncologista para se estabelecer um protocolo de quimioterapia e exames, mas me sinto um vencedor e Deus esteve comigo a cada momento desta batalha e mais uma vez digo a todos que ter amigos é mais importante do que ter dinheiro. Foram eles que nos momentos mais difíceis me carregaram no colo literalmente, sem esquecer jamais das auxiliares de enfermagem, enfermeiros e enfermeiras, psicólogos, assistente social e nutricionistas deste Hospital que foram meus anjos da guarda nos dias e longas madrugadas que passei após uma cirurgia deste porte. Me sinto muito bem, se pudesse voltaria agora mesmo ao trabalho, amo minha profissão e adoro o que faço, mas não é possível ainda, vou fazer tudo para estar curado e voltar bem.

Gente, a informação é fundamental, ter apoio dos familiares e amigos também, mas eles tem que estar tão conscientes e esclarecidos quanto nós, pois só assim você se sente seguro e enfrenta de uma maneira positiva toda esta situação.

Sabe onde se produz o hormônio da felicidade, do prazer (serotonina)? No intestino. Deixei de ser "enfezado”. (risos)
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