[CÂNCER COLORRETAL] Milena Monteiro

Milena MonteiroInstituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Milena Monteiro - Meu nome é Milena, tenho 30 anos, moro em Recife, Pernambuco. Sou aficionada por todo tipo de arte, adoro praticar exercícios, e me divertir com minha família e amigos, jogar vídeo game, aprender novas línguas etc.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer colorretal?

Milena Monteiro - Descobri que tinha um tumor no reto médio/superior em abril de 2012. Sempre tive o intestino preso, e há cerca de 3 anos aconteciam episódios de sangramento nas fezes. Como era esporádico, não dei importância julguei ser apenas hemorroidas. Com o tempo o sangramento se tornou frequente e mais intenso, foi quando decidi procurar o médico e com a colonoscopia e biópsia constatou-se um tumor maligno de 8 cm.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Milena Monteiro - Fui pegar o resultado da biópsia sozinha e não tive coragem de abrir, pois já havia pesquisado e pelo tamanho, as chances de não ser maligno eram muito pequenas. Quando abri e li: "Adenocarcinoma intestinal maligno” chorei copiosamente. Achava que iria morrer. Só pensava em tudo o que eu ainda tinha para viver. Afinal só tinha 29 anos. Tive raiva do mundo, de Deus, afinal estava com um câncer que ocorre aos 60 anos, e aos 50 quando tem casos na família. Na minha família só tem caso de câncer de mama e útero.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Milena Monteiro - No momento eu só conseguia pensar que não poderia mais ter filhos. Não pela quimioterapia, e sim pela radioterapia. Minha mãe havia tido câncer de mama em 2007, e eu já sabia de muitas coisas, que a químio poderia influenciar temporariamente, mas a radio poderia trazer um dano permanente, pois a região era muito próxima dos ovários. Pesquisava e não conseguia achar nenhum caso igual ao meu com alguma mulher em idade fértil.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Milena Monteiro - Recebi o carinho e o apoio de toda minha família, do meu namorado e da família dele também. Precisei de remédio para dormir, mas na mesma semana já fui ao coloproctologista, e já tinha marcado minha primeira ressonância. Nos primeiros contatos com os médicos fiquei mais tranquila, pois todos diziam que eu tinha um bom prognóstico, uma boa chance de cura, pois as células malignas eram bem diferenciadas, o que indicava que responderiam bem ao tratamento.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Milena Monteiro - Sim. Foram 2 ciclos de quimioterapia junto com 28 sessões de radioterapia para diminuição do tumor, 30 dias depois fui operada. Não fui ostomizada (bolsa coletora de fezes) e a cirurgia foi ótima, por vídeo, e ser jovem contribuiu para o sucesso dela. Depois fiz mais 8 sessões de quimioterapia, por conta de um linfonodo com metástase encontrado na biópsia da retirada de 12 cm de intestino grosso/reto.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Milena Monteiro - A radioterapia foi o mais difícil. Tive diarreia todos os dias. A minha pele teve queimaduras profundas entre as nádegas, o que me impedia de andar, sentar e até dormir de costas. O momento de evacuar era horrível, sentia como se tudo estivesse ferido, mesmo quando só passava líquido. Chorava muito sempre que ia ao banheiro por conta das dores. A radio foi a vilã para mim, eu não ligava para o cabelo, pedia a Deus que me deixasse careca, mas não me deixasse infértil...

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Milena Monteiro - O cabelo cai, mas não todo, em compensação era uma semana inteira muito fraca. Durante as químios pós-cirurgia as fezes era muito duras, mesmo comendo apenas líquido. Eram dias horríveis, muitas dores e sangramento. Cheguei a pesar 49 kg, tendo começado o tratamento com 55 kg. Mas o pior efeito ainda persiste, mesmo 6 meses após o término do tratamento, que é a neuropatia periférica. Com o pé e os dedos das mãos dormentes, não conseguia segurar objetos, nem fazer coisas básicas como abotoar a blusa ou o sutiã. Aos poucos tem melhorado.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Milena Monteiro - Ótima. Principalmente minha oncologista, que sempre me recebe com um sorriso. Posso me considerar com muita sorte, pois tive o privilégio de ter ao meu lado ótimos profissionais.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Milena Monteiro - Além dos médicos, as enfermeiras e técnicas de enfermagem da químio, os técnicos de radiologia da radioterapia, os atendentes, os profissionais de copa e limpeza, todos atenciosos e carinhosos.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Milena Monteiro - No centro onde fiz quimioterapia havia uma psicóloga, que antes de cada químio conversava comigo, para saber como estava me sentindo durante o tratamento.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Milena Monteiro - Não, apesar do centro de quimioterapia disponibilizar, mas não procurei.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Milena Monteiro - Finalizei em fevereiro de 2013, foram 11 meses.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Milena Monteiro - Quase normal. Voltei a trabalhar, mas ainda preciso ir a muitos médicos, fazer muitos exames e tratar das sequelas como disco-artrose na coluna, e outros problemas ginecológicos e de fertilização. Fiquei com ovários diminuídos e hormônios em nível de menopausa.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Milena Monteiro - Sou funcionária pública, trabalho no setor administrativo de uma escola, mas sou formada em design e concluí este ano uma especialização EAD que havia dado início antes do tratamento, e graças a compreensão da instituição consegui concluir, mesmo durante o tratamento. Meus planos para o futuro é estudar mais, mestrado, e também conseguir ter meu próprio negócio! Também pretendo dar início aos preparativos do meu casamento! A vida está apenas começando!

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Milena Monteiro - Chore. Brigue com o mundo. Você tem esse direito. Mas logo depois, aceite e comece a lidar com a doença. Tenha em mente que você tem o poder de fazer e mudar tudo o que estiver ao seu alcance. O que não estiver deixe com os médicos e com a força maior que nos guia. Acredite que tudo é possível, até mesmo que não seja. Sorria e faça aquilo que você tem vontade, você pode.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Milena Monteiro - Muito importante! Munido de informação você questiona seu médico, e até oferece outras opções em várias situações.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?De que maneira?

Milena Monteiro - Sim. Sempre pesquisava as coisas na internet, lia de blogs a artigos científicos. Questionava meus médicos, minha cunhada que também é médica. E é assim que pretendo continuar para melhorar minha qualidade de vida após o câncer, pois tive muitas sequelas as quais ainda não sei se serão definitivas.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Milena Monteiro - Conheci através de um grupo que faço parte, numa rede social de mulheres que têm ou tiveram câncer.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Milena Monteiro - Que continuem com o belo trabalho. No dia que entrei no site e vi a primeira entrevista, li todos os casos parecidos com o meu. É muito bom quando encontramos alguém que viveu algo parecido, não nos sentimos sozinhos. Isso é muito importante para quem vive essa doença.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Milena Monteiro - Eu não sabia. Mas creio que o meu pedido é igual ao de muitos brasileiros. Sou privilegiada, pois tenho plano de saúde e tive acesso a um bom tratamento. Mas vários brasileiros não têm esta sorte. E o que os políticos podem fazer é exigir melhores tratamentos e condições a essas pessoas. O câncer ainda é uma doença muito cruel, que quando não mata, deixa consequências, muitas vezes, indesejáveis. Precisamos do apoio, físico e emocional. Não nos deixem de lado, somos preciosos. Somos importantes.
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