[REPORTAGEM] Pesquisa Clínica, Sinônimo de Oportunidade
Você, paciente, já ouviu falar em pesquisa clínica? O que este termo te remete?
Podem agora estar passando por sua cabeça uma série de divagações, dentre elas a percepção de que pesquisa clínica quer dizer aquilo que transforma as pessoas em ‘cobaias humanas’, ideia errônea e nocivamente difundida por anos a fio, e que impede centenas e centenas de pacientes de concorrerem a terapias de ponta ainda indisponíveis no mercado.
Por quê?
Pesquisa clínica é o processo de investigação científica que se destina a ‘responder’ uma pergunta sobre determinado medicamento ou procedimento, ou seja, avaliar a sua segurança ou eficácia. Todo e qualquer medicamento ou procedimento em saúde, para ser lançado e aprovado por agências de regulação de cada país, passa por uma criteriosa avaliação do estudo e seus métodos, que se inicia muito antes que ele seja utilizado em seres humanos em 4 diferentes fases.
As Fases - Na Fase I, a medicação é testada em pequenos grupos geralmente compostos de indivíduos saudáveis; na Fase II, com grupo um pouco maior, avalia-se a eficácia da medicação e obtêm-se informações mais detalhadas sobre a sua segurança, sendo os resultados da etapa positivos, inicia-se a Fase III, com um número que aumenta para 100 a 1000 pessoas. Nesta etapa, os pacientes são divididos em 2 grupos, um que recebe o tratamento padrão e o outro a nova medicação; por fim, na Fase IV, confirma-se se os resultados obtidos na fase III são aplicáveis em grande parte da população com determinada doença que está em investigação, sendo que nesta fase o medicamento já foi aprovado para ser comercializado e se destina para acompanhar os efeitos à longo prazo.
Pesquisa Clínica = Oportunidade
Pesquisa Clínica, define o Prof. Dr. Roger Chammas, coordenador do Centro de Investigação Translacional em Oncologia (CTO), do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), é sinônimo de oportunidade.
A oportunidade de fazer uso de terapias inovadoras.
"O que acontece hoje na área de oncologia, e em muitas áreas mais novas da medicina, é que nós ainda não sabemos qual o melhor tratamento, qual a melhor conduta a seguir, por diferentes razões: Porque é uma doença nova, porque é complexa e porque, na realidade, o câncer não é uma única doença (...) são muitas doenças. Assim, é ilusório achar que um único tratamento cura ou estabiliza a doença de todo o grupo de pacientes”, explica.
De fato. Quantos pacientes que você conhece ou já ouviu falar, têm o mesmo tipo de câncer que o seu, mas o medicamento que você usa não lhes surtiu efeito? Quantos deles já se utilizaram da primeira, segunda, terceira linha de medicamentos, sem que a doença regredisse ou estabilizasse?
É justamente a esses pacientes, aos quais as possibilidades terapêuticas se esgotaram, que a participação em uma pesquisa clínica significa ocasião mais que favorável, pois além de vislumbrar uma nova chance de cura ou controle da doença, serão acompanhados minuciosamente por uma equipe multiprofissional preparada e extremamente criteriosa.
Foi o que aconteceu com a professora Adriana Ferreira Van Deursen, de 48 anos. Acometida pelo melanoma em 2001, e com metástases que surgiram 9 anos depois em diversas regiões do corpo, a paciente foi tratada com dois medicamentos, um após o outro, que além de não surtirem resultado positivo, ainda repercutiam em efeitos adversos importantes, que em determinada oportunidade levaram-na para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Paciente do Hospital São José (SP), que abriga um Centro de Pesquisa, seu oncologista a convidou para fazer parte de um protocolo.
"Passei por mil exames, para que verificassem se eu era (ou não) uma candidata, e quando tive a resposta positiva, fui com tudo! É claro! Era a minha chance, pois nada mais funcionava para mim”, lembra. Ela comenta, em tom emocionado, que a "esperança foi devolvida pela pesquisa clínica”, pois há dois anos está livre da doença.
Você sabia?
A ideia de
ser cobaia em Pesquisa Clínica é a que mais assusta o paciente. Esta
percepção é resultado do que aconteceu no passado, sobretudo durante a
Segunda Guerra Mundial, quando os médicos nazistas utilizavam prisioneiros
para realizar experimentos em seres humanos. Como consequência dessas
atrocidades cometidas, foi elaborado um documento para proteger quem
participa de Pesquisa Clínica: o Código de Nuremberg. O documento deixa claro
que a participação em estudos clínicos deve ser voluntária e que o paciente
pode sair da pesquisa ou do estudo a qualquer momento. Durante a década de
90, Japão, Estados Unidos e alguns países da Europa discutiram as regras para
a condução da Pesquisa Clínica. A International Conference on Harmonization (ICH)
gerou um documento, o GCP (Good Clinical Practice ou Boas Práticas Clínicas),
padronizando mundialmente as regras da Pesquisa Clínica. Atualmente todos os
Centros de Pesquisa do mundo inteiro devem seguir o GCP. |
Autonomia e Respeito
"Um paciente é geralmente convidado por seu médico a participar de um protocolo de pesquisa, mas a sua vontade é o fator de definição. Sempre se respeita a autonomia do paciente. Seu desejo de entrar e, eventualmente, de sair da pesquisa.”, afirma Dr. Roger.
A autonomia e respeito ao sujeito de pesquisa são garantidos mesmo antes que ele inicie o processo, através do chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), documento que contêm toda e qualquer informação sobre a pesquisa da qual fará parte: a importância na participação; a forma como será realizado o estudo; como será o seu acompanhamento; que riscos corre; quais são os benefícios esperados e as possíveis complicações; os possíveis efeitos adversos; as outras possibilidades de tratamento existentes; como o medicamento será administrado; quem são os responsáveis pela pesquisa e os seus contatos; qual o Comitê de Ética que aprovou a pesquisa e como será feito o ressarcimento de despesas decorrentes (como transportes e alimentação), entre outros.
Adriana lembra que além de ter adentrado na pesquisa "às claras”, ciente das questões relativas ao tratamento, teve a chance de recebê-lo totalmente de graça. "A internação, o medicamento, os exames... tudo gratuito. Tudo isso sem contar o completo monitoramento da equipe que fazia parte da pesquisa”.
Dr. Roger pontua que o Brasil amadureceu muito desde 1996, quando foi publicada a Resolução 96, que determina as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos no país.
"Felizmente vivemos um momento em que toda a comunidade tem um altíssimo grau de profissionalismo e sabe se comportar diante de quaisquer questões relativas à pesquisa clínica, com absoluto respeito ao sujeito de pesquisa”, afirma.
Um Benefício a Você e ao Outro
Além das inúmeras vantagens pessoais de se participar de um protocolo de pesquisa, você estará colaborando com o desenvolvimento científico e o combate ao câncer.
Já pensou nisso?
Pois reflita e converse com seu médico sobre a possibilidade de fazer parte de um protocolo de pesquisa clínica. Existem muitos protocolos abertos no país, e algum deles pode representar uma nova opção de tratamento para você!
Você pode tirar suas dúvidas sobre Pesquisa Clínica no Instituto Oncoguia. Ligue para nós no 0800 773 1666.- Oncoguia solicita manutenção de isenção de ICMS para oncologia
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