[ENTREVISTA] O desafio dos municípios na promoção da saúde

Ver conteúdo relacionado
  • Equipe Oncoguia
  • - Data de cadastro: 15/09/2015 - Data de atualização: 15/09/2015

O Portal Oncoguia conversou com o Dr. Paulo Villas Bôas de Carvalho, representante do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), sobre o papel da Atenção Básica na prevenção do câncer e outras doenças.

Ele diz que é um papel "extremamente complexo", já que a saúde brasileira é calcada inteiramente na medicalização, na remediação de doenças.

"E já ficou mais que concreto que não conseguiremos fazer saúde com médicos".

Instituto Oncoguia - Qual o papel do município no sistema brasileiro de saúde?

Dr. Paulo - O Município é aquele que deve prover a atenção básica de saúde e isso é extremamente complexo.

Instituto Oncoguia - Por que? 

Dr. Paulo - Um transplante de medula não é alta complexidade. É altamente preditivo; sabemos a hora que o leucócito cai ou sobe, a hora que tem de ser dado este ou aquele medicamento (...). Complexo é você visitar a favela, chamar a dona Maria para conversar e saber que além de todos os problemas com sua saúde, seu filho usa drogas, o seu marido está desempregado. Isso é complexo e está no colo do município.

Instituto Oncoguia - E o nosso Sistema de Saúde está pronto para lidar com essa complexidade?

Dr. Paulo - A nossa assistência em saúde é estupidamente medicalizada, e já está mais que concreto que não conseguiremos fazer saúde com médico (até porque saúde não se faz com médico!). Não estamos preparados.

Instituto Oncoguia - E do que o Município precisa para promover essa atenção básica que foca a saúde e não a doença?

Dr. Paulo - Precisamos de número suficiente de enfermeiros, médicos, postos de saúde, programas de família em funcionamento (...), enfim, estrutura para atender essa grande demanda existente. Depois, é preciso que este atendimento seja de qualidade, adequando-se recursos e envolvimento dos gestores. Isso é muito difícil.

Instituto Oncoguia - Mais difícil para os municípios pequenos....


Dr. Paulo - Difícil nos pequenos pois os recursos são esparsos e muito difícil nos grandes porque a saúde tem sido tratada como um bem de consumo. E dado como um bem de consumo, não teremos nem braços, nem pernas para atender a demanda. Ai, então, um posto perde a possibilidade de fazer aquilo o que é de seu escopo, atender as doenças mais prevalentes e pescar precocemente as outras doenças.

Instituto Oncoguia - E tem toda a questão da carência de mão de obra?


Dr. Paulo - A Rede Básica não é atraente. O Médico de Família não desempenha um papel importante no ideário das pessoas, assim como um cirurgião, por exemplo. Mas além deste, temos outros problemas sim.






Folhetos Diferentes materiais educativos para download

A informação contida neste portal está disponível com objetivo estritamente educacional. Em hipótese alguma pretende substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas. O acesso a Informação é um direito seu: Fique informado.

O conteúdo editorial do Portal Oncoguia não apresenta nenhuma relação comercial com os patrocinadores do Portal, assim como com a publicidade veiculada no site.

© 2003 - 2023 Instituto Oncoguia . Todos direitos reservados
Ver versão completa do site. Desenvolvido por Lookmysite Interactive