Acesso à moradia e transporte são fatores importantes para um tratamento de câncer bem sucedido

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

As discussões e estratégias para a melhoria do cuidado oncológico no Brasil e no mundo vem sofrendo mudanças. Cada vez mais a qualidade de vida e bem-estar dos pacientes é valorizada, chamando a atenção para indicadores além dos clínicos que influenciam nas ações para a prevenção do câncer e acesso ao diagnóstico e tratamentos

Um posicionamento publicado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), ressalta a relevância das desigualdades sociais no cuidado oncológico. O documento indica que fatores motivados pelas condições sociais, econômicas e ambientais enfrentadas por indivíduos e comunidades impactam diretamente nos desfechos da prevenção e tratamento do câncer. Os determinantes sociais da saúde, como são chamados, incluem condições de moradia, transporte, gênero, raça e renda, por exemplo. 

A publicação, disponível no jornal científico JCO Oncology Practice, ressalta que estes fatores podem afetar até 50% de todos os desfechos de saúde, tanto de forma positiva quanto negativa. Em relação ao câncer, a ASCO aponta que necessidades não atendidas como moradia estável e acessível, acesso a alimentos saudáveis ou transporte e segurança têm sido associadas a impactos negativos em todas as etapas da jornada do câncer, incluindo prevenção e triagem, diagnóstico, tratamento, sobrevida e cuidados no final da vida. 

Como fatores sociais interferem no câncer

Por exemplo, o local de moradia é um indicador altamente relevante para o cuidado oncológico. Segundo a Sociedade Americana, o tratamento do câncer pode ter um impacto profundo na estabilidade da moradia por seu alto custo. Além disso, a qualidade da moradia — por exemplo, se uma casa tem saneamento básico ou não — também entra como um fator de risco social que leva a resultados negativos no cuidado ao câncer. 

“No Brasil, além do local de moradia, também temos o desafio da locomoção desse paciente, que muitas vezes precisa viajar e sair da sua própria cidade para se tratar. Para as pacientes de câncer de mama, por exemplo, mais de 50% das que fazem tratamento pelo SUS o fazem fora de sua cidade natal”, aponta Luciana Holtz, presidente do Oncoguia.

Por exemplo, a pesquisa “Percepções e prioridades do câncer nas favelas brasileiras”, feita em 2023 pelo DataFavela a pedido do Oncoguia, mostra como a locomoção afeta o acesso das pessoas a cuidados em saúde.  A maioria do público escutado pela pesquisa, que depende exclusivamente do SUS (82%), afirma que levam até 1 hora para chegar em postos de saúde, como UBSs e UPAs (81%). Além disso, o levantamento também ressalta os desafios de falta de acesso à saúde causados por pouca infraestrutura. De acordo com o estudo, quase 70% das pessoas que moram nas favelas dizem não ter acesso a equipamentos e instituições de saúde, além de não encontrarem médicos nas UBS e postos de saúde na maioria das vezes (73%).

Segundo a ASCO, essas barreiras podem impedir o acesso adequado a exames e procedimentos, levando a um diagnóstico de câncer em estágio mais avançado, o que gera diretamente resultados menos favoráveis para as parcelas da população que as enfrentam.

Muito mais que acesso ao tratamento: a navegação de pacientes 

Incluir os determinantes sociais de saúde nas estratégias de cuidado é vital para melhorar a prestação de atenção médica, assim como os desfechos clínicos para pacientes com câncer. Para a ASCO, ainda que existam desafios bem documentados na mensuração e intervenção destes fatores, é imperativo que os governos, profissionais da saúde envolvidos com o cuidado oncológico e a sociedade civil busquem maneiras de superar esses desafios para avançar significativamente no cuidado integral do paciente. 

De acordo com a Sociedade Americana, a curto prazo, os navegadores de pacientes podem desempenhar um papel crucial para alcançar esse objetivo. 

Estes profissionais, responsáveis pelo apoio ao paciente ao longo de sua jornada com câncer, podem aprimorar o cuidado à doença pelo seu envolvimento no apoio e na defesa das necessidades sociais e médicas únicas de cada paciente. O navegador pode, por exemplo, comunicar quaisquer barreiras às equipes apropriadas (prestadores clínicos, assistentes sociais, etc…) e facilitar intervenções que combatam essas dificuldades. 

Programas de navegação podem auxiliar pacientes na realização de seus objetivos específicos de saúde aproveitando recursos existentes dentro do próprio sistema de saúde ou conectando pacientes a recursos adicionais em sua comunidade. Exemplos desses recursos incluem aconselhamento psicossocial, acesso a benefícios e direitos legais, acesso a transporte e outras formas de apoio socioeconômico. 

Em consonância, o Oncoguia é uma das instituições que realizam esse trabalho através do Programa de Navegação Leiga, realizado no Instituto de Câncer Dr. Arnaldo (ICAVC) e no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo. A iniciativa visa acompanhar pacientes com câncer e auxiliá-los a minimizar desafios no acesso aos serviços de saúde e adesão ao tratamento, sempre focando em qualidade de vida. 

Conheça o Programa de Navegação Leiga do Oncoguia

“O posicionamento da ASCO corrobora e fortalece nossas ações voltadas para o acesso à saúde e aos cuidados integrais do câncer de forma equitativa”, diz Luciana. “Afinal, são muitos os desafios nacionais enfrentados especialmente pela população mais vulnerável e que precisa de ações personalizadas”, finaliza a presidente do Oncoguia. 

O posicionamento completo da ASCO está disponível no site da associação

Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia

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