Quais os caminhos para que novidades contra o câncer cheguem a quem precisa?

Uma doença que deve registrar 30 milhões de novos casos por ano até 2040. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o câncer tende a crescer e será um desafio global. Como, então, será o futuro do combate a essa doença? Algumas respostas para essa pergunta foram apresentadas durante a Asco 2024, conferência anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (na sigla em inglês), que aconteceu em Chicago (EUA), entre os dias 31 de maio e 4 de junho. Nela, especialistas do mundo todo se encontraram para entender melhor o que pode ser feito, agora e no futuro, para prevenir e tratar o câncer.

No estande do Einstein, oncologistas do hospital e especialistas de outras instituições renomadas como City of Hope, Johns Hopkins Hospital e Dana Farber Cancer Institute participaram de painéis de debate sobre os caminhos apontados em Chicago. “O congresso da Asco é uma oportunidade de nos atualizar sobre os novos estudos e as novas medicações, mas é também uma oportunidade para discutir sobre como levar isso para o Brasil e para os nossos pacientes”, disse Oren Smaletz, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Einstein.

Em plenárias e debates, ficou evidente o avanço das terapias celulares, apoiadas pelas recentes descobertas de big data, genômica e genética. Com isso, é possível definir tratamentos por algoritmos, realizar terapias-alvo mais precisas e até detectar com antecedência uma possível recidiva a partir da chamada biópsia líquida. “Pela primeira vez, falamos de um detector precoce de múltiplos cânceres. Isso abrirá uma nova era de tratamentos porque poderemos detectar antes, tratar melhor e ainda oferecer uma melhor experiência ao paciente”, observou Fernando Moura, gerente médico do Programa de Medicina de Precisão do Einstein.

O oncologista Fernando Maluf, também do Comitê Gestor da Oncologia do Einstein, destacou a tendência em desenvolver cada vez mais a medicina de precisão, que ajuda a otimizar e melhorar as decisões de médico e paciente. “Por um lado, estamos entendendo melhor a doença e curando pacientes avançados que não curávamos antes. Por outro, baseados em testes específicos, evitamos tratamentos desnecessários”, afirmou.

DISPARIDADE NO ACESSO

Embora os avanços sejam expressivos, eles ainda chegam de forma desigual a pacientes em todo o mundo, destacou o cirurgião oncológico Vijay Trisal, diretor clínico de sistemas de saúde do City of Hope (EUA). “Isso não tem sido distribuído igualmente pelo mundo. Há uma disparidade, e a preocupação deve ser como disponibilizar esses tratamentos para todos os pacientes do planeta”, sugeriu.

Uma das formas apontadas pelos especialistas para ajudar a reduzir essa desigualdade é por meio das pesquisas clínicas - estudos que envolvem seres humanos para avaliar a segurança e a eficácia de um procedimento ou medicamento em teste, inclusive no Brasil, “um dos polos de estudos clínicos no mundo”, como apontou Smaletz.

“É uma estratégia interessante para trazer o melhor tratamento para o paciente que não tem acesso às inovações. Não resolve nosso problema de acesso sistemático, mas é um primeiro passo, além de contribuir para o conhecimento mundial”, disse Gustavo Schvartsman, oncologista do Einstein. Além do alto preço das terapias avançadas, o processo regulatório pode fazer com que uma medicação demore quase uma década para chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Jacob Adeschak, oncologista da Johns Hopkins University, referência em pesquisas clínicas, ressalta a importância dos ensaios clínicos em humanos especialmente quando se trata de medicina de precisão.

“Temos ótimos resultados com medicamentos que passaram por esses estudos”, afirma, sugerindo que os ensaios clínicos também sejam descentralizados e realizados por meio de tecnologias móveis para ampliar o acesso.

Para Ana Paula Cardoso, médica oncologista clínica do Einstein, falar sobre equidade em oncologia e pesquisa inclui entender a representatividade de diferentes populações em estudo e desenvolvimento de novas medicações. “Em termos específicos, de tumores, é importante entendermos as características individuais dos pacientes e dessas populações, como raça e gênero, que têm diferença biológica, para conseg u ir mos adaptar todas as tecnologias que encontramos aqui.”

Outro obstáculo para a realidade brasileira é melhorar o acesso às tecnologias que permitem tratar os pacientes e oferecem prognósticos melhores para sua recuperação. “Incorporar essas novas tecnologias, assim como ensaios que são positivos, é muito desafiador”, diz Roberto Pestana, oncologista clínico do Einstein.

Na opinião de Vanessa Teich, diretora de Transformação da Oncologia e Hematologia do Einstein, discutir equidade de acesso passa também por melhor formação dos médicos. “Num país com orçamento tão limitado, precisamos treinar os médicos para conhecer melhor a doença, as indicações e garantir que os pacientes que mais se beneficiariam tenham acesso às terapias.”

Paolo Tarantino, oncologista e pesquisador no Dana-Farber Cancer Institute, também ressaltou a relevância de um intercâmbio de educação em oncologia. “É importante ter um network também para educação, porque cada um de nós tem algo para aprender. Ter uma rede para fazer ensaios clínicos é ótimo, mas para promover educação é essencial.”

Fonte: Valor Econômico

Este conteúdo ajudou você?

Avaliação do Portal

1. O conteúdo que acaba de ler esclareceu suas dúvidas?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
2. De 1 a 5, qual a sua nota para o portal?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
3. Com a relação a nossa linguagem:
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
4. Como você encontrou o nosso portal?
5. Ter o conteúdo da página com áudio ajudou você?
Esse site é protegido pelo reCAPTCHA e a política de privacidade e os termos de serviço do Google podem ser aplicados.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho