Os avanços da imunoterapia no combate ao câncer

O tratamento do câncer passou por uma importante evolução na última década. Um dos grandes responsáveis por isso foi o desenvolvimento da imunoterapia. Ela vem transformando o manejo de vários tumores, com respostas altamente eficazes e por vezes de longo prazo, podendo levar à cura.

Mas, afinal, o que é a imunoterapia?

A imunoterapia é uma forma de tratamento que tem por base estimular o sistema imune para que ele reconheça e ataque o tumor. Assim, o próprio organismo entra em ação para combater a doença. A estratégia é diferente da quimioterapia, na qual é o remédio que destrói diretamente as células do câncer.

Todos os cânceres têm em comum o fato de existirem porque o sistema imune falhou. Assim, instigar a imunidade é uma tática lógica.

O câncer possui diversos mecanismos para escapar do sistema imune e impedir de ser eliminado do corpo. Por exemplo, pode se camuflar para não ser reconhecido pelas células de defesa, que então não o atacam. Ou produzir substâncias e reunir células que bloqueiam o sistema imune. E, obviamente, a combinação de estratégias como camuflar e bloquear o sistema imune ao mesmo tempo são comuns.

Um dos mais importantes avanços no tratamento do câncer foi o desenvolvimento de uma nova classe de imunoterapia chamada de “inibidores de checkpoint”. Essas medicações são capazes de reverter essa “falha” do sistema imune induzida pelo câncer, para que o organismo reative a luta contra a doença.

Seu impacto foi tão notório que rendeu, em 2018, o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina aos cientistas James P. Allison e Tasuku Honjo pelas suas pesquisas nessa área. Com isso, atualmente, conseguimos respostas muito mais eficazes contra o tumor — em alguns casos, as respostas podem ser bastante duradouras, com remissões de longo prazo e até cura.

No funcionamento normal do corpo há moléculas que inibem o sistema imune para evitar reações contra o próprio organismo. O câncer se utiliza da produção destas substâncias para escapar das nossas defesas. Uma das substâncias mais comumente produzidas pelas células cancerosas se chama PD-L1. Ele se liga ao receptor das células do sistema imune chamado PD-1. Quando o PD-L1 se liga ao PD-1, resulta em um desligamento das células imunes.

Hoje temos vários anticorpos que se ligam ao PD-1 ou PD-L1 evitando a ligação entre eles. Isto mantém as células imunes ativas. Há outros inibidores de checkpoint no mercado como antiCTLA-4 e antiLAG-3 que atuam de modo parecido, também resultando na estimulação do sistema imune.

Temos no Brasil vários inibidores de checkpoint aprovados, incluindo nivolumabe, pembrolizumabe (inibidores de PD-1), avelumabe, atezolizumabe (inibidores de PD-L1), ipilimumabe e tremelimumab (inibidores de CTLA-4). Esses medicamentos podem ser utilizados sozinhos ou em combinação com outras terapias como quimioterapia, com benefício em uma série de tumores, como o câncer de mama triplo-negativo, de pulmão, colo e corpo de útero, estômago, esôfago, fígado, rim, bexiga, cabeça e pescoço, melanoma, linfoma de Hodgkin, dentre outros.

Não são todos os pacientes que terão indicação de receber imunoterapia e nem todos os cânceres são tratados dessa forma. A recomendação é feita pelo oncologista com base em vários fatores, como o tipo de câncer, o estágio da doença, o perfil do paciente e, por vezes, a presença de alterações específicas no tumor (exemplo: expressão de PD-L1 no tumor ou células imunes, instabilidade de microssatélite, carga de mutação do tumor etc).

Em suma, a nova geração de imunoterápicos veio agregar grande valor no tratamento de vários canceres. Estamos, sem dúvida, avançando. Esperamos, no futuro, aprimorar cada vez mais essa estratégia para que ela se torne mais eficaz e beneficie um número ainda maior de pacientes.

*Autor: Antonio Carlos Buzaid é oncologista, diretor médico do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e fundador do Instituto Vencer o Câncer; Jéssica Ribeiro Gomes é oncologista clínica da Rede Meridional (ES)

Fonte: Veja

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