No Brasil, crianças indígenas morrem mais de câncer do que brancas, negras e amarelas

Crianças e adolescentes indígenas estão morrendo mais de câncer em relação às brancas, negras e amarelas, mostram dados inéditos de uma plataforma oncológica pediátrica que reúne dados de diversos sistemas de saúde pública do país em um só ambiente virtual.
Entre as crianças indígenas, a taxa de mortalidade é de 76,9 por milhão, quase o dobro da média brasileira, que é de 42,6 mortes por milhão (ou 2.581 óbitos por ano). Entre as brancas, a taxa é a mesma da nacional (42,6 por milhão), seguida da de crianças negras (38,9) e amarelas (14,8).
Com estimativas de quase 8.000 casos novos por ano, o câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte na faixa etária entre 1 e 19 anos (excluindo as causas externas) e é marcada por diversas iniquidades que dificultam o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo oportuno.
Os dados são do Panorama de Oncologia Pediátrica, uma iniciativa do Instituto Desiderata, organização dedicada a ações e políticas públicas para a melhoria da saúde infantojuvenil. A plataforma reúne informações extraídas do Registro Hospitalar de Câncer, do Registro de Câncer de Base Populacional, do Sistema de Mortalidade do Datasus/Ministério da Saúde e do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Segundo Carolina Motta, gerente de oncologia do Desiderata, especialistas ainda discutem as possíveis causas da maior taxa de mortalidade por câncer entre crianças e adolescentes indígenas. Entre as suspeitas estão uma toxicidade maior da quimioterapia e a dificuldade de acesso a tratamentos.
"Será que essas crianças indígenas estão conseguindo chegar aos centros de tratamento? E qual é o tempo que levam para chegar? Estamos discutindo todos os aspectos com especialistas em saúde indígena."
Além da raça/cor, a plataforma também aponta para as desigualdades regionais do cuidado oncológico infantojuvenil. Enquanto na região Norte a taxa de mortalidade é de 47,5 óbitos por milhão (ou 314 óbitos por ano, em média), no Sudeste é de 39,4 (930 óbitos por ano).
Na região Sudeste, há 36 hospitais habilitados para o tratamento do câncer infantojuvenil, enquanto a Norte só conta com três. Estados como o Acre e Amapá não possuem nenhum centro habilitado.
Essa realidade faz com que famílias sejam deslocadas para centros de atendimentos especializados em outras cidades, estados ou mesmo regiões. Na região Norte, um quinto (20,7%) das crianças e adolescentes com diagnóstico de câncer teve que se deslocar para tratamento em outros locais do país.
E o que é pior: 10,2% dos que tinham sinais do câncer não chegaram nem a iniciar o atendimento oncológico. Metade (50%) não fez porque morreu antes. No Sudeste, por exemplo, o índice daqueles que não iniciam o atendimento é de 3,2%.
A médica Alayde Vieira, coordenadora do serviço de oncopediatria do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém (PA), diz que as dificuldades de acesso aos serviços oncológicos, especialmente de crianças que vivem em comunidades ribeirinhas e indígenas, é um dos principais gargalos.
"Uma criança com sinal suspeito de câncer pode passar duas, três, quatro semanas com uma febre, uma perda de peso. Quem atende primeiro pensa nas doenças mais simples e isso vai se passando meses. Quando essa criança chega à capital, ela já está em estado gravíssimo. Ou ela nem chega, e nem entra nas estatísticas [de mortalidade]"
"Uma criança com sinal suspeito de câncer pode passar duas, três, quatro semanas com uma febre, uma perda de peso. Quem atende primeiro pensa nas doenças mais simples e isso vai se passando meses. Quando essa criança chega à capital, ela já está em estado gravíssimo. Ou ela nem chega, e nem entra nas estatísticas" Alayde Vieira -
médica e coordenadora do serviço de oncopediatria do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém (PA)
Outro fator crítico é a escassez de profissionais especializados e de métodos diagnósticos, o que também dificulta o tratamento adequado do câncer e afeta na taxa de sobrevida de crianças e adolescentes.
"Nós temos um turnover [taxa de rotatividade] alto de profissionais de saúde por conta do acesso, da estrutura e da questão financeira. Aquele profissional especializado, que pensa no diagnóstico precoce, acaba passando pouco tempo [na região Norte], e a informação se perde", diz Vieira.
Segundo a médica, existem ainda aspectos genéticos em relação às crianças da região amazônica, ainda sendo estudados, que podem influenciar na forma como alguns genes metabolizam os quimioterápicos.
"A mesma medicação que eu dou para tratar uma criança em outro estado do Brasil, nas nossas crianças, causa um efeito colateral mais exagerado, uma toxicidade maior. E isso ocorre mesmo depois de ajustados vieses [como alimentação, condições de higiene] que poderiam confundir os resultados."
De acordo com ela, o atendimento de crianças e adolescentes indígenas também precisa considerar aspectos culturais para que o tratamento seja eficaz. A garotinha da foto acima, por exemplo, chegou ao hospital e chorava incessantemente.
"Nós fazíamos remédio para dor e não adiantava. Ninguém entendia o que estava acontecendo. Até que uma técnica de enfermagem trouxe uma redinha e a adaptou no berço. Foi a primeira noite, depois de cinco já estava no hospital, que ela conseguiu dormir e esboçar um sorriso para a equipe."
Carolina Motta, do Desiderata, diz que a proposta é que a plataforma possa contribuir para que as políticas sejam pensadas e executadas de formas mais efetivas. "Conhecendo melhor os diferentes Brasils que existem no país."
Ela afirma que a análise permite a identificação de lacunas no sistema de saúde e pode servir de base para o desenvolvimento de estratégias direcionadas a organizar o fluxo da rede de saúde e melhorar a distribuição das unidades que ofertam tratamento.
No relatório de apresentação do plataforma, Suyanne Monteiro, analista de políticas públicas da Coordenação Geral de Política de Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde, diz que com a diminuição das taxas de mortalidade infantil por causas evitáveis nos últimos anos, as mortes por câncer passaram a ocupar um papel de destaque na análise de saúde pública.
"Isso enfatiza a necessidade de fortalecer políticas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz para o câncer infantojuvenil. Destacamos a necessidade de uma abordagem diferenciada, considerando as necessidades específicas da população indígena", escreveu.
Segundo a analista, o ministério trabalha para a elaboração de um plano nacional de prevenção e controle do câncer infantojuvenil, que visa uniformizar as taxas de sobrevida no país. O plano é centrado em três eixos principais: a melhoria do diagnóstico precoce, garantia de tratamentos por meio de protocolos nacionais e acesso a drogas essenciais, além da melhoria do registro de câncer.
Fonte: Folha de São Paulo
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