Como o sexo oral se tornou um fator de risco para o câncer de garganta

Se um tumor for detectado na boca ou garganta de um paciente, a primeira coisa que o médico pergunta é se ele fuma ou bebe. Afinal de contas, essas sempre foram as principais causas da moléstia, por séculos. Nos últimos anos, porém, outra indagação entrou no questionário protocolar: “Você é sexualmente ativo?”, graças ao papilomavírus humano (HPV),  vírus normalmente associado ao câncer de colo de útero, mas que também pode ser transmitido por sexo oral. 

Embora o vírus – que, de fato, é transmitido sexualmente – seja responsável por 70% dos casos de câncer cervical, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), também é atualmente a principal causa de câncer de orofaringe, que afeta a área das amígdalas e parte posterior da garganta. É o que descreve um artigo publicado no portal The Conversation, pelo professor Hisham Mehanna, do Instituto de Câncer e Ciências Genômicas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.  

Câncer orofaríngeo
HPV é o nome dado a um grupo de mais de 200 tipos de vírus capazes de infectar tanto a pele quanto a mucosa oral, genital e anal de mulheres e homens. A teoria predominante é que a maioria das pessoas que contraem infecções por HPV é capaz de eliminá-las completamente. 

“Contudo, alguns indivíduos entram em contato com vírus de alto risco, que se alojam no começo da língua e geram uma infecção crônica do HPV. Em linhas gerais, o agente patogênico consegue alterar o DNA e inibir uma resposta a tumores, acumulando erros na divisão celular e gerando um câncer”, explica Pedro De Marchi, oncologista clínico especialista em cabeça, pescoço e tórax do Grupo Oncoclínicas.

Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, 70% dos casos de câncer orofaríngeo diagnosticados em território americano estão relacionados ao papilomavírus humano. Uma das razões apontadas pela ciência para o crescimento do número de infecções é associada à prática do sexo oral na América do Norte. 

Na cidade de São Paulo, a incidência da doença dobrou entre 1997 e 2013, de acordo com um estudo da Universidade de São Paulo (USP). No período analisado, foram registrados 15.391 casos novos na capital paulista, sendo 38,3% relacionados ao HPV (um total de 5.898 casos). 

“Hoje, menos pessoas estão usando preservativos, tanto o peniano quanto o vaginal, e em alguns grupos se observa um maior número de parceiros sexuais”, explica Alexandre Naime Barbosa, médico e professor de Infectologia da Universidade Estadual Paulista. Aliado ao fato de que a vacinação contra a doença está muito distante do ideal, temos uma fórmula preocupante. 

Baixa vacinação
Dados do Ministério da Saúde revelam que a cobertura vacinal atual no país para o HPV é de 76,3% (primeira dose) e 57,7% (segunda dose) entre meninas e de 42,2% (primeira dose) e 27,4% (segunda dose) entre meninos. 

O imunizante é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de mulheres e homens de 15 a 45 anos vivendo com HIV/aids, transplantados e pacientes oncológicos. A vacina é uma estratégia de prevenção para os tipos de vírus 6, 11, 16 e 18, os mais frequentes entre a população. 

“Ao vacinar adolescentes antes de chegarem à vida sexual, diminui-se drasticamente a chance de contaminação e propagação do HPV. A cobertura vacinal pífia não explica o aumento, mas é uma maneira de sair dessa situação”, afirma Barbosa. 

A transmissão do HPV geralmente acontece por meio de relações sexuais, seja por meio vaginal, oral, anal ou até mesmo durante a masturbação mútua, sem a necessidade de penetração desprotegida para o contágio. No caso do câncer orofaríngeo, os sintomas podem incluir dor de garganta prolongada, dor de ouvido, rouquidão, inchaço dos gânglios linfáticos, dor ao engolir e perda de peso sem causa aparente. Algumas pessoas não apresentam sintomas.

Fonte: Veja

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