Como a obesidade aumenta o risco de câncer? Especialistas falam dos 3 mecanismos diferentes

O excesso de peso é uma preocupação de saúde pública crescente no mundo. E, embora não seja necessariamente sinônimo de doença, ela pode trazer diversos riscos à saúde, como: hipertensão, diabetes, gordura no fígado (esteatose hepática), problemas ortopédicos, refluxo gastroesofágico e até mesmo diferentes tipos de câncer.
Um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, apontou a obesidade como fator de risco para 32 diferentes tipos de câncer, uma revisão considerável em relação aos 13 associados em trabalhos anteriores.
Os tipos de câncer listados incluem próstata, endométrio, mama e cólon. A nova pesquisa apontou pela primeira vez a relação com 19 tipos de câncer, como melanoma maligno, tumores gástricos, câncer das glândulas pituitárias, de vulva e pênis e variedades de pescoço e cabeça. Segundo o trabalho, a cada cinco pontos a mais no IMC aumenta em 24% em homens e 12% em mulheres o risco de desenvolver câncer.
Mas qual é a relação entre a obesidade e o surgimento do câncer? Especialistas ouvidos pelo GLOBO apontam três principais mecanismos de influência. O primeiro deles é o acúmulo de gordura corporal que acumula tecido adiposo não só na parte abdominal, mas também em outros órgãos, como o fígado, pâncreas, rins e coração. Esse acúmulo gera uma produção excessiva de substâncias inflamatórias que prejudicam as células de defesa do corpo, que não conseguem distinguir as células tumorais e não as expele.
— Chega um dado momento que o tecido gorduroso atinge sua capacidade máxima de acumular a energia que ingerimos na alimentação. Passa a produzir substâncias que facilitam o acúmulo de gordura em outros órgãos, como o fígado. Esse fenômeno deveria ser saudável. No entanto, resulta em muitos casos no desenvolvimento de uma doença hepática gordurosa, liberando substâncias inflamatórias, que podem causar fibrose, cirrose e potencial progressão para uma insuficiência hepática e câncer no fígado — explica o diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), Fernando Gerchman.
Em mulheres, esse aumento da gordura corporal causa maior produção de estrógeno, o hormônio feminino e, consequente maior estimulação de tecido glandular mamário e uterino (o endométrio) e ovariano, predispondo a divisão celular e formação de celular que originam o câncer.
— Mulheres obesas terão níveis aumentados do estrógeno circulante. Só que o organismo não sabe qual a célula está saudável e qual está doente, então acaba estimulando todas que estão ali, possibilitando o surgimento do câncer de mama, útero, ovário, entre outros — afirma a nutricionista Thais Manfrinato Miola, coordenadora de Nutrição Clínica do A.C.Camargo Cancer Center.
Segundo Gerchman, cerca de 40% dos casos de câncer de útero, hoje, têm relação direta com a obesidade, que se transformou na segunda maior causa de câncer no mundo, perdendo apenas para o tabagismo.
Como terceiro mecanismo temos o aumento da resistência à insulina. Pessoas com obesidade têm um aumento significativo dos níveis de insulina, pois o pâncreas passa a produzir mais desse hormônio que estimula o crescimento celular, predispondo ao risco de câncer.
— Indivíduos com obesidade frequentemente apresentam níveis sanguíneos aumentados de insulina e fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1). Conhecida como hiperinsulinemia, decorrente da resistência à insulina, precedem o desenvolvimento de diabetes tipo 2, outro fator de risco conhecido para câncer. Níveis elevados de insulina e IGF-1 podem promover o desenvolvimento de câncer de cólon, rim, próstata e endométrio — explica o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Miranda.
Há outros motivos, também, como o câncer de esôfago (adenocarcinoma), por exemplo, que pode ser causado pelo refluxo gastrofágico. Segundo os especialistas, pessoas com obesidade possuem um risco até 30 vezes maior de terem refluxo, o que acaba irritando a parede do estômago, podendo causar transformação de células normais em malignas, estimulando o crescimento de células cancerígenas.
Segundo estudo publicado este ano pela revista científica The Lancet e apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas no mundo, 1 a cada 8, vivem com obesidade. No Brasil, porém, a proporção considerando a população adulta já é de uma pessoa com a doença a cada quatro, apontam dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde.
Segundo o levantamento, 24,3% dos adultos brasileiros são obesos – percentual que chega a ser de 32,6% entre homens de 45 a 54 anos, praticamente 1 a cada 3. Na outra ponta, a proporção mais baixa é entre mulheres de 18 a 24 anos, faixa em que 11,8%, 1 a cada 10, têm obesidade.
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo geralmente causado por um consumo de energia na alimentação, superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do cotidiano. Uma pessoa pode ser considerada obesa quando o IMC — Índice de Massa Corporal — está acima de 30kg por metro quadrado.
Pesquisas recentes
Recentemente, o diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), Fernando Gerchman, publicou estudos no jornal Diabetes Care e Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, da Associação Americana de Diabetes e da Sociedade Americana de Endocrinologia mostrando que fazer mudanças drásticas de estilo de vida, como realizar dietas e atividades físicas com o intuito de perder 10% do peso, com algumas horas de caminhada em ritmo intenso por semana, não foi superior em prevenir morte por doença cardiovascular, câncer ou morte de uma maneira geral na comparação com ajustes mais graduais.
— Ou seja, possivelmente um programa mais leve e estruturado de dieta e atividade física são o suficiente para proteger quem tem pré-diabetes e diabetes contra o câncer, a doença cardiovascular e morte, aumentando a expectativa de vida de quem tem essas doenças — diz o médico e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em outro estudo, publicado na Diabetes Research and Clinical Practice, o endocrinologista e sua equipe demonstrou que as mesmas estratégias de mudança de estilo de vida intensiva protegem mais contra o desenvolvimento de diabetes do que um programa mais leve de dieta e exercício físico.
Fonte: O Globo
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