Com coleta em casa, autotestes de câncer facilitam adesão a exames de rotina; entenda

Imagine poder fazer um exame para rastreio do câncer sem sair de casa. Parece impossível? Ou algo que vai demorar décadas para acontecer? Pois a realidade é que isso já existe para o câncer do colo do útero, terceiro tumor mais incidente entre as brasileiras, excluídos os tumores de pele não melanoma.
A doença tem como principal causa a infecção pelo HPV — sigla para papilomavírus humano — e já existe um exame de rastreio, feito tradicionalmente por meio de um exame chamado papanicolau, coletado em consultório médico.
A médica Andreia Melo, líder nacional de ginecologia oncológica na Oncoclínicas, explica que também já é realizado atualmente um teste molecular que busca a presença da infecção persistente pelo HPV, em especial pelos tipos associados ao desenvolvimento do câncer (16 e 18).
Em ambos os casos, normalmente o teste é realizado durante a consulta ao ginecologista. Durante o exame ginecológico, o profissional de saúde utiliza uma pequena espátula e uma escovinha para coletar amostras que serão analisadas em laboratório.
A orientação do Ministério da Saúde para o papanicolau é que o exame de rastreio seja feito a partir dos 25 anos, para mulheres que já iniciaram atividade sexual. Inicialmente, deve ser realizado uma vez por ano e, após dois exames normais consecutivos, passa a ser feito a cada três anos.
Falta de adesão
Embora seja um exame simples e seguro, cerca de 40% da população feminina do país não vai ao ginecologista na frequência recomendada. Isso pode acontecer devido a vários fatores, incluindo falta de consultas convenientes, constrangimento, preocupação com o fato de o teste causar dor e falta de informação.
— Especialmente quando falamos de câncer do colo do útero, que é um tumor associado à infecção pelo HPV e, portanto, à atividade sexual; e ao fato de ser um exame ginecológico, realizado com espéculo, tudo isso pode constranger a mulher e fazer com que ela não vá ao médico nos intervalos indicados para fazer o rastreio — avalia Melo.
Coleta em casa
Diante disso, a autocoleta surge como uma estratégia para ampliar o acesso a esse exame que pode salvar vidas, tanto que já foi implementada como medida de saúde pública em vários países, como Argentina, Austrália, Dinamarca, Equador, Finlândia, França, Mianmar e Suécia.
Nesse teste, a coleta é feita em casa, pela mulher, e o teste é enviado por correio, ou um sistema de transporte semelhante, para um laboratório. Isso significa que o resultado não fica pronto na hora, como em um teste rápido de Covid-19, por exemplo. Mas a simples possibilidade de poder fazer esse exame do conforto de casa, por conta própria, tira do caminho muitos obstáculos.
— Neste contexto, a autocoleta ajuda a trazer esse teste de uma forma mais amigável — avalia a médica.
O rastreio possibilita a identificação precoce do tumor, ou seja, antes do aparecimento dos sintomas, e aumenta a possibilidade de cura.
— Tratar essas lesões iniciais, melhora o desfecho do caso e as mulheres não vão morrer de câncer de colo de útero — pontua Melo.
Esse tipo de autoteste já está disponível no Brasil, mas somente na rede privada.
Câncer de cólon
O potencial de uma estratégia semelhante está em avaliação para o câncer de intestino, também conhecido como cólon e reto. Esse é o terceiro tipo mais frequente da doença no país, considerando ambos os sexos e em considerar os tumores de pele não melanoma.
Atualmente, o padrão-ouro para diagnóstico desse tipo de câncer é a colonoscopia, um exame que utiliza uma pequena câmera para visualizar o interior do reto, do intestino grosso (cólon) e de algumas partes da porção final do intestino delgado. Outra vantagem é que a colonoscopia consegue remover possíveis pólipos, sem a necessidade de uma cirurgia abdominal.
No entanto, além de ser um exame caro e relativamente complexo – exige sedação e realização em centros especializados –, muitos pacientes evitam realizá-lo devido a preconceito ou por receio do preparo um tanto quanto desconfortável.
Diante disso, pesquisadores do Centro Médico Wexner da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, investigaram se um teste de rastreio não invasivo para a doença, que pode ser feito em casa, pode reduzir o risco de morte. Os resultados, publicados na revista científica JAMA Network Open, mostraram quem sim. Essa ferramenta é capaz de reduzir a mortalidade pela doença em 33%.
Os pesquisadores avaliaram dados de quase 11 mil pacientes submetidos ao teste imunoquímico fecal (FIT), que envolve a coleta de uma amostra de fezes em casa, seguida de seu envio para um laboratório. Se o resultado do teste for positivo, a recomendação é que o paciente seja submetido a uma colonoscopia o mais rápido possível.
"As evidências mostram que o FIT realizado todos os anos é tão bom quanto fazer uma colonoscopia a cada dez anos para rastrear pessoas de risco médio. Este estudo deve dar aos indivíduos e aos seus médicos a confiança para usar este teste não invasivo para triagem e encontrar maneiras de implantar esses testes em comunidades carentes onde as taxas de rastreio do câncer colorretal são muito baixas", diz o médico Chyke Doubeni, autor sênior do estudo.
O médico Fernando de Moura, oncologista clínico da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, que não participou do estudo, explica que o autoexame para rastreamento do câncer de colo é um exame de fezes que pesquisa a presença de sangue oculto nas fezes.
— A ideia desses autoexames é tentar aumentar o acesso. Trazer o exame até a casa do paciente representa uma probabilidade de aumentar o número de testes e, consequentemente, de diagnósticos. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar a chance de cura, para ter um tratamento mais efetivo com menos efeito colateral e até menos custo — diz Moura.
Aumento de casos
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta para 704 mil casos novos da doença por ano, no Brasil, entre 2023 e 2025. O número é 12,64% maior que os 625 mil novos casos anuais estimados para o triênio anterior, de 2020 a 2022.
Especialistas afirmam que o aumento de casos de câncer de forma geral é esperado, não só no Brasil, mas no mundo todo, devido ao envelhecimento da população e a fatores de risco específicos, como os tumores associados a estilo de vida, e à melhora nos exames de rastreio e de diagnóstico. Esses dois últimos fatores também ajudam a explicar outra tendência, que é o aumento nos casos de câncer entre jovens.
Diante disso, é primordial o desenvolvimento de novas ferramentas de rastreio, que identificam tumores em estágio precoce, antes do aparecimento dos sintomas, em especial para os tumores mais prevalentes. Segundo Moura, a expectativa é que nos próximos anos, esse tipo de estratégia se torne cada vez mais comum.
— Conforme as tecnologias vão evoluindo e a gente vai pensando a medicina e a oncologia cada vez mais do ponto de vista molecular, isso possibilita encontrar biomarcadores, que são substâncias que podem ser detectas no sangue, na urina ou nas fezes, por exemplo, e que mostram a presença de uma doença ou um risco aumentado para alguma doença. Conforme essas tecnologias vão avançando, acho que a gente caminha para ter mais autotestes para outros tipos de câncer, como de pulmão, que é outro tumor muito incidente na população — ressalta Moura.
Fonte: O Globo
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