Câncer, sexo e o corpo feminino

1º passo. Comunicação
 
O primeiro passo na procura de ajuda para questões relacionadas ao sexo e o câncer é conversar com seu médico. No entanto, muitos profissionais de saúde têm pouca ou nenhuma formação em temas sobre sexualidade. Eles também podem não ficar a vontade para falar sobre sexo. Por outro lado, muitos médicos não mencionam os possíveis efeitos colaterais sobre a sexualidade. Se o oncologista não puder ajudá-la, sugerimos que você pergunte a algum médico de sua confiança. Se seus médicos não forem capazes de ajudá-la, sugerimos procurar um profissional especializado.
 
Abaixo relacionamos um roteiro de perguntas que podem lhe orientar numa conversa com o médico sobre sexo durante e após o tratamento. Alguns pontos são muito importantes e não devem ser deixados de lado.

  • Como o tratamento pode afetar minha vida sexual?
  • É seguro fazer sexo agora que fui diagnosticado e vou iniciar, ou já estou fazendo, o tratamento ? Se não, quando será possível?
  • Há algo que devo evitar?
  • Preciso fazer controle de natalidade ou outro tipo de proteção durante o tratamento? Por quanto tempo?
  • Os medicamentos ou tratamentos podem ser transmitidos de alguma forma para o meu parceiro?
  • Existe alguma medida de segurança que eu deva tomar? Se sim, por quanto tempo?

2º passo. Funcionamento do corpo
 
          Os órgãos sexuais femininos
 
Os órgãos genitais da mulher, assim como seus órgãos reprodutivos, estão localizados na pelve. O câncer e os tratamentos de quaisquer um dos órgãos nessa região podem afetar a vida sexual da mulher. Esses órgãos incluem o útero, trompas de Falópio, ovários, colo do útero, vagina, vulva, bexiga e reto.
 
          Os ciclos naturais do corpo feminino
 
No período fértil da mulher, os ovários se revezam mensalmente para produzir um óvulo maduro. Quando o óvulo é liberado, viaja através das tubas uterinas até o útero. Uma mulher pode engravidar se o espermatozoide alcançar o óvulo. O colo do útero é a porta de entrada para o esperma.
 
Um óvulo permanece fértil apenas por 2 dias. Se uma mulher não engravidar nesse período, o revestimento do útero é eliminado como fluxo menstrual. Se a mulher engravidar, o revestimento protegerá o bebê durante a gestação. Esses ciclos regulares do corpo feminino são mensais e controlados pelos hormônios.
 
          Hormônios
 
Os hormônios que ajudam a mulher a sentir desejo são denominados estrógenos e andrógenos. Os andrógenos são considerados como hormônios "masculinos", mas o corpo da mulher também produz pequenas quantidades deles. Cerca de metade dos andrógenos nas mulheres são produzidos pelas glândulas suprarrenais e o restante pelos os ovários. Após a menopausa, as glândulas adrenais continuam produzindo hormônios, mesmo depois que os ovários parem de produzí-lo em quantidade suficiente para manter o desejo sexual.
 
Os ovários geralmente param de produzir óvulos e reduzem significativamente seus hormônios por volta dos 50 anos, embora essa idade varie de uma mulher para outra. A última menstruação é denominada menopausa. Algumas mulheres temem que o desejo sexual diminua com a menopausa. Mas, para muitas mulheres, a queda na produção dos hormônios ovarianos não diminui o desejo sexual. Ainda assim, pode levar mais tempo para a vagina dilatar e ficar lubrificada. Baixos níveis de estrogênio também podem fazer com que o revestimento da vagina fique mais fino, perca sua elasticidade e se torne apertada e seca, mesmo quando a mulher esteja excitada.
 
          Orgasmo feminino
 
Quando a mulher está sexualmente excitada, seu sistema nervoso envia sinais de prazer para o cérebro. Se ela é estimulada através de toques e carícias, os sinais se intensificam e podem desencadear um orgasmo. Durante o orgasmo, os músculos ao redor dos órgãos genitais contraem-se de maneira rítmica. A súbita liberação de tensão muscular envia ondas de prazer através da área genital e, às vezes, por todo o corpo. Depois, a mulher relaxa e se sente plena.
 
O orgasmo feminino pode mudar de tempos em tempos. Às vezes, a mulher pode não ter nenhum ou vários durante a relação. Como parte do processo de envelhecimento natural, os orgasmos podem demorar mais para acontecer. E pode também ser necessário mais estímulo para alcançá-los.
 
Existem muitas fontes de excitação que levam ao orgasmo, que diferem para cada mulher. Algumas mulheres podem atingir o orgasmo apenas por ter uma fantasia vívida sobre sexo ou por ter seus seios acariciados. Outras podem ter um orgasmo durante o sono. Mas, a maioria das mulheres, precisa tocar e acariciar seus órgãos genitais para atingir o orgasmo.
 
As áreas dos órgãos genitais da mulher mais sensíveis ao toque são o clitóris e os lábios menores. Quando uma mulher está sexualmente excitada, toda a área genital aumenta de volume. Observa-se também um rosa mais escuro, que é o sangue que chega à pele.
 
Muitas mulheres atingem o orgasmo mais facilmente quando o clitóris é acariciado. Sua função é enviar mensagens de prazer ao cérebro quando estimulado.  
 
A cabeça do clitóris é tão sensível que pode ficar dolorida com o atrito quando é muito enérgico ou rápido. A dor pode ser prevenida usando um lubrificante e acariciando perto, mas não diretamente, a cabeça do clitóris.
 
Outras áreas, incluindo os lábios maiores e ânus, também podem dar prazer a uma mulher ao serem acariciados. As regiões sensíveis podem ser diferentes de uma mulher a outra. A abertura da vagina contém muitas terminações nervosas. Para algumas mulheres, a parede anterior da vagina (atrás da bexiga) é mais sensível à pressão durante o sexo do que a parte posterior. Alguns terapeutas sexuais sugerem que acariciar uma área aproximadamente de um a sete centímetros na parede anterior da vagina ajuda algumas mulheres a atingir o orgasmo.
 
3ª passo. Gerenciando problemas
 
Alguns pontos importantes para manter a vida sexual durante ou após o tratamento do câncer:
 
Aprenda tanto quanto você puder sobre os possíveis efeitos do tratamento relacionados a sexualidade. Converse com seu médico sobre o que você deve esperar e como você poderá gerenciar cada questão.
 
Lembre-se que, independente do tipo de tratamento que esteja fazendo (ou já fez), você ainda será capaz de sentir prazer. Alguns tratamentos contra o câncer podem danificar os nervos e os músculos envolvidos na sensação de prazer e do orgasmo. Por exemplo, as mulheres com vaginas estreitas e secas podem atingir o orgasmo por meio de carícias nos seios e genitália externa.
 
Mantenha a mente aberta sobre as formas de sentir prazer. Alguns casais têm uma visão estreita do que a atividade sexual significa para eles. Se ambos os parceiros não podem atingir o orgasmo durante a penetração, podem se sentir decepcionados. Mas, para pacientes em tratamento de câncer, pode haver momentos nos quais a relação sexual não é possível. Isso pode dar chance de aprender novas maneiras de sentir prazer. Você e seu parceiro podem se ajudar e atingir o orgasmo através de toques e carícias. Às vezes, só o carinho já pode ser prazeroso. Não evite o prazer sexual só porque mudou sua rotina.
 
Tenha claro que a conversa com seu parceiro é uma via de duas mãos, assim como a conversa com seu médico. Se você sente vergonha de perguntar ao seu médico se a atividade sexual é adequada, você nunca vai descobrir. Converse com seu médico sobre sexualidade e câncer e comente com seu parceiro o que você aprendeu. Uma boa comunicação é a chave para ajustar sua rotina sexual quando o câncer muda seu corpo. Se você se sentir fraca ou cansada e deseja que seu parceiro assuma um papel mais ativo, diga isso a ele. Se alguma parte do seu corpo se encontra sensível ou dolorida, você pode guiar o toque e carícias do seu parceiro para criar maior prazer e evitar desconforto.
 
Aumente sua auto-estima. Lembre-se das suas qualidades. Se você perder o cabelo, pode escolher entre usar uma peruca, chapéu ou lenço se isso lhe faz sentir mais confortável. Algumas mulheres preferem não usar nada na cabeça. Se você fez uma mastectomia pode colocar uma prótese. E fazer tudo o que lhe faz sentir bem. Comer bem e praticar exercício também podem ajudar a manter seu corpo e seu espírito fortes. Você também pode procurar ajuda profissional, se estiver deprimida.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 06/02/2020, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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