Câncer hereditário: os exames que identificam se você poderá ter o mesmo câncer de seus pais

O economista cearense Régis Feitosa Mota faleceu no último domingo, aos 53 anos, após enfrentar seu terceiro diagnóstico de câncer. O caso de Mota chocou o país porque ele já havia perdido os três filhos para a doença. Em pouco mais de uma década, foram 12 diagnósticos de câncer entre Régis e os filhos.

A caçula, Beatriz, faleceu em 2018, em virtude de uma leucemia linfoide aguda. Dois anos depois, Pedro morreu em decorrência de um câncer no cérebro. No fim do ano passado, Anna Carolina, sua filha mais velha, também faleceu devido a um câncer no cérebro.

Todos eram portadores da síndrome de Li-Fraumeni. Essa condição hereditária rara é caracterizada por uma mutação no gene TP53 que produz a proteína p53, que tem a função de prevenir o câncer.

O médico geneticista Salmo Raskin, colunista do GLOBO e diretor do Centro de Aconselhamento e Laboratório Genetika, em Curitiba, explica que esse gene é chamado “guardião da célula” porque é o principal responsável pela supressão de tumores.

Em pessoas Li-Fraumeni, o gene TP53 perde essa função e há aumento de até 90% no risco de câncer ao longo da vida. Entretanto, casos como da família Mota não são comuns.

Embora todos os cânceres sejam causados por alterações nos genes, apenas 10% dos casos são hereditários, ou seja, causados por mutações herdadas de pai ou mãe. A imensa maioria - os outros 90% - são esporádicos e estão associados a fatores ambientais, erros durante a divisão celular e causas desconhecidas.

Os cânceres hereditários geralmente não são significativamente diferentes . Entretanto, existem alguns sinais que podem indicar maior possibilidade de hereditariedade.

— Suspeitamos de uma síndrome hereditária quando lidamos com casos de pessoas com um histórico familiar muito importante, com câncer em idade precoce, com histórico de outros tumores ou ainda dependendo do tipo de tumor — explica o oncologista Fernando Maluf, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer.

Após três membros da família serem diagnosticados com diferentes tipos de câncer, o economista achou estranho e decidiu investigar. Ele e os filhos realizaram testes genéticos e descobriram que eram portadores da síndrome que potencializa o surgimento de câncer.

Os testes genéticos analisam o DNA a partir de amostras e sangue ou saliva em busca de mutações que aumentam o risco para determinados tipos de câncer. A médica Mônica Stiepcich, assessora médica da Anatomia Patológica e Patologia Molecular do Grupo Fleury, explica que existem diferentes tipos de testes, que variam de acordo com a quantidade de genes analisados.

Alguns, chamados painéis, procuram alterações em um grupo de genes, e outros analisam genes específicos, como para a mutação nos genes BRCA 1 e BRCA 2. Em geral, o segundo tipo é indicado quando há uma mutação genética conhecida na família. O valor dos testes varia de acordo com a extensão dos genes analisados.

— Como esse é um teste preditivo, um resultado positivo não significa que a pessoa irá, necessariamente, desenvolver algum tipo de câncer. Na maioria dos casos, o exame apenas indica um risco aumentado — explica Stiepcich.

A atriz Angelina Jolie submeteu-se a esse exame após perder sua mãe para o câncer de ovário. Além disso, sua avó e tia materna também faleceram em idades precoces por conta do câncer. Jolie descobriu que era portadora da mutação em BRCA1 e, por isso tinha alto risco de câncer de mama e ovário.

Por outro lado, um negativo também não equivale a um “passe livre” da doença, dado que a maioria dos casos de câncer não é hereditário.

Mesmo assim, um resultado positivo pode vir acompanhado de uma alta carga emocional, com estresse, ansiedade, raiva e até culpa. Por isso é importante que esse tipo de exame seja feito mediante aconselhamento e indicação de um médico, em especial geneticista ou oncogeneticista.

Síndromes que aumentam o risco de câncer hereditário
Segundo Maluf, as síndromes genéticas mais comuns são as do BRCA 1 e 2, que aumentam o risco de câncer de mama, ovário, próstata e pâncreas, e a síndrome de Li-Fraumeni, que pode aumentar o risco de câncer de mama, sarcomas, cérebro e carcinoma adrenocortical na infância.

Mas existem muitas outras, como:

  • Síndrome de Lynch, que aumenta o risco de câncer de cólon, ovário, endométrio, estômago, intestino delgado e via biliar;
  • Síndrome de Cowden, que pode aumentar o risco para câncer de mama e tireoide;
  • Síndrome de Peutz-Jegher, que aumenta o risco de câncer de cólon, mama e pâncreas;
  • Polipose adenomatosa familiar (PAF), que aumenta o risco de câncer de cólon;
  • Melanoma Hereditário: que aumenta o risco de melanoma e câncer de pâncreas;
  • Câncer Medular de Tireóide Familiar: que aumenta o risco de câncer medular de tireóide, hiperplasia da paratireoide e feocromocitoma.

Fonte: O Globo

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