Câncer: falta uma política clara para o tratamento da doença no Brasil, dizem especialistas

Em pouco mais de oito meses de governo, o Ministério da Saúde ainda não traçou um plano para o diagnóstico e tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde (SUS). Sem uma ação coordenada, especialistas apontam gargalos que precisam ser superados. As dificuldades para os pacientes vão desde a falta de oncologistas, passando pela identificação da doença em estágio avançado, bem como a escassez na distribuição de medicamentos.

Segundo projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer por ano até 2025. A pesquisa estima que as regiões Sul e Sudeste devem concentrar cerca de 70% da incidência da doença.

Para Marlene Oliveira, criadora do Instituto Lado a Lado Pela Vida, entidade que se dedica a pacientes com câncer, e idealizadora da iniciativa Novembro Azul contra o tumor de próstata, o governo deve lidar com diversas lacunas se quer que os pacientes com câncer sejam atendidos e tratados no sistema público.

A principal, na visão da especialista, é conseguir aplicar um diagnóstico precoce no SUS em todo o país.

— Hoje a maioria dos pacientes começa a ser atendida já na fase avançada da doença. O país não tem uma política clara para o diagnóstico precoce do câncer. Há alguns tumores que, havendo diagnóstico precoce, a chance de cura é de 80% a 90%. Mas na fase avançada o paciente precisa de mais medicações, de materiais com tecnologias mais avançadas — diz Marlene.

Na última semana, mais de 40 especialistas em oncologia e saúde pública se reuniram em Brasília com representantes do ministério para debater sobre novas tecnologias contra a doença no país e como combater as desigualdades entre os tratamentos.

Os especialistas também discutiram a necessidade de técnicas, equipamentos e fármacos estarem presentes no SUS. Para a categoria, a pasta se demonstra aberta a dialogar sobre o tema. Entretanto, faltam propostas.

— É importante dar um olhar para a atenção primária, como o governo tem feito, mas isso não resolverá os problemas da oncologia, temos que focar também na atenção especializada. Sendo franco, eu vejo uma intenção do ministério para melhorar o tratamento de câncer no Brasil, mas é preciso entender qual vai ser a capacidade de entrega — avaliou Nelson Teich, ex-ministro de Jair Bolsonaro. — O que vale é o que chega na sociedade. Intenções são pontos de partida, mas o que não se concretiza na entrega não vale de nada.

Técnicos reconhecem as dificuldades de enfrentar um problema com realidades distintas em um país continental. O secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, admite os gargalos no SUS apontados pelos oncologistas, mas afirma que a pasta tem se esforçado para agilizar o processo de diagnósticos e modernizar diferentes tipos de tratamentos.

— Temos o desafio de firmar o diagnóstico precoce, esse é um enorme desafio. O problema não é dinheiro, é a oferta de médicos especializados, como oncologistas e cirurgiões oncológicos. Temos poucos no Brasil, por isso nosso esforço em ampliar as residências. Nós estamos propondo a expansão das residências e tendo ofertas generosas da USP para formarmos residentes, especialmente no Norte e Nordeste — destacou Miranda.

Tecnologia indisponível
Um levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) mostra que há ao menos cinco medicamentos de tecnologia avançada contra o câncer que foram aprovados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) e incorporados ao SUS e, mesmo assim, seguem indisponíveis aos pacientes.

Entre eles, um que trata câncer de pulmão em metástase, com atraso de nove anos. O fármaco foi aprovado para ser inserido no SUS em novembro de 2013. Outro remédio direcionado a pacientes com tumor renal metastático, o Sunitinibe, foi autorizado para uso no SUS há três anos, porém nunca ofertado.

Segundo Miranda, o atraso com terapias tecnológicas não é desafio restrito ao serviço público e também acomete a rede privada. O secretário diz ainda que o ministério tenta contornar o problema investindo em parcerias com hospitais filantrópicos e a indústria farmacêutica. Ele diz que está em debate a “compra centralizada” para diminuir o preço de alguns quimioterápicos, bem como parcerias com a indústria. A pasta também afirma incentivar pesquisas nacionais que desenvolvem novos tratamentos contra o câncer.

Fonte: O Globo

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