Câncer de tireoide afeta três vezes mais mulheres do que homens; especialistas explicam os possíveis motivos

Em 27 de julho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. O câncer de tireoide entra nessa categoria e afeta três vezes mais mulheres do que homens, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ainda há muito a ser estudado sobre o assunto, mas algumas explicações surgem para explicar esse dado.

A oncologista clínica Ludmila Koch, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que o primeiro motivo que associa o câncer de tireoide a mais mulheres do que homens é a questão hormonal. A doença pode estar ligada à produção de estrogênio.

“No entanto, embora os fatores hormonais apareçam como uma hipótese lógica para a disparidade de gênero, ainda não há evidências conclusivas por qual motivo aumenta-se o risco de desenvolver câncer de tireoide”, pontua a especialista.

Já o segundo motivo é que mulheres costumam procurar assistência médica com mais frequência. A Pesquisa Nacional de Saúde 2019 mostrou que 82,3% de mulheres passaram em consulta nos 12 meses anteriores ao levantamento. Em contrapartida, apenas 69,4% dos homens procuraram um médico no mesmo período.

Segundo o cirurgião Genival Barbosa de Carvalho, líder do departamento de cirurgia de cabeça e pescoço do A.C. Camargo Cancer Center, a boa notícia é que o tipo de câncer de tireoide que afeta as mulheres costuma ser o menos agressivo. “Ele chama carcinoma papilífero e representa cerca de 80 a 90% dos casos. Tem como característica o crescimento lento e as chances de cura são grandes”, enfatiza.

Mulheres com histórico familiar de câncer de tireoide também têm mais chances de desenvolver a doença. O mesmo vale para aquelas que têm condições tireoideanas pré-existentes, como doença de Hashimoto e nódulos na glândula.

“O câncer de tireoide pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em mulheres entre 30 e 60 anos”, afirma Koch.

Há também fatores que influenciam a incidência do câncer de tireoide, mas não estão necessariamente ligados a gênero. Por exemplo, pessoas que têm histórico de exposição à radiação na região do pescoço e têm uma dieta pobre em iodo. A obesidade também potencializa as chances de ter a doença.

“A exposição a certos produtos químicos, como pesticidas, pode aumentar o risco de câncer de tireoide. Contudo, mais pesquisas são necessárias para entender completamente essas associações”, explica a oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

O conhecimento sobre tais fatores de risco é importante para que mulheres conversem com seus médicos para realizar exames de triagem caso façam parte deles.

Câncer de tireoide: o que é e principais sintomas


“O câncer de tireoide é um tipo de tumor que se forma na glândula de mesmo nome. Ela fica na região do pescoço e é responsável pela produção de hormônios que ajudam a regular o nosso metabolismo”, explica Carvalho.

Esse tipo de câncer pode não causar nenhum sintoma no início. No entanto, à medida que o tumor cresce, os sinais podem aparecer. Os principais são:

- Dor na região do pescoço, que pode irradiar para os ouvidos;
- Dificuldade para deglutir e/ou respirar;
- Tosse que não passa e não é causada por gripe ou outro tipo de infecção das vias aéreas;
- Alteração na voz e/ou rouquidão;
- Nódulo no pescoço que dá para ser sentido com o toque.
- Diagnóstico do câncer de tireoide

O diagnóstico do câncer de tireoide começa com uma avaliação do histórico do paciente. A partir disso, diferentes caminhos são trilhados. “Nódulos na tireoide são bastante comuns e, por causa da sua localização, é possível senti-los com uma simples apalpação do pescoço. Aproximadamente 90 a 95% deles são benignos”, esclarece Carvalho.

Caso o especialista suspeite sobre o nódulo ser benigno, ele pode recorrer ao ultrassom e à tomografia da tireoide, com eventual punção para biópsia. “Os exames de sangue não conseguem detectar câncer, mas os níveis de T4 e TSH servem para avaliar a atividade da glândula”, pontua o especialista do A.C. Camargo Cancer Center.

Por exemplo, em pessoas que tiveram câncer de tireoide, os níveis de TSH devem ser baixos, bem como de tireoglobulina, que é um marcador da doença. Caso ela esteja elevada, o valor pode indicar que a condição voltou.

“A facilidade de acesso a ultrassonografia de tireoide com eventual punção do nódulo também influenciam no aumento do número de casos da doença nas últimas décadas, contribuindo para o diagnóstico mais assertivo”, reflete Carvalho.

Os tratamentos para o câncer de tireoide


Koch esclarece que o tratamento para o câncer de tireoide depende do tipo da condição e do estágio em que ela está. No entanto, segundo Carvalho, “a cirurgia com a remoção parcial ou total da glândula e eventualmente dos linfonodos acometidos pela doença” é o mais comum.

Em pacientes mais jovens e que a cirurgia não é possível, o cirurgião explica que a ablação guiada por ultrassonografia pode ser feita. Ela consiste em um procedimento que queima o nódulo da tireoide. “Habitualmente, não se usa radioterapia ou quimioterapia no tratamento da doença”, completa o especialista. Já a iodoterapia pode ser necessária.

O nódulo maligno pode também ser só acompanhado pelo especialista caso esteja bem localizado e/ou o paciente não suporte nenhum tratamento. É o caso, por exemplo, de idosos ou pacientes com problemas de saúde mais graves. De acordo com Koch, esse tipo de intervenção é chamado de watchful waiting.

Vale saber que o câncer na tireoide é uma doença com evolução lenta e que, às vezes, nem evolui. Por isso, o acompanhamento do nódulo sem intervenção é possível em alguns casos.

Fonte: Revista Marie Claire Saúde

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