Novo tratamento para câncer de mama apresenta resultados promissores em congresso nos EUA

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Uma pílula experimental mostrou resultados promissores na redução do risco de progressão e morte em pacientes com câncer de mama metastático, segundo anúncio feito na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), realizada em Chicago, nos Estados Unidos. A novidade foi destacada durante uma das sessões plenárias do evento.

Em entrevista ao Estúdio CBN, Marina Sahade, médica oncologista do Hospital Sírio-Libanês e diretora científica do Instituto Oncoguia, explicou que o tratamento é voltado para pacientes com tumores do tipo hormônio-positivo. A grande inovação, segundo ela, está não apenas na eficácia do medicamento, mas também na forma como ele é administrado.

"O que é lindo desse estudo não é só o remédio, mas é a forma como a gente testa se esse remédio funciona. Então, é uma coisa bastante personalizada. São pacientes que estão em tratamento para doença metastática com um tratamento que já é bem estabelecido. Elas começam a fazer um exame que chama biópsia líquida e aí vai detectando uma mutação. A partir de um certo ponto, a gente percebe que a paciente vai ficar resistente ao tratamento e aquele tratamento vai deixar de funcionar. Aí entra com esse remédio novo, via oral, e a gente consegue antecipar o problema. É isso que é lindo."

A médica destacou que, apesar de bem tolerada, a nova medicação oral pode causar efeitos colaterais como diarreia e fadiga. No entanto, diversos estudos apresentados no congresso abordaram soluções complementares para mitigar esses efeitos, incluindo o uso de um suplemento feito a partir da folha da papaya, que ajudaria a prevenir a queda de plaquetas. Para Marina Sahade, uma das pesquisas mais interessantes apresentadas na reunião foi a que demonstrou o papel da atividade física regular na prevenção da recorrência do câncer.

"Na verdade, para mim, o estudo mais importante de tudo que teve aqui no Congresso, que na verdade não é de mama, mas se aplica para todos os tumores, foi um estudo que mostrou o impacto da atividade física. Então a atividade física, depois do tratamento de câncer, diminuiu muito o risco do câncer voltar. Olha que bárbaro, né? E todo mundo fica procurando uma coisa milagrosa que cure o câncer. A ginástica cura o câncer."

Apesar dos avanços, a médica alertou para os obstáculos no acesso ao novo tratamento no Brasil, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). A nova droga depende da utilização conjunta com inibidores de ciclina, já disponíveis na rede privada, mas ainda não incorporados à rede pública. Além disso, o uso eficaz da nova medicação requer a realização da biópsia líquida, uma tecnologia que ainda tem custo elevado no país.

Matéria publicada pela CBN Globo em 03 de junho de 2025