No mundo, estimam-se 20 milhões de novos casos de câncer e 10 milhões de mortes por câncer por ano, de acordo com dados mais recentes (2020) do Global Cancer Observatory (Globocan), elaboradas pela International Agency for Research on Cancer (Iarc). Nas regiões das Américas, incluindo o Brasil, o câncer é a segunda causa mais incidente de morbidade e mortalidade depois das doenças cardiovasculares. A região contabiliza cerca de 4 milhões de novos diagnósticos por ano e 1,4 milhão de mortes por câncer, segundo dados de 2020. Destes, aproximadamente 57% dos novos casos de câncer ocorreram em pessoas com 69 anos de idade ou menos.

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Nas próximas duas décadas, o órgão internacional prevê que a carga global de câncer deve aumentar em aproximadamente 60%, sobrecarregando ainda mais os sistemas de saúde, as pessoas e as comunidades. O aumento previsto é de cerca de 30 milhões de novos casos de câncer até 2040, com as maiores taxas sendo observadas em países de baixa e média renda

Nas Américas, estima-se que o número de pessoas com diagnóstico de câncer aumente em 57% para aproximadamente 6,23 milhões de pessoas até 2040. Isso se nenhuma ação for tomada para a prevenção, diagnóstico precoce e controle da doença. Por isso, ações que visem aumentar a conscientização da população sobre o câncer e medidas que melhorem o acesso  a exames de diagnóstico e tratamentos devem ser realizadas com urgência. 

Números do câncer no Brasil

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer.

De acordo com o Instituto, o câncer mais incidente no Brasil é o de pele não-melanoma, representando 31,3% do total de casos. Em seguida, vêm os casos de câncer de mama feminina (10,5%) e os de próstata (10,2%).

Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, estimando cerca de 72 mil casos novos por ano do triênio. Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente, com 74 mil casos anuais. 

Em seguida, a neoplasia mais incidente é a de cólon e reto. Segundo levantamento do INCA, em regiões que têm maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o câncer colorretal ocupa a segunda e terceira posição. Em contrapartida, nas regiões de menor IDH o câncer do colo do útero ultrapassa o colorretal, mas ele ainda figura entre os cinco mais incidentes. 

Além desses, o câncer de pulmão representa o terceiro mais prevalente em homens e o quarto em mulheres. 

Estimativas de novos casos de câncer, em mulheres, para 2023-2025




Estimativas de novos casos de câncer, em homens, para 2023-2025

Você também pode ter acesso a mais dados em nossa plataforma Radar do Câncer

A jornada de um paciente com câncer 

O termo jornada do paciente nem sempre faz sentido, mas é dessa forma que chamamos o conjunto de etapas enfrentadas a partir do momento que se suspeita e ou se diagnostica um câncer. Pode ser que você leia essa palavra algumas vezes aqui no portal.

Uma jornada precisa ser prioritariamente transparente e informada. Ou seja, é muito importante que conforme um exame ou consulta seja realizado, o próximo passo seja garantido e devidamente comunicado ao paciente. Por exemplo:

  • Após a mamografia, o paciente precisa ser informado e orientado sobre onde e quando pegar o resultado, se há algo mais a ser feito e se é necessário seguir para uma consulta com um especialista. 
  • Ou se o paciente precisa de uma biópsia, ele deve ser orientado em relação ao agendamento, como seguir as preparações indicadas, realizar o exame efetivamente, esperar o resultado e retornar ao médico que o solicitou para conversar. 

Vendo assim, fica fácil de perceber quantas etapas existem dentro de um único procedimento e o quão fácil pode ser se perder durante o processo ou até perder tempo para realizar uma das etapas.  

De forma simples, a jornada do câncer conta com as seguintes fases:

  1. Exame alterado ou presença de um sinal ou sintoma;
  2. Consulta com um especialista ou médico do posto (SUS); 
  3. Exame clínico e solicitação de mais exames, se necessário;
  4. Pedido de biópsia (diante de suspeita de câncer);  
  5. Consulta para avaliação de resultados dos exames, diagnóstico e definição de tratamentos; 
  6. Início do tratamento;
  7. Acompanhamento. 

A jornada pode ser influenciada por inúmeros detalhes, como estágio da doença, onde você mora, tipo de sistema de saúde que você tem acesso e muito mais. 

Voltaremos a falar mais sobre esse tema em outras áreas do portal. 

SUS e Plano de Saúde: conhecendo as inúmeras desigualdades diante do câncer   

Receber o diagnóstico de um câncer já é algo muito temido e difícil por si só. Entretanto, infelizmente os desafios enfrentados pelo paciente não param por aí. 

Apesar da gravidade da doença, ainda existem inúmeras dificuldades para o acesso ao cuidado efetivo e adequado em todas as fases da jornada da doença, incluindo o início do tratamento e demais cuidados. Entre elas, a que mais impacta é a existência de uma enorme e importante falha relacionada ao acesso a novos tratamentos, especialmente para as pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).

Na última década foram lançados novos tratamentos que revolucionaram o setor, capazes de curar cada vez mais, aumentar a sobrevida e, principalmente, de garantir uma vida com maior qualidade. No entanto, estes tratamentos mais modernos têm altos custos e, apesar da eficácia e efetividade comprovadas, não estão sendo disponibilizados para os pacientes que podem se beneficiar. 

Atualmente, muitos medicamentos novos e aprovados para uso no país nos últimos dez anos não estão disponíveis no SUS, mesmo após aprovação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias no SUS). 

Meu SUS é diferente do seu SUS

Além da falta de medicamentos mais modernos, há também carência de padronização dos protocolos de tratamento contra o câncer na rede pública.

Uma pesquisa do Oncoguia, lançada em 2017, intitulada "Meu SUS é diferente do seu SUS", analisou o tratamento contra os quatro tipos de câncer mais incidentes na população brasileira (pulmão, mama, próstata e colorretal). Dos mais de 50 centros oncológicos analisados, 18 sequer tinham protocolos terapêuticos para essas doenças.

Entre aqueles que possuíam alguma diretriz, 16 centros disponibilizavam um tratamento contra o câncer de pulmão inferior ao recomendado pelo próprio Ministério da Saúde. O mesmo cenário se repetiu em oito centros que lidavam com tumores de mama. Também vale citar que foram observados centros que possuíam um padrão terapêutico superior ao preconizado pelo Governo Federal.

A partir dessa constatação, a pesquisa mostrou que o tratamento oferecido e a consequente expectativa de vida do paciente de câncer atendido pelo SUS podem variar de acordo com o local em que ele é tratado

A princípio, ir para esse ou aquele hospital não deveria fazer nenhuma diferença. Mas, além de cada hospital ter protocolos próprios para o cuidado oncológico, a própria diretriz do Ministério da Saúde não é obrigatória e nem atualizada com a frequência necessária. Na prática, a gestão e as políticas de saúde são descentralizadas e cada gestor é livre para estabelecer seus próprios padrões da assistência oncológica. Portanto, na rede pública, onde ninguém escolhe onde será atendido, o que determina se um paciente terá acesso ao tratamento X ou Y é o seu CEP. 

Outro enorme problema no SUS são os prazos. Grande parte das unidades oncológicas não consegue cumprir as leis que determinam que o paciente com suspeita de câncer tem direito à realização dos exames diagnósticos em, no máximo, 30 dias, e que, confirmada a doença, o início do tratamento deve acontecer em 60.

Veja mais sobre as leis de 30 e 60 dias

Esses atrasos indicam um grave problema para os pacientes que se encontram em uma corrida contra o tempo. Tumores diagnosticados e tratados precocemente têm maior chance de cura. Portanto, quanto mais tempo o paciente aguarda, mais difícil e custoso seu tratamento se torna. 

Essa demora também é um dos motivos para que grande parte dos pacientes sejam diagnosticados com a doença já em estágios avançados. Por exemplo, mais de 50% dos pacientes com câncer de mama e próstata iniciam seus tratamentos com a doença avançada.

Política Nacional Oncológica

A criação de um sistema de saúde mais justo e mais eficiente implica conhecer as necessidades da sociedade, a quantidade de recursos disponíveis, a operação das unidades oncológicas e os desfechos clínicos dos tratamentos na vida dos pacientes. Sem essas informações, é impossível pensar em projetos nacionais de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer.

Nós, do Oncoguia, atuamos para que tenhamos uma política nacional sustentável, efetiva e justa. Diariamente trabalhamos para acabar com essas inúmeras desigualdades e falta de equidade no acesso a um cuidado efetivo e digno. 

Com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, reduzir a mortalidade e assegurar o acesso ao cuidado integral pelo paciente, foi aprovado o Projeto de Lei nº 2.952/2022 que cria a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC). 

A legislação conta com contribuições do Oncoguia que, em conjunto com outras organizações sociais, atuou para que o PL atendesse aos anseios da sociedade e trouxesse mudanças importantes para o paciente oncológico. 

O projeto de lei deve, entre outros objetivos, melhorar o acesso efetivo a tratamentos oncológicos no SUS. Uma das medidas trazidas pelo PL é a definição do processo de incorporação, aquisição, financiamento e distribuição dos tratamentos oncológicos, atingindo o problema da falta de medicamentos mais modernos e efetivos para os pacientes.

A partir da recomendação do Oncoguia, que acompanha a elaboração do PL desde 2021, a Política Nacional agora prevê que, depois de incorporado, um novo medicamento ou tratamento oncológico deverá passar por discussão entre Ministério da Saúde, estados e municípios a fim de definir os responsáveis pela compra e distribuição no SUS.

Também foram definidos critérios para a compra centralizada pelo Ministério e para a compra descentralizada por cada hospital, assim como a criação de uma APAC (Autorização de Procedimento Ambulatorial de Alta Complexidade) que cubra o valor daquele tratamento e revisão do teto financeiro dos hospitais oncológicos quando necessário.

O PL foi aprovado pelo Senado em novembro de 2023 e aguarda sanção presidencial. Se sancionado, teremos muito trabalho para que todas as regulamentações sejam implementadas de fato.

Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia com informações do INCA, Globocan e IARC

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