Categorias


Quer ficar em contato com o Oncoguia?

Cadastre-se aqui

Tudo sobre o câncer

 
Mais Tipos de câncer

Curta nossa página

Financiadores

Roche Novartis MerckSerono Lilly Pfizer AstraZeneca Bayer Janssen MSD Mundipharma Takeda Astellas UICC Ipsen Sanofi Daiichi Sankyo GSK Avon Nestlé Adium Knight


  • tamanho da letra
  • A-
  • A+

[ENTREVISTA] Presidente da ABRALE discute cenário do Mieloma Múltiplo no Brasil

  • Equipe Oncoguia
  • - Data de cadastro: 15/09/2015 - Data de atualização: 15/09/2015


Merula SteagallEm entrevista exclusiva ao Portal Oncoguia, Merula Steagall, presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), fala sobre a realidade do Mieloma Múltiplo no Brasil. Por ano, estima-se que 7.600 brasileiros recebem o diagnóstico da doença e, a falta de conhecimento sobre o assunto, implica em diagnósticos tardios, que restringem as opções de tratamento.

Confira a entrevista e entenda o que é o Mieloma Múltiplo, quais os seus sintomas, como diagnosticá-lo e conheça as opções de tratamento para manter a doença sob controle.

Instituto Oncoguia - Sabemos que aproximadamente 20.000 novos casos de doenças onco-hematológicas (leucemias e linfomas) serão diagnosticados este ano. Qual a estimativa do número de casos de mieloma múltiplo, sendo que é uma doença menos frequente?

Merula Steagall - No Brasil, a incidência do mieloma múltiplo ainda é desconhecida, principalmente porque não faz parte das estimativas anuais do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mas estudiosos apontam que a doença atinge quatro a cada cem mil brasileiros, o que representa aproximadamente 7.600 novos casos por ano. Já nos Estados Unidos, 19 mil casos são registrados no mesmo período.

Instituto Oncoguia - Quais os sinais e sintomas do mieloma múltiplo? Quais as pessoas que devem estar atentas e quando devem procurar um médico para elucidação diagnóstica?

Merula Steagall - São diversos os sintomas que podem sinalizar um mieloma múltiplo, mas os mais comuns são: dores ósseas constantes, principalmente nas costas ou peito; cansaço e fraqueza, devido à anemia; aumento dos níveis de cálcio no sangue; fraturas ósseas espontâneas; deficiência do sistema imunológico responsável por infecções constantes, com febre e mal estar e/ou mau funcionamento dos rins.

Lembrando que o diagnóstico precoce é fundamental, pois com ele as chances de obter melhores resultados aumentam exponencialmente. A qualquer sinal diferente do corpo que seja persistente, é muito importante procurar um médico.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da eletroforese de proteínas séricas no diagnóstico do mieloma?

Merula Steagall - A imunoglobulina produzida por células de mieloma é anormal, porque é monoclonal. A eletroforese de proteínas séricas (SPEP) é um exame para medir a quantidade total de imunoglobulina no sangue e detectar qualquer imunoglobulina anormal.

Este é um exame fiel no diagnóstico, principalmente em aproximadamente 75% dos pacientes nos quais há aumento do pico de globulinas.

Instituto Oncoguia - O que a entidade que preside está realizando em relação ao diagnóstico e tratamento do mieloma múltiplo?

Merula Steagall - Organizamos anualmente campanha de conscientização para ampliar o conhecimento e difundir informações, em parceria com sociedades médicas e outras entidades de pacientes, como a IMF e Oncoguia. Criamos programas de educação para médicos, profissionais de saúde, pacientes e cuidadores com o apoio de nosso Comitê Médico e Multidisciplinar. Em nosso pilar de políticas públicas, trabalhamos com representantes do governo para impulsionar avanços nos protocolos dos tratamentos disponibilizados nos centros de tratamento públicos e privados de todo o país, além de buscarmos o aumento de pesquisa clínica para pessoas com mieloma múltiplo, bem como solicitar maior agilidade nos processos de registro e incorporação de tratamentos ainda não disponíveis no Brasil para todos os pacientes.

Instituto Oncoguia - Quais as ações efetivas que a Abrale realizou / realiza com os pacientes de mieloma múltiplo no país?

Merula Steagall - Todos os itens explicados na pergunta anterior incluem ações efetivas. Alguns exemplos para ilustrar são: em 2012, fizemos o Seminário de Mieloma Múltiplo e, com a participação de especialistas renomados, inclusive do exterior, foi discutido o que deveria ser melhorado no tratamento da doença no país. Usamos a revista da Abrale para divulgar informações e conteúdos relevantes para os pacientes, cuidadores e profissionais da saúde.

Este ano criamos novo vídeo que será amplamente difundido entre as sociedades médicas, sugerindo que os médicos conheçam os sintomas e considerem pedir exames específicos, caso se deparem com alguma pessoa que apresente sintomas sugestivos de mieloma múltiplo.

Nosso esforço direto com representantes do governo, pedindo maior agilidade e transparência no registro da Lenalidomida pela ANVISA, também deve ser citada, pois sabemos que este medicamento pode fazer a diferença na qualidade de vida de diversos pacientes.

É muito importante também frisarmos que disponibilizamos serviços de apoio gratuito, como apoio psicológico, jurídico e nutricional, além de Chats com especialistas, 0800 e fale conosco para tirar dúvidas e dar orientações para pacientes, cuidadores e profissionais da saúde.

Instituto Oncoguia - Qual o estado da arte sobre o tratamento do mieloma fora do Brasil?

Merula Steagall - Ultrapassada essa fase de diagnosticar a doença, em relação à questão do tratamento no mundo, o mieloma até 15 anos atrás era uma doença com um tempo de sobrevida muito pequeno, em torno de três anos, isso um dado estatístico. O que aconteceu depois foi a introdução do transplante autólogo de medula óssea e a introdução de um grupo de medicamentos chamados "novas drogas”.

Existem no mundo três medicamentos aprovados e incluídos nessa categoria de novas drogas, que são: Talidomida, Bortezomib e a Lenalidomida. As três drogas, já em uso no mundo, mais o transplante, modificaram um pouco a história natural da doença.

A mediana de sobrevida mais do que dobrou, e hoje a perspectiva do paciente que já tem um diagnóstico em mieloma, na maioria dos casos, pode superar os oito anos, e com qualidade.

No Brasil, temos algumas limitações em relação a esse cenário. Qual é? É a questão do acesso às drogas. No Brasil, não temos estes três medicamentos aprovados para uso, somente a Talidomida e o Bortezomib. A Lenalidomida está em trâmite ainda, um longo trâmite na ANVISA. E, na verdade, nem sabemos se será aprovada. Então temos um grande problema.

O acesso à Talidomida é universal porque é um medicamento distribuído pela estrutura pública. Já o acesso a Bortezomib não é universal, os convênios normalmente pagam, mas no SUS o acesso ainda é muito irregular, pois alguns centros de tratamento dependem exclusivamente do valor coberto pela APAC (autorização de procedimento de alta complexidade). Este é o valor pago pelo Ministério da Saúde para cobrir os custos com exames, procedimentos e medicamentos nos centros de tratamento públicos, e o valor aplicado para o mieloma é inferior ao que deveria ser.

A Lenalidomida, como já citado, não está aprovada, então esse cenário apresentado fora do país, infelizmente não existe aqui ainda.

Instituto Oncoguia - A Abrale participou da audiência pública sobre lenalidomida no último dia 15 de agosto, na qual a ANVISA não enviou um representante, qual sua opinião a respeito?

Merula Steagall - A Audiência Pública foi proposta pelos deputados Fernando Francischini e Willian Dib, que nos fizeram convite especial para debatermos sobre a importância do "registro” do medicamento Lenalidomida. Para insatisfação de todos, o responsável pelo órgão principal (ANVISA) não compareceu, demonstrando descaso com toda sociedade civil e os pacientes portadores de mieloma múltiplo.

O registro desse medicamento é muito importante, já que é uma droga que atua impedindo o crescimento de vasos sanguíneos que alimentam o tumor, o que aumenta a qualidade de vida.

Como a missão da ABRALE é garantir que o paciente tenha acesso ao melhor tratamento, a Associação encomendou ao centro de pesquisa Cochrane do Brasil uma análise minuciosa de todos os trabalhos científicos publicados sobre o tema, e mais uma vez evidenciou comprovação científica sobre a efetividade da droga Lenalidomida para o portador de mieloma múltiplo, contudo, a ANVISA ainda não se manifestou a respeito.

Instituto Oncoguia - Qual a importância de aprovar um medicamento como esse para os pacientes com mieloma no Brasil?

Merula Steagall - Os especialistas afirmam que não existe cura para o mieloma múltiplo e sim o controle da doença. Queremos que o paciente fique com a doença sob controle por longos períodos e tenha garantida a sua qualidade de vida durante todo o processo de cuidados. Para que isto ocorra é importante ampliar o conhecimento dos médicos e garantir acesso universal a exames e medicamentos. Isto significa que o ideal é que todos os médicos em todos os centros que se dispõem a tratar pessoas com mieloma múltiplo tenham a condição necessária para tal fim. Tem paciente que responde bem ao tratamento inicial, realiza transplante de medula óssea e fica por um longo período muito bem. Para outros, o tratamento inicial não é muito eficaz, então é imprescindível que os médicos possam oferecer outras opções terapêuticas.

Ter disponível a Lenalidomida para o tratamento do paciente com mieloma múltiplo permitirá, na maioria dos casos, aumentar a chance de atingir remissões da doença, com melhora significativa da qualidade de vida.

Como nossa Constituição Brasileira garante em seu artigo 196 – "que a saúde é direito de todos...”o registro e incorporação desse medicamento representa também, fazer valer um direito garantido em nossa constituição.



Este conteúdo ajudou você?

Sim Não


A informação contida neste portal está disponível com objetivo estritamente educacional. Em hipótese alguma pretende substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas. O acesso a Informação é um direito seu: Fique informado.

O conteúdo editorial do Portal Oncoguia não apresenta nenhuma relação comercial com os patrocinadores do Portal, assim como com a publicidade veiculada no site.

© 2003 - 2023 Instituto Oncoguia . Todos direitos reservados
Desenvolvido por Lookmysite Interactive