Confira aqui os depoimentos
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Juliana. - Tumores Cerebrais / Sistema Nervoso Central
"Meu pai foi diagnosticado com glioblastoma grau 4."
Em fevereiro de 2024, meu pai passou mal. Teve uma alucinação — viu a morte passeando pela casa. Foi atendido, mas todos os sinais vitais estavam normais. Ainda assim, quis investigar melhor e realizou uma ressonância magnética do cérebro. No dia 1º de março, descobrimos o tumor: um glioblastoma de cinco centímetros.
Ele foi operado em Passo Fundo e teve uma recuperação surpreendente, com ressecção total do tumor e nenhuma sequela. Após o período de recuperação, iniciou 30 dias de radioterapia concomitante com quimioterapia, também realizados em Passo Fundo.
A terceira etapa do tratamento consistia no uso da medicação quimioterápica por cinco dias a cada mês, em um total de seis ciclos. No final do ano passado, começamos a notar que seu raciocínio já não era o mesmo, e ele passou a sentir dores de cabeça. Antes do último ciclo, fez nova consulta, e descobrimos que o tumor havia voltado.
Em janeiro de 2025, ele passou por uma nova cirurgia. Foi aí que nosso calvário realmente começou. Ele saiu da cirurgia sem sequelas, mas, aos poucos, começou a piorar. Primeiro, não quis mais almoçar na mesa. Depois, não queria escovar os dentes no banheiro. Passou a caminhar cada vez menos, deixou de sair de casa e se limitava a pequenos trajetos dentro do apartamento.
Foi enfraquecendo. Ficava mais tempo na cama, passou a recusar comida. Teve duas intercorrências que o levaram ao hospital. A primeira foi um trombo pulmonar, que foi tratado com sucesso, e ele voltou para casa. Mas começou a usar fraldas, teve dificuldade de engolir, e então veio a segunda internação: uma pneumonia, provavelmente causada por aspiração de alimento.
Foram 30 dias de hospital. Muito sofrimento. Parou de se comunicar, dormia quase o tempo todo. Desenvolveu escaras pelo corpo, principalmente no cóccix. Ver aquele homem — sempre tão forte, ágil, de raciocínio rápido — naquele estado, foi o maior sofrimento para nós.
Ele tinha 78 anos quando faleceu, em 19 de março de 2025.
O glioblastoma é uma provação muito dura, tanto para o paciente quanto para a família. É um câncer extremamente agressivo, que leva a pessoa muito rapidamente. Tivemos, após o diagnóstico, cerca de 10 meses de vida plena com meu pai. Às vezes ele reclamava de prisão de ventre, outras vezes de dor na barriga, dor de cabeça ou tontura — mas nada que o impedisse de viver como antes. Só não pôde mais curtir um uísque, como tanto gostava.
Se você está passando por isso, tenha fé. Aproveite cada momento junto de quem você ama. Ajude essa pessoa a partir em paz. Que você consiga transmitir tranquilidade, amor e acolhimento.