Confira aqui os depoimentos

  • Eduardo K. - Câncer de Colo do Útero
    Vi, minha heroína!

 

Fui casado com a mãe dos meus filhos de dezembro de 1998 até abril de 2017. 

Em 24 de abril de 2019 eu encontrei no Facebook uma moça que achei linda e tínhamos em comum uma amiga(irmã de amigos meus da adolescência e cunhada da Vi). A Vi aceitou meu convite, por me achar bonito e por ter um sorriso sincero. 

Eu a chamei pra conversar no Messenger do Facebook, me apresentei, ela também se apresentou e foi me falando que estava em tratamento de saúde. Eu quis saber e dei meu whatsapp, ela me adicionou  e conversamos. Logo ela me disse que estava em tratamento de um câncer uterino (para eu não ter esperança).

Comecei a conversar todo dia com a Vi e fui dando força para ela fazer o tratamento, aguentar os efeitos da quimioterapia.  Se passaram maio e junho e nossos sentimentos foram aumentando. No dia 09 de julho de 2019 eu estava de folga e fui passar o dia com meus filhos na cidade de Canoas - RS. Na volta para Porto Alegre, ao descer na estação final do trensurb lembrei que a Vi tinha sessão de radioterapia no complexo da Santa Casa. 

Mandei mensagem e disse que queria conhecê-la e que a encontraria na parada (ela morava em Viamão, grande Porto Alegre).  Ela não acreditou, ao descer do ônibus eu estava eu a lhe esperar. Nos abraçamos, nos beijamos e fomos juntos até a sua sessão de radioterapia. Sua irmã já lhe aguardava e ficou surpresa comigo chegando junto com a Vi. As levei até a parada do ônibus após a sessão de radioterapia e fomos conversando muito. Após esse dia o sentimento foi só aumentando. 

Porém, em agosto deste ano eu lhe mandei uma mensagem dizendo que não queria mais, porque acreditava que faria mal para ela e que desejava que Deus colocasse um homem digno na sua vida para cuidá-la e dar todo amor que ela merecia. Em setembro, ela me mandou uma mensagem, sem querer, começamos a conversar e decidimos nos encontrar no outro dia. Nos encontramos e não nos desgrudamos mais. 

Comecei a ir nas consultas com ela. O câncer havia estancado. Em 2020 houve a primeira recidiva. No início de 2021 fez uma histerectomia total e em abril mais uma cirurgia no manguito para ver se havia margem ali ainda (tudo pelo SUS, mas eu já havia lhe colocado como minha dependente na Unimed). 

Fizemos uma união estável e eu fui morar junto com ela para ajudar a cuidar dela. Em setembro de 2021 as dores abdominais aumentaram,  até que em dezembro de 2021 a levei às pressas para o hospital da Puc. Constataram uma recidiva já em contato com os ureteres e sigmóide. Foi feita uma nefrostomia percutânea, logo em seguida começou a fazer quimioterapia. 

O Dr. Mateus Ferla com quem começou o tratamento na Puc, pediu para conversar comigo e me falou que a Vi teria cerca de mais um ano de vida. Disse que a única salvação seria uma exenteração pélvica. Ela aceitou fazer, mesmo sabendo que ficaria sem vários órgãos e ficaria mutilada. Em julho de 2022 foi feita a exenteração pélvica como Dr. Lucas Torelly. 

A cirurgia foi antecipada porque a levei com hemorragia vaginal às pressas para o hospital Divina Providência. Ela ficou 83 dias internada e teve 3 sessões. Teve alta no final de setembro e voltou para casa com nefrostomia bilateral, colostomia, dreno de cair e um Pigtail. Voltou para Divina em outubro de 2022 com infecção urinária e após nova RM foi constatada recidiva na bexiga e metástase na l4. 

Novembro mais internação, dezembro outra internação que ficamos até o dia 10 de janeiro. Passamos o Natal e o Ano Novo no hospital. Ela teve alta e ficou em casa até abril de 2023. Abril nova internação, maio outra internação e no dia 21 de junho de 2023 foi internada por para falecer no dia 2 de agosto de 2023. Já estava no aparelho para infusão de morfina e de outro remédio porque estava delirando muito e não dormia. A família decidiu assim. 

Os 4 anos que tivemos juntos foram os mais felizes da minha vida. Mesmo sendo dois anos direto no hospital. Eu a amei, respeitei e cuidei dela até o final. Deixou um filho com 18 anos e uma filha com 12 anos. O menino ingressou no quartel e a menina ficou com o tio. O pai das crianças está sumido. Ontem fez quatro meses de sua partida. Todo dia eu vejo sua foto, a beijo e choro de saudades.