Confira aqui os depoimentos
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Ed. - Câncer Colorretal
"Câncer colorretal com metástase hepática"
Li os depoimentos e me emocionei muito.
Meu pai tem 64 anos, casado com minha mãe, também de 64, há 44 anos – o mesmo tempo da minha idade! Sou a primogênita de quatro irmãos, sendo três homens e eu, a única mulher. Nos últimos anos, meus pais têm enfrentado uma grande luta com meus irmãos devido aos vícios. Ambos os meus irmãos do meio e o caçula passaram por dependência química. Apenas um conseguiu se libertar, ainda que com sequelas, mas os outros dois não conseguiram abandonar o vício.
Meu pai sempre foi muito dedicado à nossa formação. Ele priorizou nossa educação, pagou cursos e ajudou na aquisição de nossas casas, dentro de suas possibilidades. Sempre esteve disposto a tirar meus irmãos das enrascadas, arcando com dívidas que eles faziam. Apesar disso, eu via o quanto isso o desgastava emocionalmente, e também à minha mãe. Meus irmãos, mesmo com suas dificuldades, sempre respeitaram meus pais. Antes do vício, eram prestativos e comprometidos, o que fazia meu pai acreditar no potencial de sucesso de todos eles.
Por ser militar, meu pai sempre foi metódico. Ele nos ensinou a ser organizados, íntegros e corretos. Contudo, as crises familiares chegaram, atingindo o que meus pais mais prezavam: seus filhos. Durante anos, eles sofreram com as dificuldades enfrentadas por meus irmãos. Nesse tempo, assumi o papel de conselheira e apaziguadora, tentando orientar meus irmãos, chamar a atenção quando necessário e acalmar meus pais.
Em 2022, porém, o pesadelo se intensificou quando meu irmão do meio perdeu o filho mais velho. Ele se entregou ao vício de forma ainda mais profunda, perdeu completamente a esperança e, consequentemente, tudo o que tinha. Ele acabou se mudando para a casa do meu pai, que lhe cedeu um apartamento nos fundos de sua residência.
A partir daí, passei a presenciar situações extremamente tristes, incluindo discussões dolorosas e palavras ditas em momentos de raiva. Meu pai, que antes sempre foi um homem equilibrado, começou a demonstrar nervosismo como eu nunca havia visto. Pouco depois, foi a vez do meu irmão mais novo perder tudo devido ao vício. Ele também foi acolhido na casa do meu pai, mas, infelizmente, ambos os irmãos acabaram por roubar meus pais em algumas ocasiões.
Minha mãe ficou desorientada, sem saber o que fazer. Eu sentia meu pai cada vez mais cansado, irritado e abatido. Ele começou a emagrecer visivelmente, passava muito tempo no banheiro, estava pálido e impaciente. A partir daí, insisti para que ele procurasse um médico, pois sabia que algo não estava normal.
Com muita pressão, ele aceitou fazer os exames, mas optamos pelo atendimento particular devido à demora no SUS. Foi necessário pagar consultas e exames para que o diagnóstico fosse feito rapidamente. Então, em novembro de 2024, veio a notícia devastadora: meu pai foi diagnosticado com câncer no intestino grosso, já com metástase no fígado.