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  • Daiane. - Câncer de Pâncreas
    Preste atenção aos seus sintomas, procure sempre um médico. Não deixe para depois, pode salvar sua vida.

 

No início parecia tudo tão normal, minha mãe teve uma pequena alergia. O corpo dela ficou com muitas “pipoquinhas”, mas por ironia do destino ela não queria ir ao médico. Ficou uns 15 dias assim, de tanto insistir acabou indo, mas a médica que a atendeu na UPA receitou apenas um antialérgico. 

Só que não era só uma alergia, uma semana depois ela começou a ficar amarela. Todo seu corpo amarelo, seus olhos ficaram amarelados também. Fomos em outro médico no posto de saúde. Ele disse que poderia ser leptospirose ou dengue.

Fizemos os exames no mesmo dia, os resultados demoraram para sair, no outro dia fizemos mais uma bateria de exames, também com prazo de três ou quatro dias para os resultados. Foi então que resolvemos ir numa clínica fazer uma ultrassom. O médico que nos atendeu já mencionou que havia algo impedindo a bílis dela de funcionar, que teríamos que correr. Voltamos para a UPA e  ficamos dois dias aguardando no banco de leitos para algum hospital que tivesse vaga próxima a nossa cidade para conseguir ter um diagnóstico correto, até que conseguimos vaga para o Hospital do Rocio em Campo Largo e lá fomos nós sem nem imaginar por tudo que passaríamos.

Fizeram vários exames e descobriram que ela estava com um tumor no pâncreas, por isso a bílis parou de funcionar. A primeira cirurgia foi a colocação de um dreno para a retirada de todo o líquido da bílis que estava correndo para a corrente sanguínea.

Voltamos para a casa, alguns dias depois ela começou a ficar muito fraca, não conseguia comer e começou a desmaiar. Voltamos para consultas duas vezes e ela cada vez mais fraca, até que internação para a cirurgia e mais uma surpresa, ela estava muito fraca, pois o rim dela havia parado de funcionar e ela precisava de uma vaga urgente na UTI pra fazer hemodiálise. Uma semana na UTI até a recuperação do rim e enfim  a cirurgia. Graças ao bom Deus a cirurgia foi um sucesso ela fez a cirurgia de whipple que retira um pedaço do pâncreas, estômago, intestino grosso fino, fígado e vesícula. Foram 21 dias na UTI até a volta para casa. 

Um mês depois voltamos para a consulta e mais uma surpresa, eles não conseguiram tirar todo o tumor e a médica nos deu o resultado da biópsia de que  o tumor era maligno. Neste momento vi a tristeza nos olhos da minha mãe, mas ela nunca me falou nada e nem tocava no assunto e começamos o tratamento. Foram 30 sessões de quimioterapia e 25 sessões de radioterapia. Quando ela achava que ia ser liberada das quimioterapias, o tumor ainda mostrava que estava presente e teve que iniciar com nova medicação. 

Eu nunca imaginei que esse seria o fim dela, dias antes dela iniciar o novo tratamento o intestino dela parou de funcionar fomos ao hospital. Ela ficou hospitalizada alguns dias, fizeram lavagem e mandaram para casa dizendo que na tomografia mostrava fezes paradas no intestino. Então ela fez esse primeiro novo ciclo de quimioterapia. No dia que ela começou o novo ciclo a barriga dela já começou a inchar. O intestino dela não funcionava, a médica receitou óleo mineral para ela tomar e ela com barriga cada dia mais inchada e com vômitos e não queria ir ao hospital de jeito nenhum.

No dia 20/12/2023 a convenci a ir ao hospital, a médica que atendeu dizia que ela  estava com uma hérnia, que isso que estava resultando nos vômitos e ninguém me explicava o motivo do intestino não funcionar. Já era dia 25 e nada dela melhorar. A barriga continuava cada dia mais inchada e dura (e com vômitos colocam uma sonda para esvaziar o estômago dela para ela não vomitar e ela continuava vomitando). 

No dia 26/12, a surpresa, a  levaram para a sala de cirurgia e a médica veio me falar que o tumor tinha entrado em metástase e tinha atingido o estômago dela, que por isso ela vomitava tanto. Para mim foi um choque, eles estavam tentando com as medicações, não resolveu e a cirurgia era a última esperança deles. 

Neste momento eu já saí chorando pelos corredores do hospital. Ela fez a tal cirurgia, aparentemente passava bem e foi direto para a UTI. No dia 26/12 recebi uma ligação no meu celular que era do hospital. Falaram que precisavam urgente de todos os familiares. A médica disse precisar falar conosco nesse momento, eu entrei em choque, e de onde nós moramos até o hospital do Rocio demora 2 horas o trajeto.

Chegamos no hospital inconsoláveis, achando que tinha acontecido o pior. A médica veio conversar conosco e nos comunicou que de fato o tumor havia se espalhado, que durante a cirurgia não puderam fazer nada para amenizar a evolução do tumor que somente haviam colocado uma sonda no jejuno para ela se alimentar e que ela não poderia nunca mais se alimentar pela boca, somente pela sonda.

O tumor havia trancado todo o estômago dela e falaram que ela poderia viver um mês, uma semana ou apenas alguns dias. Eu senti arrancaram um pedaço de mim, eu a acompanhei desde início e nunca queria ter recebido uma notícia como essa. 

No dia 30/12, durante a visita, ela estava com a sonda no estômago para evitar que começasse a vomitar para ver se conseguiam dar alta. Nesse dia ela estava muito agitada e ansiosa, pedia para eu colocar ela sentada na cama e eu a explicava que não poderia.  Ela me pediu um abraço e eu pedi ao enfermeiro e ele deixou abaixou a grade da cama e eu a abracei. Foi o melhor abraço que dei em minha vida, alguns minutos depois ela começou a vomitar muito o médico veio até nós e disse que isso não poderia ter acontecido, que não teria como ela ir para casa, que os remédios não estavam conseguindo controlar. Nesse dia eu senti que ela se despediu de mim e do meu esposo. Eu saí da UTI para ele entrar, ela pediu para ele cuidar de mim. Ele já estava chorando, ela falou a ele que não queria que a gente chorasse ou sofresse por ela. 

No outro dia minha irmã foi visitá-la na UTI, ela estava muito fraca e disse: amanhã eu vou embora. No 01/01/2024 mais um susto, quando eu cheguei na UTI ela já não falava mais, o tumor tinha tomado conta, estava sufocada, não estava conseguindo respirar falou umas duas palavrinhas somente e o médico novamente me chamou para conversar. 

Ele falou que eles não tinham mais o que fazer por ela além de pedir a Deus que cuidasse bem dela.  Disse que eles apenas estavam dando remédios para amenizar a dor dela, que daquele momento em diante dependerá da vontade de Deus o tempo que ela tinha. 

No dia 02/01 minha irmã conversou com o médico, ela estava cada vez pior e só tinha mais algumas horas de vida. E foi assim, 00:10 minha mãe faleceu, uma mulher forte dedicada batalhadora, se esforçou muito para nos criar, se dedicou muito em seus estudos. Era uma das melhores professoras que conheci, um exemplo de pessoa, nunca teve vício nenhum, não era obesa e somente se alimentava com as verdurinhas que plantava em sua horta. Ela foi levada por essa doença traiçoeira aos seus 54 anos - Bernadete AP B Ferreira 03/01/2024. 

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