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  • C.C.S. - Câncer de Mama
    "Câncer de mama gestacional com metástase cerebral."

Vou compartilhar com vocês a história da minha linda cunhada Jaqueline de Oliveira, conhecida como Jack, uma mulher linda e guerreira aos 41 anos, ela nos deixou e um vazio grande tomou conta da nossa família. 


Mãe de dois filhos adultos e com 24 anos de casada, ela teve uma gravidez tubária, logo em seguida engravidou novamente e no banho percebeu um caroço no seio que doía quando apertava, foi ao postinho encaminhada ao tratamento, tudo muito rápido, foi fazer a biópsia para saber tudo sobre o tumor. 


No dia da biópsia ela chegou em casa com dores forte e o seio foi inchando e ficou do tamanho de uma bola de futebol e ela chorou toda noite, com febre e muita dor, segurando na mão de seu esposo, pensou que aquele seria seu último dia, no outro dia voltou a médica e a resposta tão temida foi ouvida um câncer de mama super agressivo grau IV maligno. 


No mesmo dia foi fazer quimioterapia e resposta imediata o seio voltou ao tamanho normal a resposta foi perfeita. Lembro-me da alegria dela, de como ela era mais forte que eu, eu chorava e ela brigava. Ela se aproximou mais de Deus e nesse processo fez a retirada da mama e dos linfonodos continuou com a quimioterapia, grávida teve a bebê, tudo muito perfeito o único efeito do tratamento foi a queda de cabelo e a pele manchada, o resto ela tirou de letra, ia pra feira bater perna depois da quimioterapia, era inacreditável, que mulher forte meu Deus.


 Tudo se encaminhando bem a paz a esperança da cura o sucesso do tratamento a resposta do organismo era tudo bom demais pra ser verdade. Após a neném nascer ela continuou com as quimios e fez as radioterapias como prevenção de recidiva e enfim "curada". Um ano se passou e ela já estava voltando à vida normal feliz tinha terminado a tão sonhada faculdade, filha pequena e a vida pela frente, mas o câncer é cruel ele não foi embora ele se escondeu, e fazendo seus afazeres de casa ela desmaiou. Foi fazer seus exames de acompanhamento e nada foi constatado. Ela insistiu muito para viajar, queria ver o mar, queria comemorar a cura e fizemos um esforço e viajamos em dois carros para Maceió, saímos de Brasília e logo que chegamos na Bahia começaram as dores de cabeça acompanhada de vômitos e sensibilidade à claridade.


 A viagem era pra ser 20 dias ficamos 12 dias porque as dores eram muito fortes, na UPA  a médica mandou a gente vir embora pra Brasília e procurar a oncologista dela, eles acreditavam que seria apenas uma enxaqueca. Viemos parando em toda cidade que tinha UPA ela tomava medicação na veia pois o oral não fazia efeito. 


Como eu me sentia incapaz,  eu a via sofrendo e não podia fazer nada, o sofrimento de desespero e medo, meu Deus chorando escrevendo aqui agora. Chegamos em Brasília e já no outro dia meu irmão, marido exemplar levou ela para médica que fez um pedido de tomografia de crânio e como sempre no SUS tava tudo quebrado meu irmão pagou do bolso fez o exame. O resultado assustador, dois tumores cerebrais (metastático de mama), a Dra. mandou ela para casa, para passar uma semana sendo controlado a dor com dexametasona e analgésicos. Na semana seguinte ela foi internada para fazer uma neurocirurgia no hospital de base de Brasília. O tratamento foi perfeito, fomos auxiliados em tudo pela Dra. Ludmila Thommen que cuidou do tratamento mamário, nos auxiliava em tudo até o whatsapp pessoal ela nos deu para tirar dúvidas. 


A cirurgia foi um sucesso quando veio da UTI e já veio na cadeira de rodas conversando. Ah que alegria a gente vibrou sem sequelas, o médico veio e disse que só tinha retirado um tumor e que o outro não mexeu porque estava muito profundo e teria sequelas muito graves, ele ficou sem acreditar como ela tava bem, isso foi numa terça feira, ele disse que na sexta-feira ela teria alta. Quando foi sexta-feira pela manhã ela foi banhar e sentiu a perna direita doendo muito e perdendo o equilíbrio, a enfermeira veio e mediu a temperatura e uma febre apareceu. Ela já não conseguia ir ao banheiro sozinha, colocamos fralda e pensamos que a febre era infecção de urina, oh engano.


 Era o câncer que sangrava dentro do cérebro, paralisando e acabando com tudo. Sábado ela passou bem, sentindo dores de um lado do corpo e a febre indo e vindo.No domingo após a visita ela teve uma convulsão e eles medicaram. 

Eu fui dormir lá, quando cheguei percebi que ela roncava muito e não era normal, fiquei de olho e na hora da janta ela não acordou de jeito nenhum, eu fui no corredor e chamei uma médica lá e ela entrou no quarto e nem tocou nela, falou que era normal da medicação chamei ela mais três vezes e ela fez pouco caso não olhou e a minha cunhada já estava em parada. 


Eu dobrei meu joelho no chão e pedi senhor me ajuda,  na hora a melhor enfermeira entrou no quarto eu falei socorro ela não tá bem, ela já abriu a camisola e ela não tinha batimentos foi 40 minutos de ressuscitação e eu chorando o Neurologista dela saiu, e conversou comigo explicou que ela iria pra UTI e pra eu ir pra casa que ela era forte que ele iria nos ajudar. 


Foi uma das piores noites da minha vida, minha cunhada, minha amiga, minha companheira, morrendo na minha frente e eu não pude fazer nada. Fui pra casa e fiquei esperando o dia nascer pra poder saber notícias. E às sete horas da manhã do dia 09/03/2020 o Senhor colheu a flor mais linda do nosso jardim, meu Deus que dor, que tristeza. Ela teve mais uma parada e não resistiu. Estou escrevendo como desabafo e como uma forma de eternizar minha amada cunhada Jaqueline, tenho muito orgulho de você, lutou até o fim. 


Era ela que dava força pra gente quando a gente desabafava e ela falava para de desespero  e se Deus fizer Ele é Deus, se não fizer continua sendo Deus. Agradeço a equipe médica do HUB e do hospital de base de Brasília pelo cuidado com a nossa família. Ao meu irmão por nunca abandoná-la, que ele era um dos poucos maridos que estava presente no tratamento, foi guerreiro e forte. E a Jack eu agradeço por cada noite acordada no hospital ouvindo suas histórias, por cada bronca por tudo. Cuide de quem você ama que a dor da perda é muito grande. Em breve nos encontraremos.