O câncer me deu superpoderes - Me fez apaixonar pelo meu corpo

Seis longos meses e o mesmo ritual: após levantar e fazer xixi, tiro a roupa e subo na balança. Hoje, ela já marca 66,5 Kg. Isso significa que perdi 22 Kg desde o diagnóstico de câncer de mama! E pensar que fiz tudo isso sem um dia de dieta, apenas  pelo simples fato de amar meu corpo e como ele mudou após o câncer.

Nunca fui gordinha quando criança e nada havia de errado em meu corpo até engravidar do meu primeiro filho, onde fiquei com excesso de peso. Para desgosto de minha mãe, o meu ginecologista não ficou alarmado quando ganhei 38,5 quilos na gravidez e passei a ganhar ainda mais peso nas minhas duas gestações subsequentes. Apesar de tentar alguns programas de perda de peso, eu nunca emagreci.

Durante as longas semanas do meu tratamento radioterápico, descobri porque minhas dietas anteriores falharam: quase tudo foi da minha cabeça!

Eu costumava pensar que estava sozinha na luta contra o câncer. Uma vez, confrontei essa negligência de responsabilidade e removi o véu que se mantinha frente a minha vida. Foi então que me dei conta de que o câncer não havia acontecido só para mim. Percebi que tinha o poder de controlar minha mente e, junto ao bom senso resolvi mudar minha dieta e estilo de vida por conta própria. O resultado não poderia ser outro: mudei minha vida... Para melhor!

Tenho consciência de que a obesidade aumentou o meu risco de câncer e que, se ficasse com meus 90 Kg, as estatísticas também indicariam que isso dobraria o risco de uma recidiva. Uma vez livre do pensamento de ter-me negligenciado, comecei a dissecar cada polegada do meu corpo para descobrir as origens do meu diagnóstico. Explorei a genética, metabolismo, dietética, ambiente fatores físicos e emocionais que levaram à minha doença, e assim, tomei a decisão de mudá-los.

Durante esse longo processo de auto avaliação, concentrei-me em minha anatomia incrivelmente complexa e passei a tornar agradável cada parte dela. Quanto mais tempo passava a meditar sobre o assunto - e examinando meu corpo - mais me apaixonava por cada célula, sistemas, músculos e especialmente o meu inchado, queimado, dolorido peito esquerdo. Fiquei confortável com o meu "eu exterior", mesmo com a flacidez da parte interna de minha coxa que se irritava ao meu caminhar. Pela primeira vez na minha vida estava confortável com o tamanho 42 de meus seios. Esse novo amor "achado" trouxe também em minha vida sentimentos como respeito e gratidão, e isso foi imprescindível neste processo de querer mudar minha alimentação e praticar atividade física, além de aprender técnicas para reduzir todo estresse que sentia. Compreendi que precisava cuidar melhor do meu corpo, uma vez que eu mesma, no antigo modelo de estilo de vida, o tornei doente.

Não achei que eu iria chegar a esse nível de amor por mim, mas aprendi que tudo é possível e as coisas são imprevisíveis depois de ter câncer. Minha intenção era ter uma vida mais saudável e isso significava que precisava acreditar que não era tão impossível mudar meus hábitos alimentares, fazer exercícios físicos e manter um determinado nível de saúde mental. Parte disto fez parte de um processo de me educar. Comecei a ler livros e artigos sobre alimentos que combatiam o câncer e outras doenças. Marquei consulta com um nutricionista, iniciei um programa de condicionamento físico e comecei a fazer terapia.

Comecei a me preocupar com a qualidade dos alimentos que ingeria e passei a comprar produtos orgânicos. Minha pesquisa me guiou a abraçar alimentos que combatem o câncer no nível celular, como vegetais verdes (especialmente aqueles crucíferos), feijão, cogumelos e cebolas. Cortei ou reduzi drasticamente alimentos que provocam doenças, como amidos refinados e carboidratos, açúcares, laticínios, produtos animais e óleos. Aprendi a gostar de fazer compras no supermercado. Meu desejo hoje é manter o foco e desfrutar da comida que estou comprando. Quando vou às compras, quero que seja uma tarefa alegre e gratificante de escolha de alimentos nutritivos que nutram e principalmente curem meu corpo. E o mesmo também vale ao preparar as refeições, permitindo-me desfrutar plenamente a cozinha e os sabores. Estou comendo conscientemente, observando cada mordida e vendo como todo esse processo ajuda o meu corpo.

Quando como fora, minha mente pode sugerir um frango à parmegiana, mas o meu coração ordena no lugar disso um salmão cozido com legumes. Eu gosto do salmão tanto quanto ou até mais, porque sei que comer isso me ajuda muito, ao invés de me machucar.

Vou tentar novos alimentos, como as sardinhas e seus benefícios para a saúde. Antes pensava que as sardinhas eram totalmente sem graça. Eu nunca sequer tinha experimentado uma, mas fiz isso pensando no benefício do meu corpo. Cortei-as como se faz com o atum, coloquei um pouco de mostarda e cebola picada. Espalhei sobre uma fatia de pão de forma com rúcula por cima. E adivinhem, ficou ótima! Mas será que a sardinha poderia realmente ter um gosto bom ou o meu novo e intenso amor que influenciou minha mente para comer com facilidade e alegria?

De qualquer maneira, não importa - desde que a o sabor da sardinha seja muito melhor do que a gente sente com o câncer de mama.

Por H.B.
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