Câncer de Mama Inflamatório
O câncer de mama inflamatório é raro e representa de 1 a 5% dos cânceres de mama. Embora seja frequentemente um tipo de carcinoma ductal invasivo, difere de outros tipos de câncer de mama em relação aos sintomas, prognóstico e tratamento. O câncer de mama inflamatório apresenta sintomas de inflamação, como inchaço e vermelhidão que são provocados por células cancerígenas que bloqueiam os vasos linfáticos na pele, fazendo com que a mama fique distendida.
O câncer de mama inflamatório difere dos outros tipos de câncer de mama de várias maneiras:
- O câncer de mama inflamatório não parece um câncer de mama típico. Muitas vezes, não apresenta um nódulo e pode não aparecer na mamografia, o que dificulta o diagnóstico.
- O câncer de mama inflamatório tende a ocorrer em mulheres mais jovens.
- As mulheres negras parecem ter um risco aumentado em relação às mulheres brancas.
- O câncer de mama inflamatório é mais comum entre mulheres obesas.
- O câncer de mama inflamatório tende a ser mais agressivo, cresce e se dissemina mais rapidamente do que os tipos mais frequentes de câncer de mama.
- O câncer de mama inflamatório está sempre em um estágio localmente avançado quando é diagnosticado porque as células cancerígenas se desenvolveram na pele. Isso significa que se encontra pelo menos em estágio III.
- Na maioria dos casos, o câncer de mama inflamatório já está disseminado no momento do diagnóstico, o que torna mais difícil o tratamento.
- Mulheres com câncer de mama inflamatório tendem a ter um prognóstico pior do que as mulheres com outros tipos frequentes de câncer de mama.
Sinais e sintomas do câncer de mama inflamatório
O câncer de mama inflamatório provoca uma série de sinais e sintomas, a maioria dos quais se desenvolve rapidamente e podem começar simultaneamente, podendo incluir:
- Espessamento da pele da mama.
- Vermelhidão em mais de um terço da mama.
- A mama pode se tornar mais rígida.
- Alteração da textura da pele da mama (similar a casca da laranja).
- Inversão do mamilo.
- Inchaço de modo que uma mama pareça maior que a outra.
- Aumento da temperatura da mama.
- Aumento do peso da mama comparado com a outra.
- Dor e coceira na mama.
O eritema, calor e prurido são sintomas comuns de infecção ou inflamação da mama, assim como a mastite se a mulher estiver grávida ou amamentando. Como esses problemas são muito mais frequentes do que o câncer de mama inflamatório, o médico pode, inicialmente, suspeitar que a causa seja uma infecção e tratá-la com antibióticos.
Esse pode ser um bom primeiro passo, mas se os sintomas não melhorarem dentro de 7 a 10 dias, será necessária a realização de exames para diagnosticar a causa. A possibilidade de ser um câncer de mama inflamatório deve ser considerada se a mulher que apresentar esses sintomas não estiver grávida ou amamentando, e se já passou a menopausa.
Se você apresentar algum desses sintomas, isso não significa que você tenha câncer de mama inflamatório, mas que você deve consultar um médico imediatamente para que a causa seja diagnosticada e, se necessário, iniciado o tratamento.
Diagnóstico do câncer de mama inflamatório
Exames de imagem
Se existe suspeita de um câncer de mama inflamatório, um ou mais dos seguintes exames de imagem podem ser realizados:
- Mamografia
- Ultrassom da mama.
- Ressonância magnética da mama.
Biópsia
O exame físico e outros exames podem levar à suspeita de câncer de mama inflamatório mas será necessária a realização de uma biópsia para a confirmação diagnóstica da doença. A biópsia consiste na retirada de uma pequena quantidade de tecido para exame ao microscópio. A amostra removida durante a biópsia é analisada por um patologista, médico especializado na interpretação de exames laboratoriais e avaliação de células, tecidos e órgãos para diagnosticar a doença. Se células cancerígenas estão presentes, o patologista determinará o tipo de câncer a que corresponde.
Testes nas amostras de biópsia
As células cancerígenas da amostra de biópsia também serão verificadas para determinadas proteínas que ajudarão a decidir quais tratamentos serão úteis. As células serão testadas para os receptores hormonais. As mulheres cujas células de câncer de mama possuem receptores hormonais provavelmente se beneficiarão de tratamento com medicamentos de hormonioterapia. As células cancerígenas também serão testadas para ver se contêm a proteína HER2/neu.
Estadiamento do câncer de mama inflamatório
Todos os cânceres de mama inflamatórios começam no estágio III (T4dNXM0), pois já acometem a pele. Se o tumor se disseminou para outros órgãos se trata do estágio IV.
Taxa de sobrevida para o câncer de mama inflamatório
O câncer de mama inflamatório é considerado um câncer agressivo porque cresce rapidamente e é provável de já estar disseminado no momento do diagnóstico, além da probabilidade de recidivar após o tratamento comparando com a maioria dos outros tipos de câncer de mama. O prognóstico geralmente não é tão bom como a maioria dos outros tipos de câncer de mama.
A taxa de sobrevida em 5 anos se refere à porcentagem de pacientes que vivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico da doença. A taxa de sobrevida não prevê quanto tempo cada pessoa viverá, mas permite entender a probabilidade de sucesso do tratamento.
As taxas de sobrevida são baseadas em resultados anteriores de um grande número de pessoas que tiveram a doença, mas não se pode prever o que vai acontecer no caso específico de uma paciente. Essas estatísticas podem ser confusas e podem gerar dúvidas, portanto converse com seu médico, só ele tem amplo conhecimento de seu caso e poderá dizer como esses dados se aplicam ao seu caso em particular.
A taxa de sobrevida relativa compara as pessoas com um determinado tipo e estágio de câncer na população geral. Por exemplo, uma taxa de sobrevida de 70% em 5 anos significa que cerca de 70 em cada 100 pacientes com esse tipo de câncer ainda estarão vivas 5 anos após serem diagnosticadas. Mas, saiba que muitas dessas pacientes vivem mais do que 5 anos após o diagnóstico.
Os números abaixo são do banco de dados do Instituto Nacional de Câncer Americano (SEER - Surveillance, epidemiology, and end results), que rastreia as taxas de sobrevida em 5 anos para o câncer de mama. No entanto, esse banco de dados não agrupa os cânceres pelo sistema de estadiamento TNM, da AJCC e, sim como:
- Localizado. Não existe sinal de disseminação da doença.
- Regional. O tumor se disseminou para estruturas próximas ou linfonodos.
- À distância. O tumor se disseminou para outros órgãos, como pulmões, fígado ou ossos.
Os dados abaixo estão baseados em mulheres diagnosticadas com câncer de mama inflamatório entre 2009 e 2015.
Estágio SEER |
Taxa de Sobrevida em 5 anos |
Regional |
52% |
À distância |
18% |
Todos os estágios SEER |
39% |
Observações sobre as estatísticas acima:
- As mulheres diagnosticadas atualmente com câncer de mama inflamatório podem ter um prognóstico melhor do que mostrado nos dados acima. As recentes melhorias nas técnicas de tratamento podem resultar em um prognóstico mais favorável para as pacientes que estão sendo diagnosticadas e tratadas atualmente.
- Essas estatísticas estão baseadas no estágio do câncer no momento do diagnóstico.
- Essas estatísticas não levam em consideração outros fatores, como idade, estado geral de saúde e como a doença responde ao tratamento, que podem afetar o prognóstico da paciente.
Tratamento do câncer de mama inflamatório
O câncer de mama inflamatório que não se disseminou além da mama ou para os linfonodos próximos corresponde ao estágio III. Na maioria dos casos, o tratamento é quimioterapia para reduzir o tamanho do tumor, seguida de cirurgia para retirar o tumor. A radioterapia é administrada após a cirurgia e, em alguns casos, pode ser seguida de mais quimioterapia. Como o câncer de mama inflamatório é muito agressivo, a cirurgia conservadora e a biópsia do linfonodo sentinela geralmente não estão indicadas.
O câncer de mama inflamatório disseminado (estágio IV) é tratado com quimioterapia, hormonioterapia e/ou terapia alvo.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 20/09/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.