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  • Nara Regina Franco de Andrade - Câncer de Mama
    Hoje é possível sim, passarmos por todo o tratamento com a auto estima preservada, usarmos toda a sorte de lenços, chapéus, make e manicure sempre em dia, cheirosas e no salto!
Em set de 2010 perdi meu companheiro, esposo, amigo, amante, amor de quase 6 anos (aquele cara que o Roberto Carlos canta!), e, em seguida, em novembro fui diagnosticada com um severo câncer de mama, um tumor de mais de onze centímetros! Eu estava envolvida com a saúde precária dele e o meu trabalho e não sentia absolutamente nada e, mesmo com todos os exames em dia me deparei com esse alarmante diagnóstico! No meu caso não tive condições de trabalhar e olha que sou profissional liberal, na real, eu faço o meu salário, mas não deu, não consegui! De cara foi preciso entrar em um protocolo de pesquisa, me submeter a uma bateria de exames para posteriormente receber aleatoriamente uma medicação (06 quimios semanais) para redução do tumor e, somente depois poder ser realizada a cirurgia. Após a cirurgia, foi necessário a colocação do cateter devido ao esvaziamento axilar e estado das veias, e em seguida começaram-se os trabalhos: fiz 02 ciclos de 4 quimios cada, e tive TODA A SORTE DE EFEITOS COLATERAIS POSSÍVEIS pela minha baixa imunidade e debilidade advinda da perda, inclusive, em algumas vezes as sessões tiveram que ser adiadas até que eu melhorasse. Tive várias infecções urinárias, crise de diverticulite, dores agudíssimas de cabeça, enjôos, vômitos, muitas dores no corpo, etc. MAS SEMPRE MANTIVE A ESPERANÇA DE QUE ME RECUPERARIA. Depois dessas 08, vieram as 28 sessões de radioterapia e posteriormente as 18 doses de Herceptin (também via cateter), tendo em vista eu ser HER2+. O Herceptin é um medicamento que tem como substância ativa o Trastuzumabe, que é um anticorpo monoclonal que promove uma "terapia-alvo", uma vez que ele tem a capacidade de atingir exclusivamente as células doentes, preservando as sadias. Uma medicação vital e caríssima, indispensável para quem tem esse tipo de tumor uma vez que ela consegue controlar o avanço da doença e evitar metástases. Paralelamente a tudo isso, da cirurgia até o final das sessões de radioterapia, vieram as sessões de fisioterapia que se estenderam até novembro de 2011! Soube respeitar a minha fragilidade e ouvi meu organismo sempre, só trabalhei depois de terminado o tratamento inicial. Mas, antes que todos (as) queiram cortar os pulsos com esse meu relato, eu quero lhes dizer que como nenhum sofrimento dura pra sempre, em março de 2012, eu fui convidada pela Dra. Maira Caleffi, minha mastologista abençoada, a participar de um Intercâmbio de Empoderamento Feminino nos EUA, representando o Instituto da Mama do RS! Tudo em razão de uma parceria do instituto com o governo americano!!! Fui ainda em tratamento com o Herceptin, algum cabelo e muita coragem! Sou natural do Brasil, mas sem dúvida, renasci naquele país realizando um sonho de adolescente! Pude conhecer mulheres fantásticas que se realizam fazendo a diferença nos seus países e tudo o mais sobre nosso universo nas mais diversas searas! Foi simplesmente demais!! Sem dúvida um dos melhores presentes que essa minha nova vida me deu! Ao retornar desta mágica viagem, fiz minha reconstrução mamária e na mesma oportunidade retirei da outra mama dois nódulos que surgiram. Depois de restaurada a mama, é necessário aceitarmos nossa nova condição já que algumas limitações advém disso tudo e por isso é necessário não deixarmos que essa cicatriz mascare nossa essência. Temos muito mais a mostrar de nós mesmas depois desse tsunami que passa por nossas vidas, do que pode retratar uma mama sem mamilos e/ou com cicatrizes. Hoje é possível sim, passarmos por todo o tratamento com a auto estima preservada, usarmos toda a sorte de lenços, chapéus, make e manicure sempre em dia, cheirosas e no salto! Eu mesma fiz isso, mesmo depois de tudo o que me aconteceu! E digo de cátedra, fez uma enorme diferença não só pra mim quanto para a minha família, principalmente para o meu filho e porque não dizer para as demais colegas de tratamento, que me viam e se inspiravam em mim pra conseguirem se sentir melhores. Ressalto que é essencial cuidarmos da alimentação durante esse período devido aos efeitos colaterais e, na medida do possível, se faz necessário também fazermos uma atividade física e ainda, procurarmos fazer algo que nos dê momentos prazerosos , tipo passeios, um cineminha, um chá com as amigas,um artesanato para quem gosta, enfim algo que nos fortaleça para a próxima batalha é sem dúvida um importante aliado! Hoje quando eu falo que fui abençoada com essa doença que me "salvou do coma" em que eu vivia, ampliando o meu campo de visão, agora em 360 graus, e assim me tornando uma pessoa melhor, as pessoa não entendem. Acontece que aquele diagnóstico inicial, que para muitos parece ser uma sentença de morte, me alforriou para a vida de uma forma plena. E tenho certeza de que só consegui vencer essa batalha porque tive uma equipe médica competente, um incondicional apoio de toda a minha família e muita fé. Meu filho Vittório e minha cunhada Rosa Maria, foram essenciais no meu restabelecimento, me deram foco, esteio e segurança. Se hoje me sinto mais capacitada, decidida, corajosa e feliz, devo isso principalmente a eles. O câncer de mama veio para reescrever minha história! Hoje, tenho plena consciência da minha responsabilidade como mulher e cidadã. Do diagnóstico até os primeiros fios de cabelo caírem nossa ficha vai caindo aos poucos e vai depender do nosso estado anímico a suportabilidade de todo o resto que esta por vir. Temos que arranjar um meio de fazer do limão uma doce limonada! É a vida se fazendo presente e em busca da nossa resposta... garanto que é possível... depende de nós. Me sinto muito bem em poder dar meu testemunho sempre que possível, e quem sabe ajudar a tantas mulheres que passam por esse período de mutação! Hoje sou voluntária atuante no IMAMA e a disposição da instituição para tudo o que for relacionado à causa. De alguma maneira temos que reverter esses alarmantes índices e desmitificar o câncer como sendo aquela palavra não pronunciada do tempo das nossas avós, algo incapacitante e irreversível. Façamos a nossa parte! Muita sorte, paz, luz e determinação para todos! FORÇA, FOCO E FÉ!!! Nara Regina Franco de Andrade 03 anos e 03 meses e 10 dias de recomeço de vida!! [email protected] Gravataí /RS
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