Sempre frequentei ginecologista/mastologista, mas o câncer apareceu logo após a consulta anual. Era março de 2023, um caroço pequeno me incomodou durante o banho e os dias seguintes foram de muita tristeza pra mim. 

Contei para os mais próximos, querendo buscar uma resposta negativa contra uma certeza que já habitava meu coração. Estava com câncer de mama. No dia 29 de maio, no estacionamento da escola onde trabalho, o resultado me impediu de descer do carro: carcinoma Invasivo não-especial grau III, triplo negativo. Desabei. Chorei. O coração disparou. O medo tomou conta. Não sei como saí do carro. 

Lembro-me de ligar para meu esposo e olhar para um painel na fachada da escola, no qual eu estava estampada abraçando meus filhos. Pensei no fim de tudo. Os dias se passaram e as noites eram longas. Minha família e eu começamos a ser mais práticos, paramos de olhar para o horizonte e passamos a enxergar a realidade que nos rodeava.

Adotamos com responsabilidade o lema de que só se você uma vez, por isso só ter raiva, só chorar, não mudaria a realidade. A vida é linda! Comecei a sorrir, a ser exemplo em meio à dor, ao sofrimento. Fiz da careca um estilo, apesar de temporário. Fortaleci-me. Encontrei na fé motivos pra continuar, minha família não duvida da minha cura. Ainda estou seguindo o tratamento neoadjuvante, que é quimioterapia antes da cirurgia, não temo o futuro. O pior já passou. Para hoje é levantar a cabeça, mas continuar a enxergar o chão que ainda tenho a percorrer. Não sinto mais medo, não me sinto mais doente. É uma fase, vai passar.