42% dos brasileiros associam o câncer a sentimentos negativos e morte
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para a incidência de câncer no Brasil em 2022 é de 625 mil novos casos, um número que pode assustar muitos brasileiros que temem a doença. Uma nova pesquisa realizada pelo Instituto Oncoguia com o Datafolha revelou que, quando questionados sobre o que vem à mente diante da palavra câncer, 42% dos brasileiros associam a doença à sentimentos negativos, incluindo “dor”, “medo”, “tristeza” e “morte”.
Os dados foram revelados na pesquisa "Percepções da População Brasileira sobre o Câncer", que foi apresentada na abertura do 12º Fórum Nacional Oncoguia, nesta terça-feira (26). Foram realizadas 2.099 entrevistas em 151 municípios brasileiros. O levantamento conta com um nível de confiança de 95%, com margem de erro de dois pontos percentuais.
“Ainda temos uma imagem mental muito forte do câncer associado à morte e a percepções negativas. Isso pode ser extremamente paralisante, impedindo que as pessoas busquem ajuda diante de algum sinal e sintoma e também que se afastem de alguém com câncer”, alerta a presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, durante palestra de abertura do evento.
Ainda segundo Luciana, quem é diagnosticado com câncer não está fadado à morte; isso irá depender do acesso à informação e dos cuidados com a saúde do paciente. A prevenção e o diagnóstico precoce são também extremamente importantes, além de formas de amenizar um possível diagnóstico da doença.
Outro dado levantado pelo estudo confirma algo já esperado: o câncer está cada vez mais próximo da população. De acordo com a pesquisa, oito em cada 10 brasileiros já tiveram algum conhecido com câncer e quatro em cada 10 já tiveram ou têm algum familiar com a doença.
A pesquisa ainda perguntou aos brasileiros quais, entre as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), devem ser as enfermidades priorizadas pelo governo e 63% por cento dos entrevistados escolheram o câncer como primeira opção. Diante da somatória dos 3 primeiros indicados, esse número sobe para 84%.
Em segundo lugar, com 8%, figura a preocupação da sociedade com o consumo abusivo de álcool e doenças cardiovasculares. "Estamos diante de uma população tocada e impactada negativamente pelo câncer, mas que compreende a sua relevância e pede ao governo que a priorize”, completa Holtz.
Matéria publicada pela revista Galileu em 27/04/2022
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