Terapia-alvo para leucemia mieloide crônica (LMC)

As células da leucemia mieloide crônica contêm um oncogene (BCR-ABL) que não é encontrado nas células normais. Este gene produz uma proteína a BCR-ABL, que faz com que as células da leucemia mieloide crônica cresçam e se reproduzam fora de controle. A BCR-ABL é um tipo de proteína conhecida como tirosina quinase. Os medicamentos que têm como alvo o BCR-ABL, conhecidos como inibidores da tirosina quinase, tornaram-se o tratamento padrão para a leucemia mieloide crônica.
 
Esses medicamentos parecem responder melhor na fase crônica da doença, mas também podem ajudar pacientes com leucemia mais avançada (fases acelerada ou blástica). Na maioria dos pacientes, os inibidores da tirosina quinase não curam a doença, por isso precisam ser administrados indefinidamente. Mas para alguns pacientes com boas e duradouras respostas ao tratamento, pode ser possível interromper o uso desses medicamentos, ou pelo menos diminuir a dose.
 
Esses medicamentos podem ter interações importantes com outras medicações, suplementos sem receita e até mesmo certos alimentos. Informe seu médico sobre tudo o que você está tomando, incluindo medicamentos sem receita, vitaminas e suplementos a base de ervas.
 
Os inibidores da tirosina quinase disponíveis que podem ser usados como primeira linha de tratamento da leucemia mieloide crônica incluem:

  • Imatinibe

O imatinibe foi o primeiro medicamento a ter como alvo a proteína tirosina quinase BCR-ABL. Quase todos os pacientes com leucemia mieloide crônica respondem ao tratamento com imatinibe e a maioria dessas respostas parece durar muitos anos. O imatinibe é administrado por via oral, como comprimido, geralmente uma vez por dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes podem incluir náuseas, diarreia, dor muscular e fadiga. Estes são geralmente leves. Alguns pacientes podem apresentar erupções na pele. A maioria destes sintomas pode ser tratada de forma eficaz.
 
Outro efeito colateral frequente é o acúmulo de líquido (edema) ao redor dos olhos, pés ou no abdômen. Em casos raros o líquido pode se acumular nos pulmões ou em torno do coração, podendo causar problemas respiratórios. Se estiver tomando este medicamento, informe seu médico imediatamente, caso note ganho de peso súbito, acúmulo de líquido em qualquer parte do corpo ou tiver problemas respiratórios.
 
Alguns pacientes podem, eventualmente, apresentar resistência ao imatinibe, que pode ser provocada por alterações nos genes das células com leucemia mieloide crônica. Às vezes essa resistência pode ser superada pelo aumento da dose de imatinibe, mas alguns pacientes podem necessitar trocar para um medicamento diferente, como um dos outros inibidores da tirosina quinase.

  • Dasatinibe

Dasatinibe é outro inibidor da tirosina quinase que tem como alvo a proteína BCR-ABL.
 
É administrado por via oral, uma vez por dia, com ou sem alimentos.
 
Dasatinibe pode ser utilizado como o primeiro tratamento para a leucemia mieloide crônica, mas também pode ser útil para pacientes que não podem tomar imatinibe devido aos efeitos colaterais ou porque o mesmo não está mais fazendo o efeito desejado.
 
Os possíveis efeitos colaterais do dasatinibe parecem ser semelhantes aos de imatinibe, incluindo acúmulo de líquido, diminuição das células sanguíneas, náuseas, diarreia e erupções cutâneas.
 
Um efeito colateral importante que pode ocorrer é derrame pleural. Este efeito é mais frequente em pacientes que tomam duas doses por dia da medicação. O líquido pode ser drenado com uma agulha, mas pode se formar novamente, exigindo que a dose de dasatinibe seja reduzida.

  • Nilotinibe

O nilotinibe é outro inibidor de tirosina quinase que tem como alvo a proteína BCR-ABL. Esse medicamento pode ser usado como primeiro tratamento para leucemia mieloide crônica e também é usado em pacientes que não podem usar imatinibe ou que já não respondem a ele.
 
É administrado por via oral. O paciente não pode comer qualquer coisa 2h antes e 1h após ingerir o nilotinibe.
 
Os efeitos colaterais do nilotinibe parecem ser leves, mas podem incluir acumulo de líquido, diminuição das taxas sanguíneas, náuseas, diarreia, erupção cutânea e algumas alterações nos exames bioquímicos.
 
Esse medicamento também pode afetar o ritmo do coração, causando a chamada síndrome QT longo, por esse motivo os pacientes devem ser monitorados periodicamente com eletrocardiograma. O problema cardíaco pode, às vezes, ser provocado devido ao nilotinibe interagir com outros medicamentos ou suplementos, por isso é importante informar seu médico sobre quaisquer medicamentos que estiver usando, incluindo medicamentos sem receitas e suplementos.

  • Bosutinibe

Bosutinibe é outro inibidor de tirosina quinase que tem como alvo a proteína BCR-ABL. Ele pode ser usado como primeiro tratamento para leucemia mieloide crônica, mas na maioria das vezes é usado se outro inibidor não estiver respondendo.
 
É administrado por via oral, com alimentos, uma vez por dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes são geralmente leves e incluem diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, erupção cutânea, febre, fadiga e diminuição das taxas sanguíneas. Com menos frequência, esse medicamento também pode provocar retenção de líquido, problemas no fígado e reação alérgica. O médico verificará regularmente os resultados dos exames de sangue para determinar a presença de qualquer um desses problemas.

  • Ponatinibe

Ponatinibe é um inibidor da tirosina quinase que tem como alvo a proteína BCR-ABL. Devido aos riscos de alguns efeitos colaterais importantes, este medicamento é utilizado apenas para tratar pacientes com leucemia mieloide crônica, se todos os outros inibidores da tirosina quinase não responderem ou se as células leucêmicas têm uma alteração denominada mutação T315I. Ponatinibe é um inibidor de tirosina quinase que age contra células da leucemia mieloide crônica que têm essa mutação.
 
É administrado via oral, uma vez por dia.
 
A maioria dos efeitos colaterais são leves e podem incluir dor abdominal, dor de cabeça, erupção cutânea ou outros problemas de pele e fadiga. O aumento da pressão arterial também é bastante frequente, e pode ser controlado com medicamentos.
 
Existe também um risco de formação de coágulos sanguíneos que podem provocar ataques cardíacos e derrames ou tromboses em braços e pernas. O risco de coágulos sanguíneos graves é maior em pacientes mais velhos, principalmente naqueles com determinados fatores de risco, como pressão alta, colesterol elevado ou diabetes, e aqueles que já tiveram problemas cardíaco, acidente vascular cerebral ou má circulação.
 
Mais raramente, este medicamento também pode enfraquecer o músculo do coração, que leva a uma condição conhecida como insuficiência cardíaca congestiva. Também pode provocar problemas de fígado, incluindo insuficiência hepática, bem como pancreatite, que pode levar a dor abdominal, náuseas e vômitos.

  • Asciminibe

Asciminibe é um inibidor da tirosina quinase que tem como alvo uma área muito específica da proteína BCR-ABL. Este medicamento é usado no tratamento de pacientes com leucemia mieloide crônica em fase crônica se dois ou mais inibidores de tirosina quinase diferentes já tiverem sido testados ou se suas células leucêmicas tiverem a alteração genética denominada mutação T315I. O asciminibe é outro inibidor de tirosina quinase que age contra as células da leucemia mieloide crônica com a mutação T315I.
 
É administrado por via oral, uma ou duas vez por dia, dependendo da dose.
 
Os efeitos colaterais frequentes do asciminibe incluem sensação de cansaço, náusea, diarreia, dores articulares e musculares, erupção cutânea e infecção das vias aéreas superiores. Também pode provocar alterações nas taxas sanguíneas e na função renal.
 
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
 
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 24/11/2021, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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